Por Anderson Madeira

Décima primeira a entrar na Avenida Ernani Cardoso, a Acadêmicos da Diversidade, fundada em 2018 em Madureira, Zona Norte do Rio, apresentou o enredo “Umbanda. Diversidade é Paz, Amor e Caridade”, proposto por Carlos Eduardo (Cadu) e desenvolvido pelos também carnavalescos Clark Mangabeira e Victor Marques. Dentro da proposta da agremiação cuja bandeira tem as cores do arco-íris, também símbolo do movimento LGBT, que é sua principal bandeira. O samba é de autoria Dudu Senna e Marquinhos Beija-Flor e foi bem cantado pelos componentes. Sua apresentação foi técnica e sem erros aparentes, sendo encerrada aos 38 minutos.

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Comissão de frente

Os 12 integrantes representavam Exus e sua fantasia significava “No fio da Navalha”. Os bailarinos estavam com vestimentas de praticantes da umbanda em gira e com leques vermelhos dão densidade à dança e compõe imagens cênicas para a festa de inauguração dos trabalhos. Assim, Maria Navalha é convocada, para que leve as dores na aba do seu chapéu e proteja a agremiação com sua valentia e resistência. Teve como coreógrafos Daniel Ferrão e Léo Torres.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Jeferson Pereira Martins e Alana Couto estavam com uma fantasia que significava a dança da incorporação e que significava que “Umbanda nasceu da cura”. Em um certo momento, Alana pareceu incorporar uma entidade na avenida. A dança do casal, teatralizada, foi aplaudida pelo público e os jurados.

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Harmonia

O canto forte da comunidade da escola foi um dos pontos altos do desfile. Em todas as alas os componentes cantaram o samba no mesmo ritmo e houve receptividade nas arquibancadas, o que contribuiu para uma boa apresentação da agremiação.

Enredo

O enredo foi desenvolvido de forma clara e didática, com fácil compreensão pelo público em todas as alas e nas duas alegorias. Uma narrativa linear, que contou os 115 anos da Umbanda. Falou da história do menino paralítico desenganado pelos médicos, anunciou a sua saúde no dia seguinte andou para a fé e pelo Axé. O enredo trouxe uma ampla imersão na religião, com destaque para o sincretismo e a história da sua constituição.

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Evolução

A agremiação evoluiu de forma tranquila, ajudada pelo bom samba e a garra dos componentes. Não houve buracos entre as alas e os desfilantes puderam evoluir e sambar à vontade. Não houve embolamento entre as alas. A maioria delas estava bem alegre e solta. A escola desfilou de forma muito organizada.

Samba

O samba foi bem defendido pelo intérprete Tem-Tem Jr que teve uma boa sincronia com outros puxadores auxiliares no carro de som. Muito cantado da primeira à última ala, incluindo as alegorias, onde os destaques também cantaram o samba, no que foram acompanhados pelas arquibancadas.

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Fantasias

A parte plástica foi um dos destaques do desfile, pela beleza, a leveza e o bom acabamento. Facilitaram muito o entendimento do enredo. Já no primeiro setor, que abriu o desfile, houve pedido de licença dos Exus e representou o começo da Umbanda, com a sua fundação sob a benção do Caboclo das Sete Encruzilhadas, retratando a força, a fé, e o Axé dos Caboclos e das matas que os abrigam. O figurino da ala das baianas lembrava o sincretismo entre Yemanjá e Nossa Senhora da Guia, representando o amor pelo orixá e a fé em Nossa Senhora. No segundo setor, “As Tendas da Umbanda”, o sincretismo que está na força da religião. Foram apresentados os guias, a fé e o Axé das entidades que trabalham pela caridade e o amor. A ala dos ciganos também chamou a atenção, representando os devotos de Santa Sara. Muito animados, os componentes trouxeram a dança, a alegria e a liberdade deste povo.

Alegorias

O abre alas, “Axé dos Caboclos”, representou a força que provém das matas, a mesma dos Caboclos abençoados, percursores da fé na Umbanda. Retratou o começo da religião a partir dos mistérios das matas e florestas. A segunda alegoria representou o “Congá Sagrado”, com sua multiplicidade. Houve ainda um tripé, “Axé dos Pretos Velhos”, que representou a sabedoria dos Pretos-Velhos mandingueiros, que ensinam, abrem os caminhos e benzem os “fios” de fé. As alegorias eram bonitas e com bom acabamento. Não apresentaram problemas visíveis e tiveram bom andamento no desfile.

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A Bateria “Swing Universal”, comandada pelo mestre Washington Paz, com 150 ritmistas apresentou boa cadência e bossas que empolgaram o público. Vestidos como Ogãs, bateram forte os instrumentos em homenagem à Umbanda. A rainha de bateria, Krys Correia, usou uma fantasia que representava a magia da Umbanda, firmada pelo som dos instrumentos sagrados e pelos pontos que são cantados em louvor aos Orixás, Santos e Guias.