O Observatório de Carnaval da UFRJ (OBCAR) promoveu uma série de mesas de debate com carnavalescos do Grupo Especial e Série A no campus da universidade na Ilha do Fundão. Um dos temas debatidos foi justamente a aproximação entre o ambiente acadêmico e os profissionais de carnaval, como propôs a semana do empreendedorismo. (Fotos de Amanda Alves)
Estrelando em um trabalho solo este ano, o carnavalesco do Império da Tijuca, Guilherme Estevão diz ver com bons olhos a conversa com o ambiente acadêmico. O jovem artista veio dos bancos universitários diretamente para o chão dos barracões.
“Vejo com muitos bons olhos este estreitar de laços entre a academia e o carnaval. Somos uma cadeia produtiva, e infelizmente a maioria das pessoas visualiza a festa dos quatro dias. É preciso uma compreensão maior da posição do carnaval. É cultura, é turismo, mas é muito economia. O debate tem sido demagogo. Olhar para si e discutir essa cadeia produtiva só vai fazer bem à festa”, opinou.
Rodrigo Marques, que estreou no Sambódromo neste ano fazendo a Unidos da Ponte e por problemas pessoais não vai estar na avenida em 2020, tocou no aspecto da profissionalização dos artistas do carnaval.
“A Intendente Magalhães é um excelente laboratório. Eu até considerava que era mais difícil que fazer Série A, mas eu notei que a dificuldade no Sambódromo não é diferente. As relações dentro do próprio carnaval precisam melhorar. Estamos todos na mesma trincheira e precisamos conversar. Esse assunto da profissionalização precisa ser mais debatido. Não pode achar que o carnavalesco vai aceitar qualquer condição. Talvez criar um conselho profissional para nos colocarmos perante os gestores. Há um canibalismo entre alguns profissionais. Quem perde somos nós”.
Pra Tarcísio Zanon, que terá a segunda oportunidade no Grupo Especial pela Unidos do Viradouro em 2020, é importante o ambiente acadêmico, mas também que o profissional busque o dia a dia do barracão para ganhar experiência mediantes dificuldades impostas.
“O carnaval passa por muitas dificuldades. Eu fiz uma pós-graduação em carnaval. O ambiente acadêmico te dá ferramentas mas o ambiente de barracão te da um aprendizado muito maior. As barreiras que enfrentamos são pequenas perto do amor que temos. Todo carnavalesco tem que saber formar uma equipe. Não estamos dentro de uma bolha. Precisamos falar sobre carnaval”, destacou.