Por Luiz Gustavo e fotos de Magaiver Fernandes (Colaboraram Allan Duffes, Matheus Vinícius, Carolina Freitas, Freddy Ferreira, Juliana Henrik, Marielli Patrocínio e Marcos Marinho)
A São Clemente realizou na noite do último domingo seu ensaio técnico no Sambódromo da Marquês de Sapucaí como preparação para os desfiles da série Ouro que ocorrerão daqui a duas semanas. Foi um ensaio que mostrou uma escola com contingente muito pequeno para quem passou recentemente uma década no Grupo Especial, a preto e amarelo acabou passando acanhada pela pista, mas teve bons momentos como a apresentação do seu casal de mestre-sala e porta-bandeira, Alex Marcelino e Thais Romi. Uma apresentação de gala de Alex, combinando leveza com a graciosa Thais, num desempenho excelente. Segundo o colunista, Freddy Ferreira, foi um ótimo ensaio técnico da “Fiel Bateria” da São Clemente, comandada por mestre Bruno Marfim. Um ritmo consistente e com pressão sonora provocada pela afinação tradicionalmente pesada de surdos. Tudo isso junto de bossas que se aproveitavam disso para gerar impacto em suas execuções.
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A comissão de frente trouxe a síntese do enredo, com São Francisco de Assis protegendo
cachorros de rua, uma coreografia de fácil leitura que foi bem recebida pelo público. Os quesitos de chão não tiveram seu melhor desempenho, em boa parte pelo pequeno contingente da escola que não preenchia a pista, fazendo algumas alas evoluírem bem alargadas abrindo espaços entre as fileiras. O canto foi bem falho, obtendo algum êxito apenas na parte final do seu ensaio. Um treino de alerta para a São Clemente, que tem um know-how adquirido nesse período de Grupo Especial para desempenhar muito mais no
desfile oficial.
A agremiação será a sexta escola a desfilar no sábado de carnaval, dia 01 de março, trazendo o enredo “A São Clemente dá voz a quem não tem”, desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Leite, estreante na escola.
“São Clemente está pronta! Demonstramos canto, demonstramos uma harmonia muito sólida matendo a escola compacta, mostramos uma bateria excepcional falando de um tema que não é uma coisa supérflua, nós estamos falando da causa animal, da prevenção, do cuidado, do carinho, a São Clemente transmitiu a mensagem e isso é só um cartão de visita para o que vai acontecer em nosso desfile oficial. Eu venho a frente da escola e vejo o que chega para mim, a partir de semana que vem nós vamos ter a última reunião de Harmonia, de diretoria, de ala e aí a gente vai chegar em algum denominador. Para mim, chegou muito bem, não vi buraco, a escola cantando e mesmo sem as caminhas para identificar setores, a escola veio com muito amor, com muito carinho, cada um resgatou aquela sua camisa do coração e veio desfilar. Eu acho que foi 98%, 100% a gente vai conseguir no dia do desfile”, disse Roberto Gomes, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
A comissão, coreografada pelo estreante na agremiação David Lima, resumiu o que a escola pretende trazer em seu enredo. São Francisco protegendo os animais de rua de maus-tratos, neste caso cachorros. A coreografia trouxe uma madame tratando com desdém os bichos e sendo confrontada por São Francisco. Uma comissão que dialogou bem com o público, foi bem realizada por seus componentes e cumpriu o seu papel na questão da leitura do enredo.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O destaque absoluto do ensaio da São Clemente. Alex Marcelino e Thais Romi fizeram uma apresentação muito bonita, marcada pela leveza e interação entre os dois. Alex foi impecável em cada movimento, extremamente elegante em seu sapateado, mantém
uma postura ereta em todos os seus passos, uma apresentação de manual. E foi bem acompanhado por Thais que teve uma apresentação de muita leveza e precisão nos giros.
Aliás, a leveza e uma interação singela marcou toda a coreografia do casal. Thais vai readquirindo o nível dos seus grandes momentos na Porto da Pedra e promete um desfile ao lado de Alex. Ao fim do ensaio, o casal falou sobre o que foi realizado.
