Artista responsável pelo desfile da União da Ilha em 2023, Cahe Rodrigues festejou a premiação do Estrela do Carnaval da Série Ouro, oferecido pelo site CARNAVALESCO, na categoria “Melhor Conjunto de Alegorias e Fantasias”.

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Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

“Me sinto honrado. Respeito muito o trabalho do site CARNAVALESCO e, para mim, é uma alegria enorme receber esse prêmio. Só quem viveu sabe o quanto foi difícil esse último Carnaval. A Ilha se preparou muito, mas é claro que não só a Ilha. Todas as escolas da Série Ouro enfrentaram muitas dificuldades. Então, poder ser agraciado com o prêmio de melhor conjunto alegórico e de fantasia, é um orgulho muito grande para mim como artista e para toda uma comunidade que lutou pra fazer o desfile da Ilha com muita dignidade. Foi um desfile muito especial, uma homenagem à madrinha centenária. Passamos por diversas dificuldades ao longo do processo, mas a comunidade acreditou, se jogou, fez tudo para que o desfile acontecesse”, disse.

Para o desfile do ano que vem, a União da Ilha levará para Avenida o enredo “Doum e Amora: crianças para transformar o mundo”. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Cahe Rodrigues disse que já tinha esboço do enredo, mas a ficha caiu quando encontrou o livro “Amoras”, do cantor e escritor Emicida. * LEIA AQUI A SINOPSE DO ENREDO

“Eu já tinha um projeto esboçado de um enredo sobre crianças que transformam o mundo. Só que quando deparei com a obra do Emicida, o livro ‘Amoras’, vi que era o que faltava. Foi a oportunidade de juntar o tema infantil, que a Ilha tanto gosta, com uma pegada afro. É um enredo antirracista, que vai tocar em pautas importantes, mas com olhar infantil. É a criança que educa, é a criança que transforma. A gente pega Doum, que é a criança que não veio, é um ser espiritualizado, ele se materializa na Terra e encontra Amora, que é uma personagem inspirada no livro do Emicida e representa milhares de meninas de comunidade. Juntos, eles saem pra transformar a mente ignorante dos racistas espalhados no mundo. É um enredo educacional, que a gente vai ensinar. É um enredo necessário. E ele tem esse abraço dessa obra do Emicida, que é muito importante. Eu queria tocar na ferida com um olhar transformador. Nada melhor do que uma criança para transformar”.

Cahe afirmou que era um pedido da comunidade insulana a temática infantil no desfile do ano que vem.

logo enredo ilha2024

“A comunidade se identifica. Eles pediam muito por isso. Mas este enredo será totalmente diferente de outros já feitos pela escola, como o ‘Brinquedo e Brincadeira’. A Ilha está na Série Ouro, a verba é menor, o conceito e a mensagem são diferentes. Nós temos uma responsabilidade muito grande com esse enredo. A questão infantil está muito presente, afinal, é um conto, a mensagem que queremos passar é levada através dos olhos de uma criança. Eu e minha equipe criativa temos a missão de transformar esse conteúdo antirracista, educacional, em plástica, em fantasia, em alegoria. É fazer com que todo esse entendimento, que ficou muito claro na sinopse, a gente consiga levar isso pra Avenida”.

O artista prometou que a parte plástica da União da Ilha terá algo inédito.

“Vou fugir de tudo aquilo que já fiz. A Ilha precisa desse desafio e eu preciso também apresentar uma coisa nova. Este enredo possibilita uma prática diferenciada. Por mais que eu já tenha feito uma África pop na Imperatriz, com o ‘Axé Nkenda’, acho que o Doum e a Amora vão me permitir fazer algo singular, totalmente fora do lugar comum. Além de uma África infantil, será uma África educacional. O enredo tem uma mensagem muito forte, portanto não posso me preocupar só com a estética. Eu tenho que me preocupar com a mensagem que esse tema leva para as pessoas. É claro que tem uma africanidade, uma religiosidade presente. A plenitude estará muito presente e o infantil também. O desafio vai ser encontrar dentro de todos esses segmentos a mensagem que a gente precisa levar”.