A Portela fez na noite desta sexta-feira e que acabou por volta das 5h30 deste sábado a final de samba-enredo mais importante da história quase centenária. A parceria de Wanderley Monteiro, Vinicius Ferreira, Rafael Gigante, Edmar Jr, Bira e Marcelāo foi a grande campeã. A azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira falará do seu centenário, através do enredo “O azul que vem do infinito”, do casal de carnavalescos Márcia e Renato Lage. Ao CARNAVALESCO, Tia Surica falou do resultado. “O samba campeão foi o melhor para a escola. Tenho certeza que será um desfile emocionante”. * OUÇA AQUI O SAMBA-ENREDO CAMPEÃO
Com o resultado, Wanderley Monteiro chega ao topo dos compositores mais vencedores da Portela. Ele igualou Noca e David Corrêa, que também venceram sete vezes na escola de Oswaldo Cruz e Madureira. “Primeiro, igualar a Noca e a David é uma alegria muito grande, mas a gente tem que saber que eu igualei apenas o número de vitórias. O legado que o Noca está deixando e que o David deixou é muito maior. Fico muito feliz, ainda ter igualado em alguma coisa com eles. Alegria é muito grande, é como se fosse ganhar a primeira vez, isso é mais importante. Talvez, pelo centenário, pela disputa disputadíssima que nós tivemos aqui, foi uma disputa bonita, a Portela ganhou muito com isso. Os sambas muito qualificados, ganhamos contra compositores maravilhosos, isso me deixa mais feliz, porque foi disputa uma muito apertada, como eu já falei, a gente chegou a final e conseguiu levar junto com meus companheiros, a parceria tá de parabéns mesmo. Foi fundamental a comunidade abraçar o samba. Cantamos os carnavais emblemáticos que a Portela fez durante esses cem anos, falamos dos personagens da Portela, isso mexe com o coração portelense”, disse Wanderley Monteiro.
“A gente tem que agradecer mais uma vez pela Portela ter acreditado na nossa parceria, por ter chegado até aqui e disputar com grandes nomes: Noca, Diogo Nogueira, Mariene de Castro, Mauro Diniz. São muitos gigantes aqui dentro e aqui a gente tem que respeitar a casa. Estou muito feliz de mais uma ter colocado o hino da escola junto com a minha parceria pra desfilar na avenida, a gente vai tentar emocionar cada um componente, como a gente já se emocionou para chegar aqui. Esse é meu terceiro título. A Portela é uma grande família”, afirmou o compositor Edmar Jr.
“É um sonho que se realizou, afinal, um título assim é o máximo na vida de um compositor. Quando comecei a compor, recebi o convite aqui na Portela e a gente não sonhava em ter um samba no centenário. Fazíamos porque gostávamos e tudo aconteceu. É uma escola que ensina não só a música, mas também, valores. Fizemos o melhor que a gente podia. Revisamos a letra e quando chegamos com o samba pela primeira vez, sentimos a energia do público. Essa é a minha terceira vitória e sem dúvida é uma das maiores emoções da minha vida. Já chorei, sorri e estou sem voz”, comemorou Rafael Gigante.
“Acredito que fecha um arco narrativo da minha história de vida muito bonito. Vir a ser campeão de um samba desse no ano do centenário é uma coisa que eu nunca imaginei, era um sonho muito longe de acontecer. Estou ainda esperando cair a ficha, porque sou só felicidade, choro, riso. Eu sou compositor da Portela com muito orgulho. A escola me recebeu de braços abertos, viu meus acertos, viu meus erros e estou sendo coroado. Sigo em êxtase com minha terceira vitória: 2015, 2022 e 2023”, explicou o compositor Vinicius Ferreira.
O presidente Fábio Pavão atendeu o CARNAVALESCO e contou que o samba-enredo e o técnico portelense vão estar baseados na técnica e na emoção, sem conflito entre ambos.
“Temos a emoção como a marca desse enredo. O samba emociona todos os componentes, torcedores e segmentos e que permita um grande carnaval em 2023. Foi uma escolha 100% na mão dos segmentos. Esperamos um desfile com samba, alegorias e fantasias que despertem uma memória afetiva do portelense e a saudade daqueles que passaram, aliados com uma boa evolução, harmonia. Podemos ter técnica e emoção, não há conflito”.
