Primeira escola a desfilar na terceira noite de ensaios técnicos do Grupo Especial, no último domingo, a Mocidade brindou o público presente na Sapucaí com uma apresentação correta com destaque para o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo Jesus e Bruna Santos, o excelente desempenho da “Não Existe Mais Quente”, de mestre Dudu, com o andamento característico da escola e alinhado a ótima apresentação do estreante Nino do Milênio. A evolução lenta nos cerca de 1 hora e 15 minutos pode ser alerta para o desempenho no dia de desfile oficial. A Mocidade levará para a avenida no domingo de carnaval o enredo “Terra de Meu Céu, Estrelas de Meu Chão”, desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Ferreira. * VEJA GALERIA DE FOTOS DO ENSAIO
Logo no esquenta, a Estrela Guia de Padre Miguel mostrou a que veio. O estreante intérprete Nino do Milênio entoou diversos clássicos da escola, como “Mãe Menininha do Gantois”, “Ziriguidum 2001” e “Vira Virou”. Antes do início do ensaio, o presidente da Mocidade, Flávio Santos, discursou em incentivo à comunidade da Vila Vintém.
“Nesses ensaios, o mais importante é canto, evolução e marcação de cabine. Graças a Deus não houve, pelo menos não tomei conhecimento, de nenhum espaçamento maior ou buraco. Mas, mesmo assim, no ensaio técnico isso não me preocupa muito não. O que me preocupa é marcação de cabine, porque é muito importante para o primeiro casal, comissão, bateria para saber a posição certa de parar. Isso a gente treina muito. O saldo foi muito positivo, porque o canto foi muito bom e a escola foi muito boa. Sempre é bom melhorar, mas o mais importante é a resistência da galera, até porque a partir desse momento, os ensaios serão com mais peso e estarão usando fantasia. A parte técnica chegou num ponto ideal. Depois do ensaio, eu procuro em sites como o CARNAVALESCO para analisar através dos vídeos e saber se tudo foi feito. A Mocidade não é improviso. O mais positivo foi a alegria do componente, mesmo após uma chuva torrencial que caiu na Zona Oeste, a escola veio em peso”, explicou Marquinho Marino, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
No ensaio técnico da Estrela Guia de Padre Miguel, o coreógrafo Paulo Pinna provou porque ganhou espaço no Grupo Especial do carnaval carioca. Na avenida, a comissão de fFrente da Mocidade levou 15 componentes, entre homens e mulheres, vestidos com roupas em tons de terra e verde, o que remete a retirantes nordestinos. Ao longo da apresentação, os componentes executaram movimentos muito expressivos, por vezes alinhados à letra do samba da escola, como na parte do “gente independente”, quando erguiam as mãos. A dança tinha dois pontos altos, no início e no final, quando um bailarino era erguido pelos demais. Durante toda a apresentação, os 15 componentes cantavam a letra do samba.
Mestre-Sala e Porta-bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mocidade, Diogo Jesus e Bruna Santos, foi o grande ponto alto da apresentação da escola no ensaio técnico. Vestidos em uma bela roupa no verde da escola, a dupla desenvolveu com maestria e muita sincronia a coreografia ensaiada, que alinhava momentos de muita garra, como nos belos e intensos giros da porta-bandeira Bruna, e leveza, como na coreografia em cima das partes da “Rainha Bonita” e do “Cangaceiro” na letra do samba-enredo da escola, que era cantado pelo casal ao longo da avenida. A dupla era ovacionada pelos setores em que passava na Sapucaí.
Na apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mocidade se deu em frente ao módulo de julgadores do setor 3, quando os guardiões do casal deram pouco espaço para a apresentação dos mesmos, o que foi bravamente superado por Bruna e Diogo. Já no segundo módulo da julgadores, a questão foi ajustada pelos componentes.
“É até emocionante falarmos sobre porque acho que, de todos os anos que desfilamos juntos, esse ensaio técnico foi o que mais dançamos. O samba, a bateria, a escola cantando… tudo ajudou. A nossa coreógrafa preparou tudo com muito carinho, fomos realmente lindos na Avenida. Foi muito bom, principalmente ao longo dessa porta-bandeira que transmite toda a sua garra na Sapucaí. Como eu disse antes do ensaio, dançar com a Bruna deixa o coração quente. Todo jogador gosta de ter a torcida ao lado. Na pandemia vimos os estádios vazios, e o jogo não tinha a mesma emoção. Sentimos exatamente a mesma coisa. Precisamos do público. Acredito que hoje, tanto a Mocidade quanto a Mangueira, vão deixar a Sapucaí sentindo saudades até semana que vem, quando as outras escolas também arrasarem”, disse o mestre-sala Diogo Jesus.
