O mês de junho começa na terça-feira e o site CARNAVALESCO prepara mais uma novidade para os apaixonados por carnaval. O projeto “Ilustre Bamba”, de Antonio Vieira, consiste em uma série de ilustrações de personalidades ligadas a cultura das escolas de samba. O projeto será quinzenal e terá um texto sobre a personalidade ilustrada. Ao site CARNAVALESCO, Antonio Vieira, contou mais sobre o trabalho que será divulgado.

“Vou apresentar o meu olhar sobre a festa, um olhar sobre os personagens que fazem o desfile das escolas de samba acontecer. É uma visão muito particular. Tento captar o máximo de informações, e, principalmente, enxergar a essência desses artistas. Minha intenção é que as pessoas possam não apenas perceber a minha visão sobre o artista, mas também consigam sentir a atmosfera do trabalho daquele artista na Sapucaí. Espero que as pessoas retratadas se sintam homenageadas, e que seus admiradores também apreciem esse trabalho”.

O artista explicou como faz a seleção das personalidades do carnaval que vão ser ilustradas.

“As pessoas retratadas, não necessariamente, serão os nomes mais famosos e conhecidos do carnaval das Escolas de Samba. A escolha vem muito da minha experiência como espectador de arquibancada do setor 1. Eu não me esqueço de quem passa por ali e chama a minha atenção. Outros, serão escolhidos pelo seu trabalho em prol da cultura das escolas de samba. Costumam passar pela Avenida despercebidos, mas contribuem muito para a valorização da cultura presente nessa festa”.

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Confira mais trechos do papo:

Como surgiu o seu interesse pelo carnaval?

Eu sou de uma geração para quem o LP das Escolas de Samba fazia parte da cesta de Natal, assim como o novo LP do Roberto Carlos! Quem tem mais de 35 ou 40 anos sabe bem do que falo. Os sambas-enredos eram trilhas sonoras das festas de Natal e Ano Novo, e quando chegava o carnaval eles já estavam habitando o nosso imaginário. Os meus aniversários, quando criança, eram próximos à data do carnaval, por eu ter nascido em fevereiro. Então as lembranças de fantasias penduradas em lojas de brinquedos, e até em supermercados, permeiam minhas lembranças da infância. E assistir aos desfiles x era praticamente um programa obrigatório no carnaval. Para uma criança, os desfiles de uma escola de samba x (isso nos meados dos anos 80) eram imagens muito atrativas. Mas fui fisgado de vez quando assisti pela primeira vez a um desfile do Fernando Pinto, o “Ziriguidum”. É uma das minhas primeiras lembranças de desfile.

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Na hora do desenho, o que mais te motiva, ou inspira?

O que mais me motiva nesse trabalho, e ao mesmo tempo me desafia, é a potência do trabalho das pessoas que escolho para retratar. Quando escolho um grande nome para ser inspiração para uma arte, não posso simplesmente copiar ou reproduzir algo que ele já fez. Não faria sentido eu reproduzir figurinos e alegorias que passaram pela Avenida e marcaram época. Não faria melhor que o próprio autor da obra. Portanto, penso em uma imagem que nunca existiu, uma brincadeira, sempre respeitosa, relacionada ao trabalho do artista escolhido.

Qual personagem do carnaval você nunca desenhou, mas tem vontade de desenhar?

São tantos que nem saberia por onde começar essa lista. Acho que agora, aqui no site Carnavalesco, vou poder botar pra fora a vontade de desenhar boa parte deles. Mas tem algumas pessoas que possuem um fã-clube forte. Muitos me mandam mensagens perguntando por que ainda não desenhei o Paulo Barros. E no meu processo, a boa idéia vem sempre antes de tudo. Desenhar só por desenhar, qualquer pessoa faz. É só pegar uma foto do artista como referência e fazer. Mas gostaria de criar algo elaborado, tão interessante e surpreendente quanto o trabalho do Paulo.

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Como funciona seu trabalho?

Complexo e caótico! Eu não tenho uma rotina muito regrada. Vai de acordo com o que a proposta do desenho está pedindo. Se o desenho for mais rústico, costumo pesquisar texturas naturais e as escanear. E procuro utilizar materiais como carvão e grafite, para que o traço evidencie também o conceito da imagem. Se for uma temática mais futurista, o processo é outro. Cada pergunta requer uma resposta diferente e, portanto, para cada proposta de ilustração eu faço um processo diferente. Tento fazer com que um, desenho de um Orixá, por exemplo, tenha uma pegada diferente da de um desenho mais cyber, sobre um robô-androide.

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