Assim como em outros anos e nos desfiles de escola de samba de outras cidades, a Mocidade Alegre terá um imenso privilégio no sorteio da ordem dos desfiles do carnaval de 2024: como grande campeã da folia em 2023, a agremiação escolherá dia e posição em que irá desfilar. A situação de conforto, de acordo com Solange Cruz, presidente da Morada do Samba, não tira alguns desafios da agremiação. Na visão da mandatária, a escola terá que optar por algumas características que cada um dos dias possui. Em entrevista ao CARNAVALESCO, ela aproveitou para se aprofundar no assunto.
Antes de pontuar quais são os “pontos fortes” de cada uma das noites, Solange fez questão de destacar que a diretoria busca a data que a maioria dos componentes deseja. “A comunidade gosta de desfilar no sábado justamente porque ela está mais livre, tem uma liberdade maior, muita gente trabalha. Tem muita gente da escola que mora no exterior e no interior, então temos uma logística para gente que está fora de São Paulo. Quem está em São Paulo, muitas vezes, acaba trabalhando até sexta e prefere sábado porque se torna mais cômodo. A diretoria tem a preocupação de agradar a comunidade, a nossa prioridade sempre foi e sempre será a comunidade. A gente pensa muito mais neles do que em nós. Na nossa logística, no sábado de manhã, temos que esperar todas as escolas de sexta terminarem seus desfiles para subir os carros no sábado para a concentração. O nosso trabalho de logística acaba sendo um pouco maior. Ficar no terreno não é nada satisfatório perto de quem vai ficar na concentração: cimento, banheiro e iluminação são completamente diferentes, por exemplo. Têm várias logísticas que preferimos, mas queremos agradar o componente”, comentou.
A data, entretanto, não é algo que assuste ou seja uma questão crucial para a Morada do Samba, na visão da mandatária. “É uma questão de benefício, de agradar à comunidade. Realmente é por sexta ser um dia útil e no sábado ser mais tranquilo. Mas, se cairmos na sexta… já fomos campeões na sexta e no sábado. Não importa o dia, teremos que ir da mesma forma. E vamos bonito, viu? Olha lá! (risos)”, brincou, sem revelar se já possui uma ordem e data preferida.
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Não é apenas a data do desfile que terá influência na escolha da Mocidade Alegre. O horário em que a agremiação entrará no Anhembi também será levado em conta, afirma Solange. “Desfilar mais cedo ou mais tarde também requer uma estratégia diferenciada. Claro que mais cedo as pessoas estão mais espertas, bebem menos. A criançada, as baianas, as velhas guardas estão com outro pique e outra energia. Desfilar de manhã e mais tarde requer outra estratégia. Tudo é uma questão de se organizar por conta dos horários em que se vai desfilar. A gente gosta de estar mais cedo, mas têm escolas que gostam de desfilar mais tarde. Vai muito de escola para escola e de estratégia de cada um”, explicou.
Tranquilidade
Grande campeã do carnaval paulistano, a Mocidade Alegre ia para o sorteio desde 2015 – antes de “Yasuke”, a escola foi campeã pela última vez em 2014. Tal fato deixou a escola do bairro do Limão, na Zona Norte de São Paulo, em posição bastante tranquila. “Sem muitas expectativas. A escola define a ordem, então não é a mesma adrenalina de quando você cai no sorteio e na bolinha. Estamos em uma posição mais confortável dessa vez. Agora, é chegar lá e escolher. Estou numa posição mais cômoda nesse ano. Mas tem anos que o frio na barriga e a ansiedade são difíceis de se conter. Tem que passar por isso, não tem jeito. Nesse ano, estamos em uma posição um pouco mais confortável”, finalizou Solange, que preside a escola que levará o enredo “Brasiléia Desvairada: a busca de Mário de Andrade por um país” para a avenida em 2024.