Após a forte chuva que atingiu a cidade do Rio de Janeiro, a Unidos do Viradouro, segunda escola a ensaiar no último sábado, realizou um ensaio de alto nível na Marquês de Sapucaí, em 61 minutos. Com espetáculo proporcionado pela Comissão de Frente, excelente desempenho da bateria e do carro de som, e o crescimento do samba alinhado ao forte canto da comunidade, a Vermelha e Branca mostrou a força dos quesitos que irá defender na avenida no dia do desfile oficial. A escola de Niterói será a sexta e última a desfilar na segunda-feira de carnaval, com o enredo “Rosa Maria Egipcíaca”, do carnavalesco Tarcísio Zanon. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
No esquenta, a Unidos do Viradouro animou sua comunidade e o público presente com clássicos da escola, como o “Ensaboa”, de 2020, o samba de 1998 e o samba-hino da agremiação. O presidente de honra da Vermelha e Branca, Marcelo Calil, ressaltou para a comunidade a importância do canto e da garra na busca pelo sonhado tricampeonato.
“Foi um resultado positivo para o ensaio. Um ensaio que está a praticamente uma semana dos desfiles. Nós estamos ensaiando a bastante tempo e temos o privilégio de ter uma Amaral Peixoto, onde podemos reproduzir o que acontece aqui na Avenida. Agora é analisar; nós vamos ver vídeos e aproveitamos a mídia para poder dar uma olhada mais de perto no que acontece. Vamos analisar para ajustar o que tem que ser ajustado, mas entendemos que estamos muito prontos para o desfile oficial. Vai ser um espetáculo muito orgânico. As pessoas vão sentir que o enredo, de fato, vai passar na Avenida. O pessoal pode se preparar para um grande espetáculo da Viradouro. O que eu mais gostei hoje foi que, mesmo diante de toda chuva que pegamos antes de chegar e de todo o impacto gerado na cidade, a escola cantou muito. Hoje, eu posso dizer que nós tivemos aqui 2500 ‘Rosas’ cantando com a alma e não com a boca”, explicou Dudu Falcão, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
Quem esteve presente na Marquês de Sapucaí pôde apreciar um espetáculo proporcionado pelos coreógrafos Priscilla Motta e Rodrigo Negri na apresentação da Comissão de Frente da Viradouro. Na avenida, 15 bailarinos vestidos alguns de vermelho e outros num tom de bege aclamavam a Santa Rosa Maria. A apresentação também contou com um elemento cenográfico, com um manto de santa, estampado com imagens que remetem à homenageada do enredo.
Ao longo da apresentação, os bailarinos executaram um coreografia com muita garra e expressão nos movimentos. O ponto alto da coreografia se dava quando uma das mulheres era colocada no manto do elemento cenográfico e erguida, simbolizando a aclamação da santa.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O experiente casal de Mestre-sala e porta-bandeira da Viradouro, Julinho Nascimento e Rute Alves, também realizou uma boa apresentação no ensaio técnico da escola. Vestidos em uma roupa branca com a imagem de Rosa Maria Egipcíaca estampada, o casal demonstrou muita sincronia e garra para superar a pista molhada. O setor 3, onde a pista estava consideravelmente molhada, foi o ponto de maior dificuldade. Na coreografia, o casal alternava momentos de muita força, sobretudo nos giros de Rute, e sutileza, como no beijo lançado por Julinho à porta-bandeira. Em alguns momentos, a dupla fazia menções a letra do samba, como erguer as mãos com punho erguido no “o meu samba é manifesto”.
“O ensaio foi maravilhoso! Foi bom demais! A escola passou em um clima muito bom. É bom testar realmente o som. Tem esse frisson de ‘o Carnaval chegou’. A chuva hoje veio para lavar a pista e a alma do sambista. Tinha muita gente debaixo da chuva para assistir a Viradouro e a Vila Isabel. Foi maravilhoso! A pista estava escorregadia, é notório. A gente sabe disso quando chove dessa forma. Foi legal porque levamos na garra, com coragem. Eu acho que o treino valeu. Óbvio que tem sempre o que melhorar, tem sempre o que buscar. Nunca está 100% pronto. Nós temos uma semana ainda de preparação, como é natural, para chegar 100% no dia do desfile, na hora. Ensaiar aqui é uma benção”, disse o mestre-sala.
