A Sociedade Rosas de Ouro está de cara nova no seu carro de som. Na tarde deste domingo, o intérprete Carlos Júnior foi apresentado e fez sua estreia com a comunidade da Brasilândia. Em evento na quadra, o cantor se divertiu com os componentes da Rosas de Ouro cantando sambas antigos e fazendo discursos emocionados. A “Feijoada em Azul e Rosa” também marcou a apresentação do novo mestre-sala, Uilian Cesário. O site CARNAVALESCO esteve presente na festa e conversou com o renomado e estreante intérprete na Roseira. * VEJA AQUI: CARLOS JR. CANTA SAMBAS DO ROSAS
Um novo desafio
‘Carlão’, como é popularmente conhecido no mundo do samba, começou sua trajetória como intérprete no Camisa Verde e Branco e construiu a maior parte de sua carreira no Império de Casa Verde, tendo também passagens em dois anos pelo Vai-Vai e, no último carnaval, desfilou pela Acadêmicos do Tucuruvi. O cantor falou sobre a nova casa.
“Eu sou um sambista e não sou um torcedor. No Rosas de Ouro nós estamos fazendo um contrato. Depois dessa pandemia eu sofri muito. Quando eu fui para o Tucuruvi, consegui me recuperar lá dentro com o amor das pessoas. Acho que fiquei muito tempo afastado disso. Eu fui atrás de desafios novos no Tucuruvi, já tinha um namoro com a Rosas de Ouro. É uma escola que sofre tanto e a comunidade não vai embora. Eu quero participar disso e quero conhecer. E também não vou ser hipócrita, aqui vai ser um lugar que vai me dar uma remuneração legal para eu criar meu filho, dar uma condição básica para a minha família. Ninguém vai ficar, mas eu vivo disso. Eu saí do Império, dei um retrocesso no dinheiro para cuidar da minha saúde no Tucuruvi e aqui no Rosas eu resolvi encontrar as três coisas. Pessoas, recursos e saúde”, declarou.
É fato que uma novidade em uma escola de samba sempre atrai atenções maiores. O intérprete foi muito requisitado no evento. Foi alvo de muitos diálogos, fotos e comentou.
“Eu precisava desse calor humano. É como se fosse cada gota de remédio para mim. Eu fico muito feliz com esses abraços. Nada nessa vida é unanimidade, mas a gente quer adquirir essa confiança”, disse.
Samba preferido
Como dito anteriormente, Carlos Júnior cantou vários sambas antigos da Roseira. Porém tem um que cativa mais o intérprete.
“É o samba de 1989. Eu cantava ele no quintal e foi o primeiro samba que veio no meu sentimento aqui e eu cantei. Minha mãe era viva nessa época. Eu gosto desse samba por causa dela. Era a época do vinil. Me lembrava do teatro, eu ficava imaginando as cortinas abrindo. Eu fazia teatro na minha escola. Esse é o primeiro samba da Rosas que eu me apaixonei”, comentou.
Substituindo um ícone
O intérprete anterior, Royce do Cavaco, fez uma grande história na agremiação. Colecionou inúmeros desfiles e tem uma grande identificação com a entidade. Teve passagens nos anos 80, 90 e, recentemente, de 2017 até 2023. Carlos Júnior falou sobre a grandeza de Royce e como é substituir o cantor na Roseira.
“Em uma sexta-feira teve uma pressão muito grande na diretoria daqui para publicar o vídeo. Eu trabalhei o dia inteiro e 2h da manhã eu fui para a Fábrica fazer aquele vídeo de apresentação e, quando eu saí, a primeira coisa que eu fiz foi ligar para o Royce. Nós tivemos uma conversa de irmão para irmão. Ele me falou palavras que eu fiquei uma hora chorando e disse que eu era a pessoa certa para ter vindo. E eu só posso responder que é impossível substituir o Royce. Eu fiquei ensaiando os sambas para cantar hoje e, essa semana, fiquei ouvindo todos os áudios do Royce. É um fenômeno. Eu não tenho equilíbrio emocional para cantar da forma que ele canta. Eu fiquei vendo os vídeos dos anos 80 e 90. É uma história eterna Royce e Rosas. Nem o Darlan e nem eu. Você vai fazer a vez. Eu venho atender uma geração nova que necessitava uma mudança, porque o Royce é insubstituível”, explicou.
Desfile de 2023
No carnaval de 2023 o Carlos Júnior desfilou pelo Tucuruvi após uma longa passagem no Império de Casa Verde. O cantor fez elogios à escola e avaliou sua participação como positiva.
“Eu tenho certeza que a gente fez um trabalho muito grande no Tucuruvi. Trabalhamos com som precário, mas com alegria e felicidade. A escola me fez ser mais trabalhador do que eu já estava. A gente cantou Bezerra da Silva. Se faltou alguma coisa, não foi pela parte musical. A bateria deu um show, quando passamos pela monumental foi um sacode. Eu vi com meus olhos. Teve escola grande com samba melhor que não teve isso. Quando a gente fez o primeiro ensaio técnico me deu a impressão de que voltaria para as campeãs, mas o segundo acho que não. Talvez o impacto que causamos acendeu as outras escolas, mas da parte musical não faltou nada”, finalizou.