Perguntado sobre pressão para vencer no ano do centenário, Pavão diz que existe. Ele também falou do planejamento da escola até o dia do desfile.
“Não tenha dúvida (ter pressão pelo título) que sim, mais do que nunca. O portelense quer ser campeão e tudo o que estamos fazendo no centenário tem essa responsabilidade a mais. Estamos lidando com isso e seguindo cada etapa de uma vez, degrau por degrau. Queremos nos superar esse ano e entregar um altíssimo nível de alegorias, fantasias, evolução e todos os outros quesitos para proporcionar um carnaval histórico para a Portela. Desfilaremos com cerca de 2800 componentes. Gostaria que fosse como no passado em que era possível sair com mais de 6 mil, porém, temos um tempo regulamentar de 70 minutos e é preciso usar a razão. Essa é uma das formas de se colocar em prática a técnica no controle da emoção. A expectativa é iniciar no começo de dezembro os ensaios de rua, parar no final do ano e seguir direto de janeiro até o carnaval”.
Responsável ao lado de Márcia Lage pela produção do desfile do centenário da Portela em 2023, Renato Lage falou ao CARNAVALESCO da responsabilidade e agradeceu a confiação da direção portelense.
“Eu tenho que agradecer a confiança da escola por acreditar que eu poderia fazer o carnaval que representa o centenário da Portela. Para mim, é um imenso prazer e uma honra enorme. A escola é a mãe de todas as outras e eu só tenho gratidão pela diretoria e segmentos por acreditaram no nosso trabalho. Tenho certeza que será um fechamento do meu currículo de forma gloriosa. A responsabilidade obviamente é a mesma todos os anos, mas não tem como negar que nesse próximo carnaval será especial e diferente. A Portela está acima de qualquer coisa, de Renato Lage. Ela é a matriarca e merece essa homenagem. Hoje temos que unir a emoção com a técnica, não tem outra forma. Eu não preciso fazer tanto porque a Portela já fala por si. É sobre a águia, o que eu posso dizer é que vai surpreender. É uma visão minha e que foi aceita pela escola”.
Vice-presidente, Junior Escafura comentou sobre o resultado da escolha do samba-enredo da Portela para 2023. “O que não podia faltar no samba, além do enredo é a emoção que o Portelense gosta. Os compositores vencedores foram felizes, o refrão principalmente que chama a escola pra cantar. Ganhou o samba do Wanderley Monteiro, porque foi o samba que a quadra escolheu, pois ele explodiu sendo cantado. Tinha. muitos sambas bons, mas ganhou aquele que os segmentos da escola escolheram”.
O dirigente portelense citou a responsabilidade de estar na diretoria no ano do centenário. “Uma missão muito honrosa e difícil, mas ao mesmo tempo quando a gente faz por amor as coisas se tornam mais simples. Prometemos muito trabalho, empenho e um carnaval a altura da Portela”.
Premiados com o Estrela do Carnaval 2022, como melhor casal de mestre-sala e porta-bandeira do Grupo Especial, Marlon e Lucinha, comentaram sobre o ano e o que vem por aí até o dia do desfile.
“Tem sido um ano muito intenso de trabalho porque depois que eu machuquei o pé, venho de uma sequência de fisioterapia e já estou me preparando para voltar com tudo. Estou muito feliz com a fantasia que foi pensada, é do jeito que eu sonhei. Em relação à escolha do samba eu estou bem confiante, são obras lindas e que inspiram. Com base no samba escolhido é que nos inspiramos para entregar o melhor trabalho possível”, afirmou a porta-bandeira.
“É engraçado pois já montamos uma base da coreografia que cabem nos três sambas finalistas. Queremos retornar para o próximo carnaval com a mesma essência e grandiosidade que foi o carnaval de 2022. Será com base numa coreografia clássica, uma fantasia clássica para encantar o júri novamente. Nosso objetivo é remeter aos carnavais antigos e queremos trazer isso para nossa roupa. Agora, com a definição do samba, vamos encaixar na coreografia, junto com os movimentos obrigatórios. Vamos lutar por um excelente resultado”, garantiu o mestre-sala.
Voz da Portela e com a missão de cantar o samba-enredo do centenário, o intérprete Gilsinho ressaltar a honra de estar no comando do microfone principal neste momento tão especial.
