Campeã do Carnaval 2020, a Viradouro mostrou mais uma vez porque é dada como uma das favoritas ao título em 2022. No Setor 11 da Sapucaí, a bateria Furacão Vermelho e Branco promoveu grande espetáculo, com variedade de bossas e excelência dos ritmistas. A escola também levou algumas alas, passistas e casais de mestre-sala e porta-bandeira na última sexta-feira. Mestre Ciça comemorou o retorno ao Sambódromo e projetou o desfile, em abril.
“Sensação de estar aqui de novo é de vitória depois de toda essa pandemia. Eu estou há mais de 50 anos no samba, isso aqui é minha vida. O samba perdeu grandes pessoas nessa pandemia, então nós estamos aqui e vamos desfilar por eles. Psicologicamente e financeiramente foi muito difícil esse período, então eu sou um vitorioso de ainda estar aqui, com 65 anos. Teve um período que eu fiquei seis meses sem sair de casa, parecia que eu ia ficar maluco. É maravilhoso poder estar aqui de novo”, disse Ciça, que completou:
“A gente vem pra fazer espetáculo. Foi muito difícil ensaiar nessa pandemia, ficamos um ano e meio parados. Estamos ensaiando quase todos os dias agora, sacrificando um pouco a rapaziada pra poder chegar aqui a ponto de bala e fazer um grande desfile”, comentou o mestre da Furacão Vermelho e Branco.
Ao todo, a Viradouro levará 290 ritmistas para o desfile na Marquês de Sapucaí, com quatro ou cinco bossas. Ciça revelou que a bossa principal só foi introduzida na bateria na última semana. A Furacão Vermelho e Branco apresentou criatividade e diversidade, com pratos, ritmistas agachados, e canto forte dos integrantes durante uma das bossas. O mestre também comentou a utilização do metrônomo por parte dos jurados. O aparelho mede o BPM (batidas por minuto) da bateria.
“Eu não sou muito de acordo com isso, porque cada bateria tem a sua característica e isso tem que ser respeitado. Se for esse o parâmetro, acho errado. Não pode se ditar isso aos mestres de bateria. A não ser que eles julguem a queda do andamento. Se você entra de um jeito, e sai de outro, aí tem que ser penalizado mesmo. Tem que medir se a bateria vai manter o andamento. Mas não concordo muito com o uso do aparelho não”, encerrou Ciça.
Quem também marcou presença no ensaio foi Zé Paulo Sierra. Com potência e entusiasmo contagiantes, o cantor comandou o carro de som em alto nível na última sexta. O intérprete da Viradouro também falou sobre o retorno à Sapucaí, projetou o desfile no próximo mês e falou sobre o ‘favoritismo’ da escola de Niterói para o bicampeonato.
“Estar aqui é sempre bom, cantar aqui é algo indescritível, é o melhor lugar do mundo para quem milita no samba. Mais um dia de vitória, estou muito feliz. É mais uma etapa, essa aqui é uma, o ensaio técnico é outra e o desfile é a última peça do tabuleiro. Foram quase oito meses de ensaio, é atípico, tudo muito novo depois dessa pandemia e um carnaval fora de época”, disse Zé Paulo, antes de complementar:
“Acho que vai ser o carnaval dos carnavais, vai ser muito disputado, todas as escolas estão muito preparadas e com muita vontade de ganhar. A Viradouro está muito preparada, como esteve em 2019 e 2020, e vamos brigar por mais um título. Muita gente fala em favoritismo, mas tudo acontece aqui dentro, se não der tudo certo na Sapucaí, não ganha. É torcer para que tudo dê certo, e eu tenho certeza que vai dar”, garantiu o cantor.