Quem conhece o trabalho de Laíla sabe que ele é um sambista inquieto e que busca criar coisas novas, mesmo que possa errar ou acertar. Para o Carnaval da União da Ilha em 2020 não será diferente. O experiente diretor junto dos mestres Keko e Marcelo vão bolar um pagode em plena Marquês de Sapucaí no meio da bateria com banjos, surdos e pandeiros.
Para isso, a escola realizou seu primeiro ensaio de rua nesta quarta-feira, com uma configuração completamente diferente daquela que nos acostumamos a ver. Primeiro a escola foi toda montada ao contrário, dentro da quadra e na rua foi “virada”. Segundo não havia carro de som, apenas um pequeno referencial de voz. Os transtornos harmônicos que as mudanças causaram aos componentes foram nítidos, mas Laíla esclareceu que tudo está sob controle e em seu radar.
“Botei o som baixo para servir de pequena guia. A escola cantou o tempo inteiro. Houve atravessamento no final em função de não haver sonorização no final. Mas eu estou tranquilo. Te garanto que vai ter pagode na avenida. Estamos fazendo os ajustes. Mas em três momentos do nosso desfile iremos fazer. Ainda teremos mais três ensaios na rua para realizar outros testes. Faremos no lado do Cacuia também”, explicou Laíla.
Harmonia
Quando se faz um ensaio sem carro de som há o risco do canto se perder em determinados trechos distantes da bateria. É por isso que o desfile acontece com toda a avenida sonorizada. Para verificar a quantas anda o canto do componente, a Ilha optou apenas por um pequeno referencial de voz, o que acarretou grande atravessamento de canto no final da escola. As alas chegavam a parar de cantar e recomeçavam.
Bateria
O trabalho de Keko e Marcelo é louvável. Para buscar o diferencial daquilo que foi apresentado em 2019 a escola pensou em um pagode em plena bateria. Algo ousado e difícil de se realizar. Os 36 integrantes do pagode se posicionam à frente dos ritmistas quando estes saem do recuo. Após uma paradinha a bateria para completamente e o samba é sustentado pela levada do pagode. Foram duas passadas inteiras do samba. Após isso a bateria se abre e o grupo passa por dentro dos ritmistas. A inovação não impediu que a Baterilha ensaiasse suas bossas e convenções mesmo sem carro de som.
“Estamos em fase de testes e o ensaio na rua foi para isso. Realizamos um treinamento apenas com o canto da comunidade sem carro de som. Estamos em fase de ajustes. Teremos mais quatro ensaios para isso. Com relação ao pagode que vamos fazer primeiro nós pensamos em criar algo diferente pois o nível das baterias está muito elevado e assim estamos buscando sair um pouco do lugar comum. Será um ‘pagofunk’. A bateria fará uma paradinha funk, vai parar e em seguida entre um pagodinho com 12 banjos, 12 tantãs e 12 pandeiros”, disse mestre Marcelo.
Evolução
Também foi afetada com o ensaio diferente. Primeiro que o trecho da rua utilizado era muito estreito, no lado oposto ao que a escola ensaia tradicionalmente. Com uma quantidade imensa de populares na rua a mobilidade dos componentes ficou limitada. Além disso foram mais de duas horas de ensaio com a escola ficando bastante tempo parada.
Samba-Enredo
Teve bom rendimento no ensaio, sustentado por um pequeno sistema de som. Os componentes cantaram bem a obra mesmo com o desafio de pouco escutar a bateria em determinados pontos. A escola cantou principalmente o refrão com bastante força.
Comissão de Frente
Comandada pelo coreógrafo Leandro Azevedo veio puxando a escola, realizando movimentos coreografados que podem ser os oficiais de desfile. O grupo trajava uma roupa preta e também cantou o samba todo o tempo.