InícioGrupo EspecialFlamanguaça acerta na comissão de frente, mas apresenta erros em evolução

Flamanguaça acerta na comissão de frente, mas apresenta erros em evolução

Por Juan Tavares

A Flamanguaça não é nada inocente. A agremiação fez sua estreia em 2022 no Grupo de Avaliação, não só levou o troféu neste ano, como repetiu a dose em 2023, consagrando-se campeã da Série Bronze. Ela veio para desnortear suas rivais que desfilaram na mesma noite, porém isso não é motivo para fazer a escola “relaxar”. O principal destaque vai para a comissão de frente coreografada por Shock Juliano, proporcionou à arquibancada, o prazer de assistir uma sintonia completa tanto em dança quanto em ritmo entre as integrantes: todas mulheres que se movimentavam de modo uniforme durante todo o desfile. O ponto negativo do desfile foi o modo aparentemente apressado como a primeira musa e o primeiro casal passaram na avenida. O buraco ficou grande durante essa parte da competição. Esse detalhe não poderia passar despercebido aos olhares mais atentos. Para além disso, não se pode aferir se o que aconteceu ali foi um desfile ou uma atividade física,
como as grandes maratonas dos corredores que ocorrem mundo afora.

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Fotos: S1 Comunicação/CARNAVALESCO

A ala das baianas deu um show com os trajes nas cores dourado, laranja e branco, que embelezaram a Intendente enquanto faziam a coreografia de um lado para o outro para permitir que as saias girem como deve ser feito.

Comissão de Frente

A comissão esteve linda durante o desfile. As integrantes, unidas e vestidas de gazelas negras, performaram muito bem na apresentação. O ritmo em que elas se coreografaram, mostrou como elas estavam bem-preparadas e em sincronia umas com as outras. O único ponto em questão que poderia ter sido repensado era a velocidade que ela passou, pois deixou um grande vazio (buraco) na avenida.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O casal integrado por Anderson Mota e Camyla Nascimento teve um desempenho muito bom enquanto dançavam e exibiam simpatia para o público. Não houve nenhum erro da parte de ambos nesse sentido. Eles só deveriam ter atravessado à avenida com menos afobação.

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Harmonia

De modo geral, os componentes cantavam e demonstravam o amor pela escola. O enredo Coletivo Gazela Negra – O Quilombo Contra o Racismo foi entoada com vontade, a plenos pulmões, com bastante amor tanto pelos integrantes das alas, quanto pela bateria que mais uma vez arrepiou a todos com a energia dos sons dos instrumentos.

Evolução

Foi muito boa, porém seria melhor se a escola tivesse colocado menos carros alegóricos no desfile. Muitas das vezes, menos é mais. O “arroz com feijão bem-temperado vale muito mais do que um caviar com champanhe fora da validade”. De nada adianta ter tanta beleza visual com alegorias e tripés bem-acabados se para isso coloca-se em xeque o desempenho, é como trocar seis por meia dúzia. Os puxadores animavam a bateria, que por sua vez, animava os demais componentes.

Samba

Coletivo Gazela Negra – O Quilombo Contra o Racismo é e sempre será um tema bastante relevante para se trazido a todos os ambientes. O enredo conta a história da ex-atleta, que se tornou conhecida como “Gazela Negra”. Além disso, esse “hino” eleva não só ela, como outros atletas negros que merecem e devem ser valorizados. Falar de pautas antirracistas, principalmente em manifestações populares como o carnaval, são de extrema importância tanto para as camadas mais populares, quanto para as mais elitistas. O Carnaval é a festa do povo para o povo, mas nos últimos anos, a elite política e econômica do país tem-se
mostrado interessada neste segmento. Os intérpretes Julia Alan e Hudson Luiz usaram suas vozes potentes para Intendente proclamando cada estrofe do enredo deste ano.

Outros Destaques

A bateria merece o destaque por sua execução com maestria e ritmo, e o uniforme de gazela negra foi um espetáculo à parte. Parabéns ao mestre Renan Gohan. O carnavalesco Amarildo de Mello e o presidente da escola, Felipe Amorim, acertaram precisamente em homenagear Erica Lopes da Silva, velocista importantíssima na década de 60 como samba-enredo da escola, principalmente pela sua luta e resistência em um ambiente ainda muito
excludente e preconceituoso como é o setor de esportes. Os trechos mais marcantes do samba foram “Preta reluziu para afastar o mal. Vencer demandas, reinar na pista. E se apaixonar em pleno carnaval” e “Quero ver quem vai falar do meu cabelo. Quero ver que vai julgar a minha fé”.

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