Após dois anos e dois meses sem carnaval em razão da pandemia mundial de Covid-19, o povo do samba voltou a se encontrar na noite desta sexta-feira para prestigiar a Elite Carioca do carnaval. A emoção era tanta, que antes mesmo das escolas serem anunciadas pela tradicional sirene, já era possível ver rostos ansiosos e emocionados. Voltar ao solo sagrado depois de tanto tempo foi fascinante.
O site CARNAVALESCO conversou com alguns foliões ainda na concentração e outros ali presentes na Sapucaí sobre esse retorno. Foi unânime o sentimento de emoção, além de muita gratidão por terem a chance de viver toda essa magia mais uma vez.
Luciano Rodrigues, de 37 anos, se mostrou bastante emocionado já na concentração. Mangueirense apaixonado, além de ter sua filha desfilando na escola pela primeira vez, também é um dos passistas da agremiação.
“Vou ser sincero, meu coração está a mil! Estou com as expectativas lá em cima e espero me surpreender ainda mais. Estou aqui entregando minha filha que está estreando na escola e já vou me arrumar para desfilar também. Acredito que esse será o maior e melhor carnaval de todos. Ver a Mangueira aqui pronta, me passa a sensação de dever cumprido, nós vencemos esse período difícil, e finalmente conquistamos o direito de estarmos de volta novamente”.
Acompanhando os desfiles de uma frisa, as amigas Neuza Rodrigues e Silvia Palhares, também demostraram muita felicidade de estarem vivenciando esse momento novamente.
“Estar de volta é libertador. Essa Avenida é o templo da nossa negritude, da nossa resistência. Estou muito feliz também em ver que os enredos desse ano são todos ou sobre os povos originais, ou sobre a cultura afro-brasileira. Foi triste demais esse tempo longe, cheguei a acreditar na possibilidade de não ter mais carnaval”, disse Neuza.
“Está sendo muito bom encontrar com as pessoas novamente. O brasileiro tem essa necessidade do calor humano muito mais do que qualquer coisa, literalmente. Independente de escola de samba, o ser humano precisa sair, encontrar pessoas, trocar afeto. Sem dúvida alguma o que mais me entristeceu nesse período foi a falta de calor humano, que bom finalmente estar podendo me saciar disso”, declarou Silvia.
Amante do carnaval há mais de 30 anos, Maria Isaura Neves, de 70 anos, não mediu palavras em mostrar seu contentamento com a volta dos desfiles. A tijucana apaixonada contou que nesses dois anos se sentiu bastante depressiva, e que a falta do carnaval refletiu de forma bem caótica em sua vida.
“Eu sou apaixonada por isso aqui, me sinto em casa. Foi triste e doído ficar longe, confesso. Estou feliz que agora estamos todos seguros, vacinados, e prontos para festejar como deve ser. A parte triste é que passa muito rápido, amanhã já termina”, lamentou a costureira, mas que promete aproveitar bastante esses dois dias de folia.
O maranhense Antônio José Rodrigues também marcou presença mais uma vez. Morador do Rio de Janeiro há mais de 40 anos, o radialista afirmou nunca ter perdido um carnaval desde que se mudou para cá.
“Eu amo isso daqui, a cada ano que passa, a minha presença é certa. Foi triste ficar dois anos longe, confesso que senti muita falta, não via a hora de começar tudo de novo. Não torço exclusivamente para nenhuma escola, gosto de todas e tenho um carinho especial por algumas, mas sou da opinião de que vença a melhor”.