“É uma festa grande. São cem anos de escola, de muita história e vai ser uma honra muito grande estar podendo representar minha escola. Eu sou portelense, e poder cantar o samba da minha agremiação nesses cem anos de vitória que temos é muito gratificante. Alegria de ver todos os baluartes da azul e branco, os que estão vivos graças a Deus e os que não estão, vão abençoar a gente lá de cima. A técnica é surpresa, só vão saber na hora”.
Comandante da Tabajara do Samba, mestre Nilo Sério explicou a missão que terá no desfile centenário da Portela. “Responsabilidade é muito grande. Portela cem anos. Estou pensando já nas bossas que vou fazer. Irei fazer uma para a gravação e depois que voltar da França vou encaixar uma para o ensaio de quadra. São os cem anos da escola, eu não posso fazer muitas paradinhas. Porque tenho uma velha guarda que é assídua na agremiação e todos vem em cima de mim. A diretoria veio conversar comigo, o menos é mais. Vou respeitar a melodia e a cabeça do samba”.
Questionado sobre a segurança que o trabalho da bateria passa para escola, Nilo Sérgio falou: “São os ensaios, nós ensaiamos muito. A bateria da Portela tem seis anos que a gente se conhece. Trocamos algumas peças, mas sempre é o mesmo, no geral todos se conhecem. No olhar, vamos vendo o ritmo de cada um. Acredito que a união é chave principal para a excelência. Eu não esperava que isso fosse acontecer. Há dois anos estava pensando no centenário e hoje vou ser o mestre de bateria dos cem anos. É complicado, muita responsabilidade e uma emoção de estar no comando da bateria da escola. Fico emocionado, porque vou estar no centenário e espero estar também nos 150 anos da Portela, mesmo velhinho. Quero ajudar a majestade a conquistar a 23ª estrela”.
Portela faz show espetacular
Comandado pela diretora artística, Nilce Fran, a Portela fez um show de abertura da final repleto de beleza, e, sobretudo, de muita emoção. Até o momento, o melhor das finais realizadas. O espetáculo começou com apresentação Chacal do Sax tocando “Foi um Rio que passou em minha vida” e “Portela na Avenida”, a quadra inteira acompanhou em coro. Após, no telão, um trecho do vídeo de apresentação do enredo foi exibido e os grandes baluartes da escola surgiram no palco. Tia Surica subiu ao palco ao “lado” de Candeia e cantou uma música dele. Vilma Nascimento, o eterno cisne da passarela, entrou com um personagem representando Natal e depois dançou ao lado de Marlon Lamar e Jerônimo.
Ao logo do show vários sambas históricos da agremiação foram cantados por Gilsinho, vale destacar ainda o show da Tabajara do Samba, comandada pelo mestre Nilo Sérgio. Outro ponto de destaque da noite foi a rainha de bateria, Bianca Monteiro, em um primeiro momento ela se apresentou com uma pintura corporal que simulava uma águia, depois, ela se juntou aos ritmistas e esbanjou muito samba no pé.
Análise das apresentações das parcerias na final
Parceria de Noca: A parceria começou apresentação com muita força e manteve o ritmo durante todo o tempo, a torcida preencheu toda a quadra e todas as partes do sambas foram cantadas a plenos pulmões, porém, os refrões conseguiam superar esse canto. Além da torcida, foi possível observar que vários llsegmentos da agremiação cantavam o samba, o mesmo foi visto nos camarotes. A parceria contou com bandeiras e bexigas caíram do teto em determinado ponto da apresentação.
Parceria de Mariene de Castro: A segunda parceria da noite começou sua apresentação com uma força absurda, antes mesmo do início do carro de som começar a cantar, os torcedores já estavam cantando a capela. As primeiras passadas, sem bateria, mostraram a força do samba, a parte que diz “meu toque do tambor é trovoada, acima de manto não existe nada” levava a torcida ao êxtase. A torcida levou balões azuis em formato de corações e também outros coloridos, além de bandeiras nas cores da escola.
Parceria de Wanderley Monteiro: Assim como as duas parcerias anteriores, essa também começou com muita força, conduzido pela força do canto de Wander Pires, a parte “deixa a Portela passar” era cantada com muita garra pela torcida e também segmentos da escola, foi o momento em que a quadra mais vibrou, durante a apresentação apenas da torcida, sem a bateria e cantores, o volume não baixou, foi uma passagem muito forte. Os os torcedores levaram bandeiras nas cores da escola.