Por Alberto João e Guilherme Ayupp
As 14 escolas de samba do Grupo Especial estiveram reunidas na noite de quarta-feira, na sede da Liesa, no Centro do Rio, para a última plenária do ano. O assunto não poderia ser outro. O corte de 50% da verba da Prefeitura do Rio para os desfiles do ano que vem. Porém, o encontro também funcionou para os dirigentes debaterem os novos caminhos que vão ser tomados ao longo dos anos seguintes. Prioritariamente, 2019 já pede alternativas.
Para isso, a decisão colegiada é contar com pessoas e equipes dispostas a somar com o carnaval do Rio de Janeiro nas ideias e ações. Márcio Cunha, ex-diretor de operações do Rock in Rio, chega com know how do mercado, e a produção de quem trabalhou com diversas empresas importantes no festival criado pelo empresário Roberto Medina.
Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, explicou como será a atuação inicial de Márcio Cunha e garantiu que não existe proibição para o trabalho em prol dos desfiles das escolas de samba.
“Foi divulgada de uma maneira a chegada do Márcio Cunha e não deu tempo de fazer a comunicação certa. Houve um ruído de comunicação. Tivemos uma troca de ideias. A intenção é construir um planejamento para os próximos quatro anos e buscarmos um plano de negócios. A tentativa dele é na área de buscar novos parceiros e patrocinadores. Tem experiência e pode tentar achar um formato ou levar o projeto para novos segmentos, como por exemplo, o setor automobilístico. É o caso de agregar com a nossa diretoria comercial para captar novos patrocinadores. Nosso departamento esteve com ele e passou oportunidades e propriedades que podem ser negociadas. Fazermos um plano de ativação do carnaval ao longo de quatro anos e que possa integrar vários outros segmentos. Assim, o formato é dar uma chancela maior ao carnaval. Queremos encontrar soluções. Ele está com a abertura de estar conosco e já para os desfiles de 2019”, assegurou o presidente da Liesa.
Sobre a reunião pedida com o prefeito Marcelo Crivella e o secretário da Casa Civil, Paulo Messina, Jorge Castanheira afirmou que as escolas aguardam que o encontro possa acontecer nos próximos dias.
“Imaginamos que nos próximos dias será possível marcar a reunião para que a gente tenha uma definição concreta do nosso planejamento. As escolas estão sem os recursos necessários para fazerem a preparação para o Carnaval 2019. O encontro é importante para tentarmos achar uma solução para esse caso do corte da verba. Ainda não assinaram o contrato com a Riotur, apenas a Liga fez para organizar a Avenida e venda de ingressos. Estão esperando essa reunião e a solução. Todas receberam até agora R$ 2,2 milhões (cada uma) referentes ao pagamento da TV Globo e da primeira parcela da venda de ingressos”, revelou Castanheira.
Sobre os ensaios técnicos no Sambódromo em 2019, Castanheira ainda não descarta os treinos na Avenida. “Buscamos via Lei Rouanet algum patrocínio para os ensaios técnicos. Temos um plano de executar os ensaios e precisamos do recurso financeiro. Estamos trabalhando em cima disso e a própria Riotur está tentando buscar soluções, via Lei Rouanet ou Lei estadual do ICMS. Estamos trabalhando há muito tempo em cima disso. Fomos bem recebidos na secretaria estadual de Cultural. Já fizemos com a Petrobras e vamos tentar alguma declaração de patrocínio nesse sentido ainda para 2019”.
O presidente da Liesa, reeleito recentemente até 2022, preferiu não comentar a nota divulgada pelo jornalista Léo Dias, no jornal O Dia, sobre uma reunião entre os presidentes das escolas, na última sexta-feira, na Cidade do Samba, e que gerou o boato de um impeachment. Castanheira afirmou que o clima na plenária foi de buscar soluções com todas escolas caminhando juntas.
“Não participei de nenhuma reunião e não cabe a mim comentar. O clima na plenária foi de esclarecer pontos que precisavam ser esclarecidos no ponto de vista geral, seja da parte de patrocínio, e de buscarmos juntos soluções”.
Para o Carnaval 2019, Castanheira disse que o regulamento já foi aprovado e assinado pelas agremiações. Ele descartou qualquer redução na parte plástica dos desfiles devido ao corte de verba.
“O regulamento está pronto e sem mudanças. As escolas já assinaram. Não temos plano B para diminuir o espetáculo há dois meses do carnaval. Reduzir alegoria ou algo assim prejudicaria as apresentações planejadas pelas escolas e carnavalescos. Impactaria profundamente a qualidade do espetáculo planejado”.