Compositores: Lico Monteiro, Samir Trindade, Leandro Thomaz, Marcelo Adnet, Marcelo Lepiane, Telmo Augusto, Gigi da Estiva e Juca
Intérprete Oficial: Wander Pires

Eu sou filha de uma dor
Que nasceu no interior de uma saudade
Neta de vô preto velho
Que me ensinou os mistérios
Bitita, cor que sonhou liberdade
Me chamo Carolina de Jesus
Dele herdei também a cruz
Olhem em mim, eu tenho as marcas
Me impuseram sobreviver
Por ser livre nas palavras
Condenaram meu saber
Fui a caneta que não reproduziu
A sina da mulher preta no Brasil

Os olhos da fome eram os meus
Justiça dos homens não é maior que a de Deus!
Meu quarto foi despejo de agonia
A palavra é arma contra a tirania!

Sonhei sobre as páginas da vida
Ilusões tolhidas por um sistema algoz
Que tenta apagar nossa grandeza
Calar a realeza que ainda vive em nós
Meu barraco é de madeira
Barracões são do Borel
Onde nascem Carolinas
Não seremos mais os réus
Por tantas Marias
Que viram seus filhos crucificados
Nas linhas da vida, verbo na ferida, deixei meu legado…
Meu país nasceu com nome de mulher
Sou a liberdade… Mãe do Canindé!

Muda essa história, Tijuca
Tira do meu verso a força pra vencer!
Reconhece o seu lugar… e luta
Esse é o nosso jeito de escrever!