A Águia de Ouro realizou um grande evento, na noite do último sábado, dando o pontapé inicial rumo ao Carnaval 2023. A festa foi marcada pela apresentação do samba-enredo que irá embalar a comunidade no próximo ano. Além disso, foram divulgados os pilotos e o novo casal de mestre-sala e porta-bandeira (Lyssandra Grooters tomou posse do pavilhão e será a nova parceira de João Camargo, que irá para o seu décimo terceiro desfile como mestre-sala oficial).
Vale destacar o formato para a apresentação dos setores de desfile da escola. Para cada setor, um show teatral com uma parte do enredo era apresentado. Outra novidade foi o intérprete Chitão Martins, que reforçará a ala musical ao lado dos outros cantores oficiais, Douglinhas Aguiar e Serginho do Porto. O samba-enredo foi feito de maneira diferente. A escola optou por não divulgar as obras e a definição foi realizada internamente.
O quadro de casais, pavilhão do enredo, coreógrafo de comissão de frente e toda a equipe que irá fazer parte da linha de frente da Águia de Ouro em 2023, foram exaltados no evento. O enredo da agremiação será: “Um Pedaço do Céu”.
Sidney França, carnavalesco da agremiação, contou brevemente sobre o enredo e falou da confecção das fantasias. “Esse enredo é muito especial para mim. Vem depois da pandemia, te traz leveza e o samba já retrata muito isso. A proposta da escola é um carnaval leve, colorido e lúdico e, “Um Pedaço do Céu”, é um enredo filosófico porque parte de uma pergunta ‘o que te leva ao céu’? Lembrando que vai muito além de uma construção religiosa que o cristianismo construiu sobre o paraíso de um lugar inalcançável que só os virtuosos chegam. No nosso desfile, o céu é o lugar onde existe a recompensa que te faça ser feliz. É um enredo que vai ser gostoso de assistir, sugestivo e questionador”, disse.
O artista falou da confecção das fantasias. “É uma criação minha, até porque a escola não tem comissão de carnaval. É essencial dar créditos a quem é de direito, porque nós tivemos uma equipe muito talentosa pra construir essas fantasias, mas todas comandadas por mim. Segue uma narrativa que o enredo pede, desde as questões de textura, cores, materiais, volumes e formas. Eu estou satisfeito não só pelo visual, mas sim pela reação da comunidade. Ela se sentiu representada e orgulhosa mais uma vez”, completou.
O presidente da agremiação, Sidnei Carrioulo, comentou o início do projeto. “Eu sou suspeito a falar. Quando estamos no processo, a gente busca sempre o melhor. A sensação é boa. De um trabalho legal. O projeto é legal, o samba tem alguns ajustes a se fazer, mas essa é a pegada que a gente vem. Nós temos algumas pessoas que tem bagagem para saber o que a escola precisa. O samba tem muita coisa do gosto pessoal. A gente sempre pensa no coletivo. Agora o samba acontece mesmo na avenida, vamos ver”, comentou.
Chitão Martins é um reforço para a ala musical da Águia de Ouro. O intérprete vem de 10 anos no Colorado do Brás e, agora, volta à primeira agremiação que o abrigou no carnaval paulistano. “Estou feliz. Águia de Ouro é uma casa que me acolheu quando eu cheguei no carnaval de São Paulo. Eu vim de Santos e cheguei aqui com o apoio do Serginho. Depois fui seguir a minha caminhada, passei pelo Pérola e Colorado, onde fiz a minha linda história, fiquei por 10 anos e agora eu retorno com uma cabeça nova e com uma bagagem. Acho que o Águia de Ouro agora é uma escola que cresceu muito, só disputa títulos e casou muito bem. Douglinhas e Serginho do Porto são dois amigos. Temos um entrosamento, o resultado é esse que vocês viram, é um clima sem vaidade, de alegria e é isso que é importante”, afirmou.
O cantor avaliou o hino que a agremiação irá desfilar no próximo carnaval. “Foram entregues os sambas, a princípio haveria uma disputa aqui na quadra, mas houve uma conversa com os compositores para eles mexerem alguma coisa. A diretoria gostou e achou que seria perda de tempo vir aqui e fazer uma disputa, ia ter um tempo curto para mexer no samba e entregar pra Liga. Então a gente acabou optando por esse samba, fizemos alguns ajustes para deixar na cara da escola. Mas o samba é bom. Contagia muito. Eu gostei do refrão, onde fala ‘Águia guerreira, teu samba é imortal’. É um samba que você começa a cantar e ele vai contagiando e quando vai ver, está pulando e cantando. Tem tudo para mexer com a arquibancada e ser um dos melhores do carnaval”, analisou.
