A Mancha Verde entrou na Avenida no Carnaval de 2023 com a missão de defender o título conquistado no ano anterior e provar ao mundo do samba que a boa fase não dependia de um patrocínio em especial. Ao final da apuração, a escola terminou como a vice-campeã, perdendo apenas um décimo no quesito mestre-sala e porta-bandeira, defendido há nove anos por Marcelo Luiz e Adriana Gomes, considerados um dos melhores casais da folia paulistana.

Foto: Fábio Martins/Site CARNAVALESCO

Reconhecimento de um legado

O que poderia significar o fim de um ciclo em muitas agremiações não aconteceu com o “Casal Magia”. Encabeçada por iniciativa do presidente Paulo Serdan, a comunidade da Mancha Verde abraçou Marcelo e Adriana intensamente, com mensagens de carinho e aclamação da parte daqueles que realmente importam em uma escola de samba e que sabem da importância da dupla na melhor fase da história da Verde e Branco palestrina. Em entrevista ao site CARNAVALESCO ao final da apresentação no desfile das campeãs, o casal avaliou o desfecho da temporada 2023 para eles.

Adriana Gomes fez questão de exaltar seu parceiro de dança e agradecer a toda comunidade da Mancha: “Com a escola que temos, com o presidente que temos, com a comunidade que temos, eu saio daqui muito feliz. E o mais importante, com o mestre-sala que eu tenho. Ele faz todos os anos, mas o que ele fez esse ano conta a experiência, o amor, respeito e dedicação à arte da dança do mestre-sala e porta-bandeira”, disse.

Normalmente mais contido, Marcelo Luiz abriu o coração em uma aula do que significa ser um casal de mestre-sala e porta-bandeira: “Isso que é parceria, o casal é um só. Estou ali para conduzir uma pessoa que está ostentando o ponto máximo da escola, e eu defendendo. Se meu papel é defender o pavilhão e defender a pessoa que está ostentando o pavilhão que é a porta-bandeira, que é a rainha da escola, esse é meu papel. Minha função é essa. Eu não tenho que ser melhor do que ninguém. Não tenho que ser o melhor de São Paulo ou do Brasil. Eu tenho que ser o melhor para mim, para a minha escola e para a minha porta-bandeira. Eu sendo melhor para eles estou feliz, do fundo do meu coração”, declarou.

Assim que os portões se abriram para a Mancha Verde entrar na Avenida no desfile das campeãs, Paulo Serdan fez seu tradicional discurso. Durante a fala, o presidente fez questão de garantir que todos na agremiação estavam com seus contratos renovados, o que foi visto como outro gesto de apoio aos componentes da escola por Adriana Gomes.

“Não deu tempo nem de pensar, porque se a gente achou que as coisas deram tudo errado, elas deram tudo certo. Estamos em uma escola que respeita o nosso trabalho, nosso carinho, nosso amor ao pavilhão, ao verde e branco e para nossa comunidade. Isso para mim é o nosso dez”, comentou a porta-bandeira.

Marcelo Luiz acredita que a cada ano que passa o nome do casal fica marcado na história da Mancha Verde, em especial pela dedicação que eles aplicam em favor da escola.

“Assim como em todos os anos, e como ano passado em que fomos campeões, parece que esse ano foi ainda maior. Ficamos muito surpresos pela receptividade do presidente e da comunidade. A quadra lotada e todo mundo passando aquele carinho, aquele afeto, apoiando, do nosso lado. Não tem coisa melhor que isso. É o que eu disse, nós somos os melhores para nós e para a nossa escola. Outras escolas serão melhores para elas próprias. Não queremos ser melhores que ninguém. Queremos ser os melhores para a gente, queremos ser felizes, assim como os outros casais e as outras escolas que estão mostrando esse carnaval belíssimo da cidade de São Paulo. É isso que importa”, exaltou.

Volta triunfal dos filhos de Iansã e Oxóssi

Adriana e Marcelo aproveitaram para mandar um recado para a comunidade da Mancha Verde. Em especial a porta-bandeira, que externou aos presidentes das demais escolas de samba um pedido para que o julgamento do quesito seja levado mais a sério.

“Vocês podem ter certeza de que terão um casal para 2024 que virá para essa pista buscar nota. Nesse carnaval viemos fazer isso, mas uma mulher de Iansã brava, ela fica arretada, viu? E eu vou te falar que um Oxóssi bravo também não é bom. Viremos com sangue nos olhos, porém respeitando aquilo que somos como mestre-sala e porta-bandeira, respeitando o pavilhão e pedindo para que os deuses do carnaval e aos presidentes que tenham um olhar mais clínico para forma como é passado o nosso critério para os jurados. Ter um olhar clínico para os nossos critérios e ouçam os julgados. Acho que isso será de muita importância para o próximo carnaval, que é para agora, porque a gente começa a trabalhar agora”, finalizou Adriana.

“Para a minha comunidade eu só tenho uma palavra para definir, que é gratidão. É gratidão, gratidão e gratidão. E é o que a Adriana falou. Uma mulher de Iansã e um homem de Oxóssi… no carnaval de 2024 a gente vem que vem. Podem ter certeza disso”, concluiu Marcelo.