“O ensaio de hoje foi incrível. Conseguimos colocar em prática tudo o que havíamos ensaiado e, mais importante, a nossa proposta para este ano foi desenvolver uma dança mais solta, leve e tradicional. Nos divertimos, nos soltamos e nos deixamos levar pela energia do momento. Além de ressaltar essa dança mais dançante, também buscamos transmitir muito amor, e acredito que conseguimos fazer com que as pessoas se apaixonassem pela nossa apresentação e compreendessem o verdadeiro significado da dança do mestre-sala e da porta-bandeira. Espero que tenhamos conseguido transmitir esse encantamento. Eu me diverti imensamente, emocionei-me, dancei e sorri bastante. Essa é a proposta, esse é o verdadeiro sentido do carnaval. Ah, não posso revelar detalhes sobre a minha fantasia! Mas imagino que seja confortável para dançar. Trata-se de uma fantasia que está muito relacionada ao enredo e a esse movimento animal. Tenho certeza de que será uma experiência divertida”, declarou Thais Romi.
“Acredito que nosso ensaio foi muito positivo. Era uma proposta que já queríamos implementar, trazendo o amor como tema central, especialmente o amor pelos animais. Foi bastante enriquecedor, pois temos trabalhado de forma contínua. Este é nosso primeiro ano juntos, então sabemos que o entrosamento vai se fortalecendo com os desfiles seguintes. No entanto, já foi uma experiência muito proveitosa. Acreditamos que sempre há espaço para ajustes e melhorias. Aproveitamos bem o ensaio técnico, mas sentimos que podemos adicionar algumas ideias que discutimos, talvez, tenham sido apresentadas apenas para um dos jurados, mas podemos incorporá-las nas quatro cabines”, afirmou Alex Marcelino.
Samba e Harmonia
Foi uma jornada irregular do samba da São Clemente neste ensaio técnico. A obra que é fruto de uma junção não teve um desempenho constante durante sua passagem, rendendo mais na parte final do ensaio, tendo como ponto alto o refrão central. O ótimo Rafael Tinguinha, um dos intérpretes de destaque da nova geração, em alguns momentos acabou focando muito em cacos para levantar o canto da escola. Nas passadas em que cantou o samba numa sequência maior mostrou a competência habitual.
Com um número pequeno de componentes, a agremiação deixou a desejar no canto. As primeiras alas pouco cantavam inclusive nos refrãos, passando praticamente mudas. O desempenho cresceu nas alas que vieram atrás do carro de som, com um samba de letra
de fácil assimilação sendo mais entoado pelos componentes. No geral, não foi um bom desempenho da harmonia da São Clemente.
“Para mim o ensaio fluiu muito bem, a escola estava muito alegre. A escola passou por mim vibrante e cantando muito. Fiquei muito feliz com o resultado e saio daqui bastante satisfeito, principalmente com a nossa bateria e com o nosso carro de som. Temos pequenos ajustes a fazer, mas considero que deu tudo certo, o casamento com a bateria foi perfeito, só tenho a agradecer”, disse o intérprete Rafael Tinguinha.
Evolução
Com uma escola bem pequena, a evolução funcionou num ritmo tranquilo de andamento, sem correria e com espaço para a escola passar nos setores finais com tranquilidade. O ponto falho da evolução da São Clemente foi o espaço entre as fileiras de mesmas alas na maior parte delas, na tentativa de alargar mais a escola e preencher melhor a pista. As alas acabaram não passando compactas, e a organização dentro das alas se mostrou confusa, com espaçamentos até grandes em alguns casos.
Outros Destaques
A ala de passistas da escola veio representando o filme 101 Dalmatas, com as mulheres de Cruella de Vil, a vilã do filme, e os homens vestidos como a raça de cachorros, uma solução bem criativa e a ala passou muito bem-vestida.
A bateria de mestre Marfim se apresentou com muita firmeza, seguindo o trabalho que deu 40 pontos à escola no quesito em 2024.
“Foi um ensaio muito proveitoso. A gente conseguiu desenvolver tudo que vem ensaiando durante esses sete meses de trabalho na quadra. E aqui é onde a gente tem a oportunidade de acertar, de errar, de fazer de novo, de repetir. Eu acho que foi válido e muito positivo. A gente conseguiu desenvolver o que a gente vem ensaiando e foi um ensaio bem positivo. Saio daqui feliz. Podem ter certeza que vão ser paradinhas bem contagiantes e que vai enaltecer o samba, a harmonia e o canto da escola no desfile”, afirmou mestre Marfim.