A Unidos do Porto da Pedra levou para a Marquês de Sapucaí o enredo “Caçador que traz alegria”, que retrata a trajetória da líder religiosa e defensora da cultura negra: Mãe Stella de Oxossi. Quarta escola a desfilar nesta noite de quarta-feira, a Vermelho e Branco de São Gonçalo tem as mesmas cores do Ilê Axé Opô Afonjá, o terreiro de Mãe Aninha de Xangô, responsável pela iniciação de Mãe Stella nas tradições do Candomblé.
Mãe Aninha de Xangô é a matriarca do Ilê Axé Opô Afonjá e foi representada na ala das baianas da Porto da Pedra. A yalorixá dedicou boa parte de sua vida ao sagrado, à família e às questões sociais, servindo de inspiração para a trajetória de Mãe Stella, a grande homenageada da escola neste carnaval.
Maria Inês, de 69 anos, aposentada, contou ao site CARNAVALESCO que começou a desfilar como baiana da Porto da Pedra há 20 anos. Ela revela um pouco da emoção de estar de volta à avenida do samba: “Pra mim tá sendo ótimo, voltando a sair de baiana depois de quatro anos sem desfilar. A fantasia é uma maravilha, levíssima. Vai dar pra evoluir legal”.
A indumentária das senhoras da Porto da Pedra trazia tons quentes de vermelho e laranja sobre o tecido branco. Formas geométricas tribais faziam parte das saias, remetendo à temática afro. Nas costas, um esplendor com penas artificiais em degradê vermelho e branco, as cores da escola. No chapéu, as baianas carregavam ainda muito brilho em aljofre vermelho e dourado, com pedrarias vermelhas no centro.
Maria Hilda, de 81 anos, empregada doméstica, estava empolgada para representar Mãe Aninha de Xangô na passarela do samba, depois de dois anos de pandemia de covid-19. “Desde criança eu sempre gostei de brincar de carnaval. Com essa epidemia a gente ficou triste em casa, não podia fazer nada. Só morrendo gente… Agora que deu uma treguazinha, a gente aproveita”, confessou Maria, que desfila na escola há 5 anos.
Sônia Costa, 70 anos, enfermeira aposentada, veio de São Paulo especialmente para desfilar de baiana na Porto da Pedra. “Acho maravilhoso, porque eu sou do candomblé, sou filha de Oxóssi. Então pra mim está sendo uma benção, um axé muito grande”, revelou a baiana da escola, que disse ainda estar confortável com o peso da fantasia.