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Salgueiro se entrega à emoção, espanta crise e lava a alma em ensaio

Por Guilherme Ayupp. Fotos: Magaiver Fernandes

Não foi fácil segurar o choro. Aos primeiros acordes do samba de 2019, entoado pela recém formada dupla de intérpretes Quinho e Emerson Dias, as lágrimas caíam involuntariamente. O choro incontido de quem já viveu todas as emoções possíveis em uma escola das mais intensas do carnaval carioca. O Salgueiro é pra quem tem fé, já dizia um clássico samba da agremiação. Em seu ensaio de quadra, na noite desta quinta-feira, o primeiro com a nova gestão do presidente André Vaz, o protagonista voltou a ser quem sempre deve ser, a escola de samba. Um canto com a alma em um autêntico sacode na Silva Teles, deixando o recado de que a Academia do Samba está mais viva do que nunca.

“Estou positivamente surpreso com o que acabei de ver. Quando cheguei aqui e vi a quadra vazia fiquei um pouco preocupado, mas depois notei que lá fora estava bem cheio. O salgueirense deu um recado muito importante essa noite de que estará sempre ao lado dessa escola. Ajustes nós sempre vamos ter de fazer entre um ensaio e outro. Mas foi um primeiro de lavar a alma certamente”, afirmou Alexandre Couto, que volta ao posto de diretor de carnaval.

Harmonia e Evolução

Apesar da mudança na harmonia da agremiação no fim da gestão passada e o retorno agora dos antigos diretores, o salgueirense compareceu em peso e cantou com muita força a obra para o Carnaval 2019. O Salgueiro demonstrou um canto aguerrido, quase com raiva, o que ficou conhecido como rolo compressor. A evolução só pode ser analisada no aspecto da espontaneidade, pois os componentes não se deslocam pela quadra. A emoção estampada no rosto de cada integrante era nítida.

“Devo minha carreira ao Quinho, pois se ele não me leva para a Grande Rio em 2000 não sei se hoje eu seria um cantor e eu sempre falei que minha filosofia na avenida é inspirada nele. Resolvi ficar calado todo esse tempo e aguardar o posicionamento da nova gestão comigo. E o que foi apresentado me agradou. Estou muito feliz”, garantiu o intérprete Emerson Dias.

Samba-Enredo

Comprovadamente um samba com o DNA do Salgueiro, ainda mais trazendo para a avenida o orixá que rege os caminhos da escola, Xangô. Surpreendentemente positivo o entrosamento demonstrado por Quinho, uma entidade da escola, e Emerson Dias, que iniciou sua carreira graças ao experiente cantor. Uma arrancada com a força do Salgueiro e um rendimento avassalador em uma quadra em êxtase, demonstram que o samba está no lugar.

“Não nego que tive propostas de outras escolas, mas decidi esperar para realizar o meu sonho de novamente cantar para essa comunidade, o meu povo salgueirense. Não tem uma estrela, nosso carro de som é um time. Você pode tirar qualquer um aqui e colocar em qualquer escola. O Emerson é um garoto muito aguerrido, muito competente. Eu estive me preparando todo esse período, fazendo fono, academia. Vamos chegar tinindo no carnaval”, prometeu Quinho.

Bateria

Também sob nova direção, a bateria dos jovens Guilherme e Gustavo deu mostras de que não perderá a qualidade implementada por Marcão nos últimos 15 carnavais. Já foi possível notar o dedo do trabalho dos garotos, principalmente, no que tange ao andamento da consagrada Furiosa do Salgueiro.

“Nasci nesta quadra. Frequento o Salgueiro quando ainda estava na barriga da minha mãe. Estamos implementando o nosso trabalho, dando a nossa cara daquilo que nós acreditamos ser o ritmo característico da escola. É uma honra muito grande ser um dos mestres de bateria junto com meu irmão”, disse mestre Guilherme.

“Procuro não ficar pensando muito no tamanho desse cargo, pois senão eu nem durmo. A gente conversou bastante, ponderamos tudo e vimos que estávamos prontos para um desafio dessa magnitude. Nenhum mestre de bateria consegue trabalhar sozinho, por isso a gente conta com um time de diretores para nos auxiliar em toda montagem de bossas e condução da bateria”, complementou mestre Gustavo.

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