No Carnaval de 2025, uma das grandes inovações da escola de samba foi a criação de figurinos agêneros para sua ala de passistas. A ideia foi ousada e desafiou as normas tradicionais, ao apresentar um figurino único e sem distinções entre passistas masculinos e femininos. O conceito por trás dessa escolha não é apenas estético, mas também uma poderosa mensagem de inclusão e igualdade de gênero.
‘’Eu gostei da ideia, entra também dentro do enredo da história, creio que para te todas as pessoas terem a consciência e mesmo não fazendo parte da bandeira, é importante apoiar e dar força a essa bandeira e as situações que infelizmente as pessoas trans passam, sobre essa parte triste, mas a gente vai estar entrando aqui na avenida com toda força de Xica Manicongo, esse encanto’’, diz o ator e passista da agremiação, Vitor Marcelo, de 21 anos.
Para os passistas, a experiência de vestir um figurino sem gênero foi uma verdadeira quebra de paradigmas. Diversos membros da ala destacaram como a roupa trouxe não só conforto, mas também uma sensação de empoderamento, já que não havia mais a expectativa de se alinhar a um modelo de beleza ou comportamento preestabelecido.
“Me surpreendeu! É bem colorida trazendo muita diversidade, achei leve e a gente vem mostrando um colorido, mostrando o quanto Xica é colorida’’, declara Marcela, de 16 anos e componente do Paraíso do Tuiuti há 5 anos.
Já a passista veterana, considera que o figurino agênero representa uma mudança necessária. “Eu achei ela maravilhosa, super confortável. Adorei muito as cores, estão belíssimas. Está muito linda e não tem que distinguir as coisas, está muito bonita, é o que a gente pediu’’, afirma Soraia, de 40 anos, e está de volta como passista da escola há 2 anos.
O figurino das passistas intitulado de ‘’Caboclada’’, remete à Xica enjuremada, quando conheceu a ancestralidade indígenas e conheceu com os caboclos e caboclas a ciência das folhas sagradas, sendo idealizado para ser agênero. Em tons vibrantes de azul, amarelo, laranja e verde, é revestido de penas nos braços, miçangas no pescoço e a cabeça com flores azuis nas laterais.
O enredo da escola de samba deste ano, que aborda a liberdade de expressão, o respeito às diferenças e a luta contra os preconceitos, se encaixa perfeitamente com a ideia de um figurino agênero. O carnavalesco da escola, Marcos Souza, explica que a escolha do traje reflete o momento atual da sociedade e a necessidade de transformar a festa popular em um espaço mais inclusivo.
A escolha de um figurino agênero, sem dúvida, marca um novo capítulo na história do Carnaval. Em um momento em que questões relacionadas à identidade de gênero ganham cada vez mais relevância, a escola de samba está mostrando que é possível abraçar a diversidade e fazer com que todos se sintam parte da grande festa popular.
‘’Achei uma ideia super legal do carnavalesco. Foi uma criatividade boa dele, a qual o sexo masculino e feminino pudesse estar bem representado e ninguém se sentir menosprezado porque hoje em dia no mundo que a gente vive, a gente LGBT, a gente enfrenta muito o preconceito. Por isso eu achei uma ideia bem bacana. Eu fiquei muito feliz com o enredo porque a gente hoje em dia vive em um mundo em que muitas pessoas, na verdade se sentem discriminadas e enfrentam muitas coisas, então foi uma inovação, porque acredito que nenhuma outra escola pudesse estar fazendo nesse enredo e eu tô feliz por isso’’, finaliza Jonathan Silva, de 27 anos, passista da escola.