A Estação Primeira de Mangueira pisará em 2025 na Marquês de Sapucaí com a missão de limpar o resultado do último ano, quando ficou fora dos desfiles das campeãas, em uma apresentação que ficou aquém na parte plástica da segunda maior campeã da história do carnaval carioca. Para virar a chave, a Verde e Rosa trouxe o carnavalesco Sidnei França, multicampeão em São Paulo, com cinco conquistas na folia paulistana. Confesso um expectativa gigantesca para ver o trabalho do Sidnei França no Rio de Janeiro. Cito os motivos: talento é inegável, leitura de enredo e domínio da narrativa nas fantasias e alegorias.

sidnei franca mangueira
Foto: Maria Clara Marcelo/CARNAVALESCO

O enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões” dialoga com a ancestralidade e a cultura afro-brasileira. Em um primeiro momento, li algumas dúvidas sobre o desenvolvimento, talvez, pela profundidade abordada. Acho que tem muita chance de dar certo na Avenida. Traz uma mensagem forte e fundamental de celebração da história e da resistência do povo negro, além de transmitir uma mensagem de empoderamento e orgulho da ancestralidade africana.

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Posso até “queimar a língua”, mas cravo que não vamos ver imagens que infelizmente tivemos em 2024, quando por pouco a Alcione, homenageada do enredo da Mangueira, não passou pela Avenida sem a cabeça da sua escultura. Aqui, importante citar, não coloco a culpa nos artistas Estevão e Annik, acho que foi o conjunto da agremiação. Uma situação assim é gerada por uma série de fatores, não apenas por essa ou aquela pessoa.

Assim, a Mangueira trouxe o experiente diretor de carnaval, Dudu Azevedo, para organizar a casa. Ele sabe os caminhos da Avenida e tem estofo para aguentar a pressão dos mangueirenses por um desfile que brigue pelo topo do carnaval. Está ciente do trabalho forte que precisa desenvolver na escola. O último ano, por exemplo, deu apenas uma nota 10 em Evolução para Verde e Rosa e outras três notas 9.9.

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O quesito Harmonia acho que a Mangueira está bem servida. A comunidade, obviamente, sempre cumpre o mal de cantar o tempo inteiro, e a dupla de cantores Marquinhos Art Samba e Dowglas Diniz funciona bem demais, além do ótimo trabalho de todo o carro de som. A nota 40 em 2024 comprova isso. Vamos ver como será a disputa de samba. Nenhuma parceria despontou como grande favorita. Fica claro que o rendimento na quadra será fundamental.

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Se estou falando de excelência é hora de citar a “Tem que respeitar meu tamborim”. O nível atual da bateria da Mangueira é muito alto. Os mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto deram um tratamento profissional para o ritmo da escola. É gostoso demais ouvir a bateria da Verde e Rosa. Discordo veementemente o 0,1 tirado em 2024. Era nota 40 e com louvor.

E quem lavou a alma foi o casal Matheus e Cintya. A dupla gabaritou em 2024, após a avaliação injusta de 2023, e chegará para o ano que vem, novamente, com muita possibilidade de dar nota máxima para a Mangueira. Bola certa da direção manter o casal de mestre-sala e porta-bandeira após um ano de avaliação ruim. A convicção no trabalho deu resultado esse ano.

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Por fim, exalto o trabalho da comissão de frente. A dupla de coreógrafos, Lucas Maciel e Karina Dias, fez um ótimo trabalho em 2023 no Tuiuti, chegou na Mangueira para 2024 e correspondeu perdendo apenas 0,1. Pela temática abordada no enredo para 2025 imagino que o trabalho será impactante.