Por: Rhyan de Meira e Raphael Lacerda

A Mocidade Independente de Padre Miguel abriu a última noite de desfiles do Grupo Especial com um carnaval que resgatou sua própria essência. Sob a assinatura de Renato Lage, a escola da Zona Oeste afastou as desconfianças e entregou uma apresentação que reconectou a agremiação com sua identidade.
“É sensacional sentir um pouco daquele emoção que sentíamos nos anos 80. Falei que íamos resgatar um pouco daquela atmosfera. A Márcia está sempre do meu lado. Ela era minha bússola”, disse Renato Lage para o CARNAVALESCO.
Mauro Amorim, diretor de carnaval da escola, destacou a felicidade da comunidade com o orgulho e respeito resgatado. Além disso, deixou um recado para quem acha que a Mocidade havia perdido sua essência.
“A gente precisava trazer uma Mocidade com cara e coração de Mocidade. A Mocidade passou sendo a Mocidade, com seu povo cantando e sendo feliz. O maior elogio que recebemos no período pré-carnavalesco foi que a comunidade estava feliz. O carnaval tem que ser alegria, tem que ser prazeroso para todo mundo. A Mocidade enverga, mas não quebra. Enquanto tiver um coração independente nesse mundo, a Mocidade vai resistir,” declarou o diretor.

O samba já anunciava: “O Mago vai recriar a Mocidade”, e, de fato, o Independente se reconheceu na Avenida. O brilho de Márcia Lage, que nos deixou neste ano, esteve presente na paleta de cores vibrante e bem trabalhada da escola, como fez questão de lembrar a porta-bandeira Bruna Santos.
“Conseguimos realizar tudo o que foi ensaiado perfeitamente. Mesmo ventando muito, conseguimos manter o pavilhão firme. Essa fantasia é um presente da Márcia Lage. Ela desenhou essa fantasia com muito carinho e amo”, afirmou a porta-bandeira.
A Mocidade fez um desfile que deixou a comunidade e o torcedor feliz como não se havia a alguns anos. Além do belo trabalho de Renato Lage, a comissão de frente coreografada por Marcelo Misailidis, trouxe a apresentação “IA.venida Matrix do Samba, o futuro é aqui…”, e um robô articulado que levou o público ao delírio.

“Acima de tudo foi um ato de ousadia trazer uma comissão com características retrô para falar de modernidade. Esse era o nosso grande desafio. Nós queríamos mostrar que o carnaval em algumas características profissionais ainda tem muitas possibilidades, basta as pessoas acreditaram e apostarem para que a gente não fique tendo que ficar limitado a uma alegoria. A alegoria na comissão pode ser um apoio necessário, mas não pode ser uma totalidade porque se não o quesito desaparece”, declarou Misailidis.
Voz da escola, Zé Paulo Sierra falou da emoção de ver a Sapucaí cantar o samba e falou sobre as críticas que recebe. “Vê a Sapucaí cantar o samba da Mocidade depois do Caju é sensacional porque ninguém dava nada por esse samba e, arrisco a dizer que foi o samba que mais se comunicou com a Sapucaí, das pessoas cantarem. Falaram muita coisa. O Renato provou que é o Renato, teve o resgate da Mocidade, muita gente se encontrou novamente com a Mocidade, aquela Mocidade dos anos 90 com muita leitura de carnaval.”
“Amo o que eu faço. Muita gente critica, eu respeito, mas eu amo o que eu faço. Faço do meu jeito e se eu tiver que perder vai ser dessa forma, se tiver que ganhar vai ser dessa forma. Estou muito feliz de ver o que a Mocidade fez”, finalizou Zé Paulo.