A Portela realizou, na noite do último domingo, a primeira eliminatória em chave única do concurso de samba-enredo para o Carnaval de 2024. A reportagem do site CARNAVALESCO, como parte da série “Eliminatórias”, esteve presente e acompanhou essa nova fase da competição promovida pela Majestade do Samba. Ao todo, dez obras se apresentaram e cada uma teve o direito a cinco passadas, sendo duas sem bateria e três acompanhadas pelos ritmistas da “Tabajara do Samba”. Ao final, oito sambas se classificaram para a etapa seguinte, que ocorrerá no próximo domingo, dia 24 de setembro, enquanto dois foram cortados: os das parcerias de Meri de Liz e de Paulo Cesar Feital.
No ano que vem, a azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira será a segunda escola a desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, pelo Grupo Especial. A agremiação irá em busca do seu vigésimo terceiro título de campeã da folia carioca com o enredo “Um Defeito de Cor”, desenvolvido pelos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga. Baseado no romance “Um Defeito de Cor”, da escritora Ana Maria Gonçalves, a proposta é trazer uma outra perspectiva da história, refazendo os caminhos imaginados da história da mãe preta, Luisa Mahim.
Parceria de Luiz Carlos Máximo: O primeiro samba a se apresentar na eliminatória portelense foi o composto por Luiz Carlos Máximo, Manu da Cuíca, Cecília Cruz, Thayssa Menezes, Fabinho Gomes, Luciano Fogaça e Cláudio Cruz. O intérprete Bico Doce foi o responsável por defender a obra, que teve um bom desempenho na quadra. O trecho que teve maior rendimento foi o refrão principal, com os versos “Nasceu d’Oxum flor de Kehindé/ Nas esquinas de Madureira/ Com Daomé/ Yabá quituteira/ Iyami quizumbeira/ Brasil, terreiro preto de mulher”. Além dele, o refrão do meio, com os versos “Oleleá, caruru é pra Ibeji/ Caxixi pra camará/ Mulungu pro meu ori”, foi outro grande destaque. Sem adereços, mas uniformizada, a torcida deu um show à parte. O grupo cantou, dançou e fez coreografias durante toda a apresentação. Até mesmo após o fim, eles entoavam o refrão principal da obra.
Parceria de Celso Lopes: A obra assinada por Celso Lopes, Neyzinho do Cavaco, Charlles André, Chicão do Cavaco, Jorge Feijão, TH Joias e Anderson Leonardo foi a segunda a se apresentar. O intérprete Nino do Milênio comandou o microfone oficial e soube conduzir o samba com segurança. Formada por uma grande quantidade de pessoas, a torcida, assim como a primeira, abriu mão das ornamentações, porém veio vestida com a camisa da parceria. Eles mostram animação e mantiveram um canto forte ao longo de toda a apresentação. O refrão principal, com os versos “Luísa Mahim mulher de valor/ Guerreira, mãe preta… Revela/ Que o seu afeto se multiplicou/ No coração dos filhos da Portela”, foi berrado pelo grupo. O trecho de subida para ele, “Ia Ia num lindo sonho fui te encontrar/ Kheinde, nós somos um só, um elo de amor/ Jamais um defeito de cor”, também foi bastante entoado.
Parceria de Jorge do Batuke: Na sequência das apresentações, o terceiro samba foi o de autoria de Jorge do Batuke, Claudinho Oliveira, Zé Márcio Carvalho, Leko 7, Romeu D’ Malandro, Silas Augusto e Araguaci. A obra foi defendida por uma dupla de intérpretes formada por Zé Paulo Sierra e Tem Tem Jr., vozes oficiais da Mocidade Independente de Padre Miguel e do Império Serrano respectivamente. O samba teve um ótimo rendimento na quadra. O ponto alto foi o refrão do meio, com os versos “Ôôôô! Ôôôô!/Oxé sagrado é machado de Xangô/Kaô Kabecile, kaô/Kaô, meu pai Xangô!”, entoado a plenos pulmões pelos torcedores. Aliás, a torcida, numerosa, veio uniformizada e mostrou garra. Eles cantaram, vibraram e dançaram sem deixar o ritmo cair em nenhum momento. O restante da quadra também reagiu de forma positiva, sendo possível observar diversos segmentos, como as baianas, cantando a obra.
