Primeira escola a desfilar no último dia de desfiles do Grupo Especial, o Paraíso do Tuiuti apresentou o enredo “Ka Ríba Tí Ÿe – Que Nossos Caminhos Se Abram”. A reportagem do CARNAVALESCO esteve disposta nos módulos de julgamento do Sambódromo e realizou uma análise da apresentação da agremiação em oito quesitos, exceto bateria.

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Comissão de Frente
A comissão de frente da Tuiuti abriu os trabalhos da segunda noite com um ótimo desempenho coreografados pela bailarina Claudia Mota. Representando a criação do homem, a partir do barro, feita por Oxalá, a comissão teve um desempenho bem satisfatório, cumprindo bem os quesitos. Ainda assim, a apresentação com cerca de 3 minutos de duração ficou carecendo de um “a mais”, uma “cereja do bolo”, um algo a mais que pudesse fechar de forma magistral o trabalho da comissão. O ponto alto foi a criação do homem quando os bailarinos descem do elemento cenográfico e bailam no chão. A saia rodada em preto com luzes também agradou.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane, tiveram um desempenho perfeito, impecável. Representando Zumbi e Dandara de Palmares, conseguiram traduzir para a coreografia as ideias de força, resistência, de ancestralidade. Muita sincronia e interação entre o casal em todas as cabines de julgamento.

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Harmonia
A escola cantou forte o samba, combinando e sendo reflexo do bom desempenho do carro de som e claro, também sendo bem conduzidos por mestre Marcão. Todas as alas cantaram muito o samba, empolgando ainda as arquibancadas. O samba teve um grande, mas grande ápice no canto a capela, quando a escola deixou para o povo cantar o refrão e a avenida respondeu com muita força e intensidade. Destaque para a ala 2 “Guardiões da Tradição” que abriu o cortejo em alta voz, mesmo apresentando uma evolução em que passava por cima do carro alegórico e as partes da frente e de trás trocavam de lugar. Mesmo com a coreografia o canto não caiu em momento algum. Não teve uma única ala que não cantasse o samba.

Enredo
A escola pecou em alguns momentos em enredo e no entendimento da história, com uma narrativa bem confusa e inserção gratuita de figuras, como figuras pop representando orixás, sem uma clara explicação e entendimento. Uma condução confusa e mal explicada, mal conduzida, deixando bem a desejar. A divisão de alas, aliada às fantasias diversas causou confusão até para quem acompanhou o desfile com o roteiro em mãos.

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Evolução
A Tuiuti pecou muito em evolução, acumulando diversos erros: dificuldades já no começo e o ápice se deu mais ao final, com mais de um buraco abertos na avenida – um deles em frente o abre-alas e outro após o quarto carro da escola. Um desfile que começou lento por conta dos erros, terminou corrido para compensar os erros. O ápice veio com a escola estourando o tempo. A ala 12 “Alabe gungunando o tambor” foi a primeira a acelerar, trazendo as outras no mesmo ritmo. A ala 23 “Gospel’ chegou a embolar de tão acelerada, já a 24 “Congada de São Benedito” passou muito espaçada. A evolução foi prejudicada também antes das duas últimas alegorias onde se abriu dois clarões, um diante de cada carro, no último módulo.

Samba
A parceria de Celsinho, Carlos e Grazi merece e muito ser destacada. O carro de som da Tuiuti é sem dúvidas um dos pontos mais altos do desfile da escola. Impecável, forte, entrosado, deu gosto de ver e ouvir. Empolgou muito a avenida, os desfilantes, a avenida, mostrando no canto a força do enredo. A letra é extremante bem inspirada, narra o enredo apresentando personagens conhecidos pela luta e resistência negra.

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Fantasias
A escola, apesar de bonita, com fantasias que buscavam ser luxuosas, teve algumas falhas de acabamento. Por exemplo, em frente o modulo 1, parte da fantasia da ala 4, “Guerreiros Implacáveis da Resistência” caiu e algumas penas ficaram pelo chão e abre-alas ao longo da avenida. Além disso, faltou beleza em algumas fantasias, com uma estética em geral bem simplória, além de vários figurinos diferentes na mesma ala em alguns momentos. Destaque para a ala das baianas que veio toda em branco e dourado e um interessante cabelo afro. A fantasia era volumosa. Havia uma repetição sintomática em alguns adereços de mão.

Alegorias
A escola foi insuficiente nas alegorias, bem pobres em sua concepção, a começar pelo abre-alas que passava a maior parte do desfile vazio, tendo como única ação servir de passarela para duas alas trocarem de lugar. Outro carro que careceu de beleza e maior elaboração, visualmente e esteticamente superficial, simplório, foi o terceiro carro, representando “Wakanda – O Reino do Pantera Negra”, que trazia figuras do Pantera Negra simplesmente balançando pra lá e pra cá. A segunda alegoria apresentou um efeito de subida e descida de velas presentes nos barcos que ainda se mexia para os dois lados, simulando os movimentos de navegação e pode ser considerada o destaque.

Participaram da cobertura: José Luiz Moreira, Yuri Neri e Dyego Terra

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