“Muito, muito, muito bom! Queria chuva? Não queria. Não sou daquela: ‘veio, que bom’. Não foi legal. Eu queria ver as arquibancadas lotadas porque esse povo merece. Eu sempre falo que meu Carnaval é hoje. Eu não conheço um bloco, não venho nos outros dias na Avenida antes do meu desfile. Quando o desfile é domingo, eu ainda venho segunda. Como o desfile é segunda, só vou pisar aqui no dia do desfile. É hoje que eu brinco. Eu entrei verdadeiramente brincando. Eu amo esse samba. Falei hoje para o Tarcísio [Zanon] e não foi demagogia, em 26 anos de porta-bandeira, são as alegorias mais lindas que eu vi. E eu tive mestres incríveis como carnavalescos. A escola está cantando, brincando, alegre. A escola está feliz. Nós fizemos um ensaio muito positivo. Nós hoje dançamos de roupa social, não dançamos de fantasia. Essa semana agora vai ser para ensaiar com a fantasia. Mas tudo que a gente vem fazendo desde junho e, assim que escolheu o samba, em outubro, já montamos a coreografia. Essa coreografia não foi uma coreografia difícil de ser montada. Foi bom? Foi, mas sempre tem o que melhorar mesmo que agora a gente nem pense o que poderia melhorar. Esse ensaio de hoje com o canto da comunidade é realmente o nosso carnaval, realmente o nosso termômetro para sentir se o que nós estamos fazendo é legal, é bacana, se vai funcionar. Eu não tenho o que pôr e nem o que tirar”, completou a porta-bandeira.
Harmonia
O canto da comunidade da Unidos do Viradouro foi um grande destaque no ensaio técnico da escola. Já com o som oficial da avenida, o canto da Vermelha e Branca não apresentou quaisquer tipos de irregularidades na avenida. De destaque positivo, a ala de número 12 que, mesmo com a chuva, não desanimou e cantou com muita força o samba-enredo da Viradouro. Mesmo quando a bateria realizava o apagão na parte mais forte do samba, o “Eu sou a santa que o povo aclamou”, a comunidade niteroiense sustentava na pista.
Evolução
Ao longo de 61 minutos de apresentação, a Unidos do Viradouro evoluiu de forma Coesa na avenida, sem apresentar problemas que sobressaltem aos olhos. A animação e leveza dos componentes das alas, que apresentavam acessórios nas mãos ou na cabeça, impulsionou o desempenho. Com uma bela roupa com estampas de coração, a ala de baianas da Viradouro evoluiu com muita desenvoltura na avenida. A ala de passistas da Viradouro, em uma bonita roupa preta e dourada, também foi destaque positivo no quesito.
Samba-Enredo
Composto por Claudio Mattos, Dan Passos, Marco Moreno, Victor Rangel, Lucas Neves, Deco, Thiago Meiners, Valtinho Botafogo, Luis Anderson, Jefferson Oliveira e Bertolo, o samba-enredo da Unidos do Viradouro apresentou excelente desempenho na avenida. De característica mais melodiosa, o samba contou com o ótimo desempenho da bateria “Furacão Vermelho e Branco”, do carro de som e, sobretudo, do intérprete Zé Paulo Sierra para passar de maneira aguerrida e forte na avenida, sem deixar o ritmo e o canto da escola caírem. Os refrões e o trecho “Sou a Santa que o povo aclamou” foram, sem dúvida, os trechos mais cantados pela comunidade.
Outros Destaques
Comandada pelo experiente mestre Ciça, a bateria “Furacão Vermelho e Branco” da Viradouro se apresentou com maestria na Sapucaí. Com andamento mais cadenciado, como pede o samba, a bateria sustentou muito bem o ensaio da escola. Na bossa do refrão do meio, os ritmistas da escola se abaixavam e só permaneciam em pé os ataques e os agogôs de duas bocas. No trecho de maior força do samba, o “Sou a Santa que o povo aclamou”, a bateria fazia um “apagão” para o povo cantar. A rainha de bateria da escola, Érika Januza, apostou em um belo figurino prateado.
“Foi muito bom o ensaio tudo aquilo que desejei para bateria da Viradouro o andamento foi uma luta e um desafio para os próprios ritmistas também. Conseguimos vir na boa, eles são disciplinados, fizemos um desfile muito bom, acho que as pessoas gostaram. Pena que o Sambódromo devido a chuva ficou vazio, se tivesse cheio a fazia como no Maracanã aqui. A gente vai conversar amanhã na entrega da fantasia, sempre tem opiniões, temos mais um ensaio na terça-feira. O importante que fizemos na minha concepção um bom ensaio. E em relação ao som, tivemos um delay que prejudicou um pouco, a gente tem que ver isso, ali no segundo recuo não tinha som nas caixas, tirando isso estou muito satisfeito a rapaziada com essa vibração aqui para mim isso não tem preço. Tem uma paradinha que eu não fiz, vai ficar na manga para o dia se precisar”, revelou mestre Ciça.
À frente da escola, militantes do movimento LGBTQIA+, como a vereadora niteroiense Benny Briolly, exibiram uma faixa com a frase “Transfobia, basta!”.
No ensaio técnico, a Unidos do Viradouro levou para avenida 2 tripés, um com uma menina representando a jovem Rosa Maria Egipcíaca e outro, com a passista Vivi de destaque. Além disso, a Vermelha e Branca também levou um telão de Led, que exibia trechos da letra do samba-enredo da escola.
A Unidos do Viradouro será a sexta e última escola a desfilar na Segunda-Feira de carnaval do Grupo Especial. A Vermelha e Branca de Niterói levará para avenida o enredo “Rosa Maria Egipiciáca”, do carnavalesco Tarcísio Zanon.
Colaboraram Augusto Werneck, Cristiano Martins, Matheus Vinícius, Nelson Malfacini e Raphael Lacerda