Por Gabriella Souza
Os atores Milton Gonçalves, Jorge Coutinho e os familiares do humorista Mussum estiveram no barracão do Salgueiro, na tarde desta quinta-feira, e foram conhecer o que o carnavalesco Alex de Souza prepara para o enredo que homenageia o palhaço negro Benjamin de Oliveira. O carnavalesco apresentou o enredo e a alegoria em que os convidados desfilarão.
Milton Gonçalves se emocionou ao falar de racismo e da história de luta do povo negro e de sua trajetória de vida e trabalho.
“Nós brasileiros e negros lutamos e buscamos ‘ad eternum’ por respeito e para que nossos netos e filhos possam ter oportunidades. Eu quando era menino não podia entrar em um teatro, em um ônibus e até o desfile das escolas nos expulsavam e nos faltavam com respeito, tudo através do racismo. Muita gente pensa que “o negro só quer samba”. Não quero só samba, quero um encontro maravilhoso de todos nós e acho isso fundamental. Quando nós, e e meu povo, nos apresentamos e somos enredo na Avenida, ninguém pode mudar isso, ninguém. E o Salgueiro está cumprindo com uma missão muito grande”, afirmou com os olhos marejados.
O ator ainda ressalta a importância do teatro na sua vida contou: “Trabalho desde meus seis anos de idade, sou mineiro e criado em São Paulo. Quando cheguei no Rio eu falei que não sairia mais daqui, pois vi meu povo na praia, estudando e discutindo diversas questões. O teatro e arte foram fundamentais para mim, mudaram a minha vida”.
Alex de Souza prepara 20 ‘Benjamins’ na Avenida
A última ala da escola “Os herdeiros de Benjamin ” será onde esta homenagem se concretizará. Grandes atores, artistas e personalidades negras da cultura brasileira estarão na ala junto com os visitantes, pessoas que assim como Benjamin, foram expoentes e abriram portas para outros artistas, entre eles, participarão Antônio Pitanga, Negra Li, Cosme dos Santos e outros relembrados através de balões com seus rostos, como será com Mussum e Ruth de Souza e Grande Otelo.
Segundo Alex de Souza, serão 20 ‘Benjamins’ que irão representar sua figura na Avenida. Ele apresentou um panorama do enredo e uma breve história de vida de Benjamin aos convidados, assim como o projeto da alegoria em que eles participarão.
“A maioria das pessoas ainda não conhece a história e o trabalho do Benjamin e queremos mesmo é poder fazer um leque de tudo o que ele passou e produziu. Para mim, talvez, ele tenha sido um dos artistas mais completos do Brasil. Cantou, dançou, sapateou, escreveu e atuou. Isso me impressiona por ele ter sido um artista plural. E ter essas pessoas inspiradoras na Avenida para representá-lo será emocionante”, declarou Alex aos convidados.
A primeira figura que o carnavalesco pensou para ser homenageada foi o falecido humorista Mussum. E para representá-lo na Avenida seus filhos Sandro, Augusto e Igor foram ao barracão visitar a escola. Um dos filhos de Mussum, Augusto, ressalta a importância da homenagem.
“A história do Benjamin nos mostra que nós podemos lutar e conquistar, se é isso o que você quer tem que ir e fazer. A história deles nos inspira, assim como dos outros que também o representarão”.
Sandro, outro filho de Mussum também se disse lisonjeado e honrado de poder estar junto de grandes figuras e artistas.
“Essa homenagem nos deixa muito lisonjeados, Benjamin foi um artista que abriu portas e ficamos felizes em participar ao lado dessas pessoas que sempre me inspiraram desde pequeno, como o Milton e o Jorge. Ainda mais no carnaval, que nosso pai gostava tanto. Vocês não imaginam a emoção que estou sentindo”.
O ator Jorge Coutinho revelou estar feliz com o convite de poder estar em desfile de um artista que admira muito.
“O convite foi incrível, sou mangueirense, mas adoro o Salgueiro, é uma escola que tenho muitos amigos e sempre frequentei. Já o Benjamin é um artista que admiro demais a história de vida e carreira. E sei que o Salgueiro fará um enredo bonito e com um alto nível”.
Benjamin de Oliveira foi um artista, compositor, cantor, ator e palhaço de circo brasileiro. Sua vida ficou na história, pois foi reconhecido como o primeiro palhaço negro do Brasil. Ele idealizou e criou o primeiro circo-teatro, escreveu e dirigiu diversas peças de sucesso. Aos 12 anos, fugiu de casa com a trupe “Sotero”, passou por diversos circos e realizou inúmeros shows, com público popular e também aos da elite. O artista faleceu em 1954 no Rio de Janeiro, cidade onde encerrou sua carreira. O Salgueiro aposta em trazer este perfil, história e trajetória em um enredo que marca os 150 anos do artista.
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