Compondo o segundo setor “Barreira do Mar, Raízes da Encantaria”, a Grande Rio trouxe as suas baianas com a fantasia “Jóias d’Água”, simbolizando aquelas que guardam a sabedoria ancestral do Samba e os fundamentos maiores dessa festa mítica. Segundo o professor, Cláudio Didimano, entrevistado no início da pesquisa do enredo, em março de 2024, na cidade de Belém, as entidades turcas que chegaram às praias do Grão-Pará, seguiram pela floresta amazônica adentro e se ajuremaram, em busca da cura.
Unindo as mães-baianas, guardiãs da sabedoria ancestral do samba, à simbologia da cura ajuremada, a Tricolor de Caxias apresentou uma fantasia em tons de verde-água, que se misturam ao azul-turquesa do início do enredo, representando as “águas claras”. Os adornos remetem ao enredo e à tradição das baianas, com romãs prateadas penduradas: os frutos, que simbolizam o imaginário turco, também são balangandãs na tradição da ourivesaria negra brasileira (as chamadas “joias de crioula”).
O carnavalesco Gabriel Haddad explicou que a fantasia das baianas, nada mais é do que a simbologia da pororoca.
“As baianas são as joias da água, elas vêm atrás do abre-alas, elas fazem essa transição entre Turquia, as águas salgadas e as águas doces”, disse o carnavalesco.
As baianas ficaram encantadas com a fantasia, toda cheia de brilhos e simbolizando a cura da jurema sagrada.
“Desfilar como baiana pela primeira vez é uma emoção indescritível! Estou muito feliz por representar a Grande Rio em uma fantasia tão deslumbrante, que nos transforma em verdadeiras ‘Joias d’Água’. Nossa saia, com seus tons e movimentos, parece dançar como as águas encantadas, refletindo a beleza e a ancestralidade dessa história mágica”, disse Maristela Oliveira, caxiense, motorista de ônibus de 57 anos.
Desfilando pela Grande Rio desde a escola mirim, a estudante Beatriz do Carmo, está pela primeira vez na ala de baianas ao lado de sua avó.
“É a minha primeira vez desfilando como baiana, e a sensação é mágica! Vestir essa fantasia tão rica em detalhes me faz sentir parte desse encanto que atravessou mares e chegou até aqui. Quando giramos, parece que as águas dançam junto conosco, refletindo a história das Princesas Turcas. É uma honra representar essa tradição e viver esse momento inesquecível na Avenida”, declarou a estudante de 22 anos.
“Este é meu primeiro ano desfilando como baiana, mas já faço parte da comunidade há três anos e sempre tive um carinho enorme pela escola. Estar aqui hoje, vestindo essa fantasia deslumbrante, é um momento muito especial para mim. A fantasia ‘Joia d’Água’ representa as três princesas turcas encantadas, que atravessaram o ‘Espelho do Encante’ e se tornaram parte das águas brasileiras. Assim como elas, nós, baianas, giramos a história, representando o mar que encontra o rio, como na Pororoca. A mistura do azul-turquesa e do verde das nossas saias reflete essa fusão mágica entre culturas e elementos da natureza. Cada detalhe da fantasia, das romãs prateadas aos bordados, carrega um significado poderoso. É emocionante sentir que estamos dando vida a essa lenda com nossa dança, trazendo a força e a beleza das águas para a avenida. Me sinto parte dessa magia, dessa joia encantada que é o mar”, disse a professora Vanessa Costa, de 44 anos.
Na harmonia entre história, fé e encantaria, as baianas da Grande Rio transformaram a avenida em um verdadeiro oceano de memórias e devoção. Como guardiãs das águas e da tradição, fizeram de cada giro um elo entre passado e presente, unindo culturas e celebrando a beleza da ancestralidade.