“Sempre temos algo para limpar e com certeza hoje mesmo a nossa coreógrafa vai dizer o que precisamos ajeitar, mas como o Diogo falou, posso ser até desumilde afirmando isso, ela criou uma coreografia excelente. É completamente alinhada e dentro do enredo, trazendo inovação sem deixar a tradição de lado. Espero que Deus possa abençoar o nosso desfile oficial como abençoou o ensaio técnico”, completou a porta-bandeira Bruna Santos.
Harmonia
Na avenida Marquês de Sapucaí, a comunidade de Padre Miguel provou mais uma vez sua força. No ensaio técnico da Mocidade Independente, o canto da escola foi bastante notado durante todos os momentos e setores. As alas “Colheita do Algodão”, no início e “Caçador do gato Maracajá”, mais pro final, foram destaques no quesito. O refrão do meio do samba da escola, que termina em “Quem foi que fez?/Foi Deus do barro” foi cantado a plenos pulmões pela comunidade.
“É difícil a gente avaliar pois estamos ali em ação, mas a impressão que eu tive cantando foi de um ensaio muito bom. A Mocidade é isso, essa cadência, não precisa correr, o samba é bonito e precisa ser cantado. Acho que conseguimos alcançar nosso objetivo hoje aqui. O mestre Dudu é um cara carinhoso, maravilhoso e quando a pessoa é assim, tem uma luz, você consegue trabalhar melhor. Eu e o Dudu conversamos muito, ensaiamos muito para colocar o samba no lugar e eu estou muito feliz pois estou vendo que conquistamos o objetivo. O sentimento é o melhor do mundo”, afimrou o intérprete Nino do Milênio.
Evolução
No quesito evolução, a Mocidade não apresentou graves problemas, como buracos ou alas emboladas. Entretanto, ao longo da apresentação da escola, o andamentoo das alas em alguns momentos se deu de maneira lenta, por vezes arrastada, o que culminou no grande tempo de ensaio. A questão pode ter sido uma estratégia da escola para simular o desfile oficial. De positivo, pode se destacar a leveza e animação de diversas alas da escolas, muito levada pelo leve andamento da bateria, como a ala “Papangu de Bezerros” e a ala de passistas da escolas, com uma bela roupa verde com estampas floridas.
Samba-Enredo
Composto por Diego Nicolau Cabeça Do Ajax, Gigi Da Estiva, Leandro Budegas, Orlando Ambrosio, Richard Valença e W Correa, o samba-enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel provou sua funcionalidade na avenida. O desempenho da obra foi impulsionado pelo ótimo desempenho de Nino Milênio em sua estreia na agremiação, juntamente ao seu carro de som e bateria de mestre Dudu, com o andamento típico das bandas de Padre Miguel. O refrão do meio da obra, do “Carro de Boi”, foi intensamente cantado pela comunidade da Zona Oeste.
Outros Destaques
A bateria “Não Existe Mais Quente” de Mestre Dudu mostrou, mais uma vez, um excelente desempenho na avenida. Durante a apresentação da escola, os ritmistas, que vestiam chapéus de cangaceiros, eram ovacionados pelo público da Sapucaí. O andamento leve, característica da escola, ajudou o desempenho do samba-enredo da Mocidade, que não cansou na avenida Marquês de Sapucaí. A bossa na parte do “Amassa” no samba foi um show à parte. A rainha de bateria, Giovana Angélica, apostou em uma bela roupa branca brilhante de cangaceira.
“Infelizmente só tem um né? Mas aproveitamos bastante e venho agradecer “papai do céu” por esse momento. A gente ensaia na comunidade, mas aqui é o local do jogo. Bom, só tenho a falar que a nossa bateria deu seu nome. A gente sabe que a nossa bateria é a mais esperada do carnaval carioca. Andamento perfeito. Não coloquei tudo e tem uma surpresa ainda. Isso é normal, é carnaval, é disputa. É um ensaio mas executei tudo que a gente vem fazendo no decorrer dos nossos ensaios. Quanto mais tempo de ensaio melhora. São 276 ritmistas. Geralmente, eu venho assim. Esse ano que eu coloquei duas zabumbas e dois triângulos para poder dar um ‘molhozinho’. O enredo pede o baião, o ‘forrozão’ e eu fiquei muito confortável”, comentou mestre Dudu.
A sempre muito elegante ala de baianas da Mocidade, vestidas de verde com saia estampada florida, deram um show na Marquês de Sapucaí. Ao longo do ensaio da Estrela Guia, diversas alas da escola portavam referências ao imaginário nordestino, dentro do enredo da escola. As alas coreografadas também se apresentaram muito bem na avenida.
A Mocidade Independente de Padre Miguel será a terceira escola a desfilar no Domingo de Carnaval. A Estrela Guia levará para avenida o enredo “Terra de Meu Céu, Estrelas de Meu Chão”, do carnavalesco Marcus Ferreira.
Colaboraram Luisa Alves, Raphael Lacerda, Rhyan de Meira