Parceria de Thiago na Fé: O samba de autoria de Thiago na Fé, Bruno Lima, Wagber Ecossia, Waldir Guimarães, Marco Aurélio, Filipe Acaf e Leandro Marinho foi o quinto a se apresentar nessa eliminatória portelense. O intérprete Serginho do Porto comandou o microfone principal e deu um show na condução, sendo peça importante na boa performance da obra. Seguindo a tendência das demais, a torcida veio sem adereços ou qualquer tipo de ornamentação. O grupo provou estar com o samba na ponta da língua e cantou o tempo inteiro. O refrão principal, com os versos “No seu ventre mãe, pude receber/ Todo meu amor por ela/ Obrigado mãe por eu aprender/ O que é ser Portela”, foi o trecho da obra entoado com mais força. O refrão do meio, “Khender, a força da mulher/ Obirin dudú, ancestralidade/ Xangô, idajô, oyá/ Justiça pra sociedade”, também se destacou e teve um bom rendimento.
Parceria de Samir Trindade: A sexta obra a se apresentar foi a composta por Samir Trindade, Valtinho Botafogo, Junior Falcão, Brian Ramos, Fabrício Sena, Deiny Leite e Paulo Lopita 77. Tendo o apoio luxuoso de Gera, a dupla de intérpretes formada por Bruno Ribas e Marquinhos Art’Samba foram os responsáveis por conduzir o samba, que promoveu um sacode na quadra. O refrão principal, com os versos “Senhora do meu afeto, iyá/ A dona do meu destino, yabá/ Ginga da Portela sempre acalanta/ Nega que embala o samba”, foi berrado, não só por torcedores, mas também por outras pessoas presentes na quadra. Além dele, o refrão do meio, “Ê Nanã ê…foi Nanã quem criou/ Lá na Bahia, a saudade apertou/ Ê Nanã ê…foi Nanã quem cuidou/ Levou mandinga e o Brasil batucou”, e o trecho “Malê malê, kaô kaô/ Contra a covardia, a revolta de Xangô”, presente na segunda estrofe, foram outros dois momentos de grande rendimento no canto. Falando da torcida, o grupo compareceu em peso. Demonstrando muita empolgação, eles cantaram e sambaram sem parar. Uma curiosidade foi a presença de duas pessoas no meio da galera representando o abolicionista Luís Gama e a mãe dele, Luísa Mahim.
Parceria de Franco Cava: Dando seguimento, a sétima obra a se apresentar na quadra da Portela na noite de eliminatória foi a assinada por Franco Cava, Rute Labre, Hebinho da Portela, Victor do Chapéu, Beto da Portela, Arnaldo Matheus e Ricardo Simpatia. O intérprete Tinga, voz oficial da Vila Isabel, teve a missão de defender o samba e fez com a excelência de sempre. Todavia, a obra teve um rendimento apenas mediano. Como ponto positivo, vale mencionar os refrões, especialmente o principal, com os versos “Cor não é defeito, tem que respeitar!/ Sagrada mulher guerreira!/ São tantas Mahins, mães da favela!/ Exemplo de amor… Portela!”. Quanto à torcida, mesmo sem adereços ou ornamentações, ela fez seu espetáculo. O grupo, formado por uma grande quantidade de pessoas, deu o recado cantando, vibrando, pulando e fazendo coreografias ao longo de toda a apresentação.
Parceria de Noca da Portela: O samba composto por Noca da Portela, Claudio Russo, Lico Monteiro, Leandro Thomaz, Orlando Ambrosio, Marcelo Lepiane e Rodrigo Peu foi o oitavo a se apresentar. O intérprete Rodrigo Tinoco defendeu a obra, ao lado de Thiago Acácio, e soube explorar bem as variações melódicas. O maior destaque foi o refrão principal, com os versos “Yà Ilê axé… Portela!/ Me embala em teu colo… Portela!/ É o porto onde pude enfim/ Longe de mim te encontrar”, sendo o trecho de maior rendimento no canto. Ao longo da apresentação, a performance dos torcedores foi uma atração à parte. Animados, eles vibraram, pularam e fizeram diversas coreografias, sem deixar de entoar a obra em nenhum momento.
Parceria de Wanderley Monteiro: Encerrado as apresentações, o décimo samba nessa noite de eliminatória portelense foi o assinado por Wanderley Monteiro, Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Jefferson Oliveira, Hélio Porto, Bira e André do Posto 7. O intérprete Wander Pires, voz oficial da Viradouro, foi o responsável por defender a obra, que teve um desempenho avassalador na quadra. O refrão principal, por exemplo, com os versos “Saravá Keindhe! Teu nome vive!/ Teu povo é livre! Teu filho venceu, mulher!/ Em cada um nós, derrame seu axé!”, foi berrado pelos torcedores. Aliás, a torcida, grandiosa, sambou e cantou sem parar. Além deles, vários dos presentes na quadra entoaram a obra a plenos pulmões. Neste grupo, estavam até mesmo alguns membros de segmentos, como baianas, passistas e ritmistas da bateria.