Outro componente do carro de som, Serginho do Porto, já é figura carimbada na agremiação. Entre idas e vindas, o cantor soma 22 anos atuando nos microfones da comunidade da Pompéia. “Parece quefoi ontem. Eu acabo nem saindo do Águia. Eu acabo nem desfilando, mas sempre estou por aqui. Nos momentos mais difíceis eu sempre volto para ajudar. A escola teve o rebaixamento no carnaval de 2017 e eu vim para ajudar a reerguer. Eu só não consegui estar no título porque eu tinha compromisso muito grande no Rio de Janeiro e não coincidia o horário. Então é um prazer imenso estar de volta á escola que me abrigou em 1999 e lá se vão 22 anos aqui. Essa parceria com o presidente Sidnei, mestre Juca, nós temos um carinho muito grande”.
O intérprete também opinou sobre a obra escolhida para 2023. “Eu concorri também, junto com meu filho, meus sobrinhos e parceiros do Rio de Janeiro. A diretoria da escola optou por esse samba. O Águia hoje tem essa obra que funciona para desfilar, representa o enredo dela e é um samba leve. Hoje em dia se entrega sambas-enredo com a mesma melodia e as mesmas coisas e, isso, está deixando sambas esquecidos e descartados. A gente optou por um samba mais curto e de fácil memorização”, contou.
O diretor de bateria, mestre Juca, rasgou elogios ao trabalho do Sidney França e disse que o samba para o carnaval de 2023 se destaca pelo refrão. “Eu confesso que não tinha vistos as fantasias e me surpreendeu positivamente. O Sidney França é diferente. As paletas de cores e todas as coisas que ele faz é realmente outro nível. O samba eu tinha ouvido no processo de audição, já tinha agradado todo mundo porque é curto, leve e tem um refrão que é chiclete, não tem jeito. É a cara da nossa comunidade. Estamos no caminho certo, no horário que a gente vai desfilar e com esse samba, tem tudo pra dar certo. O apagão aqui foi feito na hora. Agora vamos trabalhar o andamento dentro dele e, depois, vamos criar as bossas e fazer todos os arranjos”.
João Camargo está indo para o seu décimo terceiro carnaval seguido como mestre-sala oficial do Águia de Ouro e, para 2023, irá desfilar como uma nova parceira. Trata-se de Lyssandra Grooters, que também é ‘cria’ da Pompéia. O mestre-sala comentou como é ter uma nova porta-bandeira ao seu lado. “Primeiramente é um resgate do que já existiu. Ambos somos ‘crias’ da casa no mesmo ano. O destino é ‘multi’. A Lyssandra teve em outros locais e agora pôde estar retornando a meu convite com aval do presidente Sidnei Carrioulo, no qual toda confiança ele sempre depositou. Como ele disse no discurso, a Lyssandra nunca foi esquecida e ela voltou no melhor momento dela. Talvez se ela tivesse assumido lá atrás, não estaria. Estou muito feliz e como eu falo para a Lyssandra, a gente não é novo no carnaval. O trabalho só é pautado de novos desafios e esse eu estou muito contente. A gente respeita as pessoas que passaram na nossa carreira, mas agora é o nosso momento e queremos trilhar com muita maestria e humildade”, exaltou.
A porta-bandeira Lyssandra Grooters, mostrou muita emoção ao falar que vai ostentar o pavilhão de sua escola de coração. “É um sentimento de amor pela arte, pela Águia, que é a minha escola de coração. Acho que poucas pessoas, sendo mestre-sala e porta-bandeira, tem a oportunidade de dançar ostentando o primeiro pavilhão. Esse momento para mim é único. Foi sensacional, inesquecível e a parceria com o João, como ele mesmo falou, é um resgate daquilo que ficou para trás. Ele era o primeiro mestre-sala da escola e eu era a terceira. Tivemos um ciclo, cada um foi para seu lado e, hoje, estar retornando é muito gratificante. A gente espera muito que as pessoas assimilem a nossa dança como forte e firme. Estamos construindo e queremos apresentar um belo espetáculo”, finalizou.