Em plenária realizada na noite do último dia 23 de setembro, dirigentes das doze agremiações do Grupo Especial, junto com a direção da Liesa, decidiram adiar os desfiles do Carnaval 2021, em virtude da pandemia da Covid-19. Porém, na reunião não foi definida uma nova data ou mês para realização do espetáculo, que antes estava previsto para acontecer em fevereiro do ano que vem. Em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, logo após o final do encontro, Renato Almeida Gomes, o Renatinho, presidente da São Clemente, comentou o resultado da plenária.
“A gente precisa de uma resposta definitiva. Como é que vamos lidar com tanta gente na quadra, por exemplo? É só ver o que está acontecendo com o futebol: ninguém mais vai a jogo, é chato para caramba, força uma barra… Recentemente, jogadores do Flamengo com Covid-19. Já pensou no samba acontecer isso? A tragédia que vai ser? A gente tem é que aguardar, agir com cautela, respeitar os profissionais do carnaval. As autoridades é que tem que dar essa resposta para gente”, avaliou Renatinho.
Antes mesmo do início da pandemia, as escolas de samba do Rio já enfrentavam um cenário de adversidade, devido a ausência de recursos e a falta de apoio do poder público. Nos últimos meses, tal situação só se agravou. Muitas agremiações, sem ter mais nenhum tipo de receita, se viram obrigadas a enxugar suas folhas salariais e dispensar funcionários. Apesar de ter mantido todo mundo até agora, Renatinho não esconde que o momento é de dificuldade.
“A São Clemente, administrativamente, ela tem um corpo forte. Prefeitura do Rio não dá mais nada para as escolas há dois anos. Governo do Estado aconteceu agora a fatalidade, não se sabe direito ainda o que vai acontecer. Então, acho que a gente tem que ficar mais pé no chão. Está muito caro o carnaval. Eu mandei pagar todas as contas da São Clemente e estamos fechando todas as torneiras que podemos fechar. Não tem mais como pagar tudo. Conversei com meu casal, com o Leozinho (Nunes, intérprete da escola), com todo mundo, que eu não tenho como pagar”, desabafou.
Em meio às incertezas quanto ao futuro, de acordo com Renatinho, o cenário a curto prazo não é dos mais animadores. “Até agora eu fiz de tudo, mês que vêm eu não sei se terei mais capacidade. Afinal, tenho conta de luz para pagar, conta de água. Eles não pararam de cobrar não. Quero ser sincero, pagar as pessoas direito, não mandei ninguém embora… Deve ter agora umas alternativas aí, mas tem que aguardar”, concluiu.