A Tom Maior reeditou o samba-enredo de 2009: “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!”. A vermelho e amarelo fez uma apresentação contagiante no Anhembi. Os segmentos da escola acompanharam com muita emoção a chegada da escola na dispersão.
Yascara Manzini
“É extenuante, porque é uma roupa linda e é uma coreografia muito forte, muito pesada. É de fato uma coreografia com elementos africanos e afro-brasileiros. Acho que foi muito bom. A gente fez em 40 minutos, bastante tempo de pista dançando uma coreografia tão forte e eu espero que o público tenha gostado. O momento em que aparece a bandeira de Angola, o próprio Ganga, eu acho que todos os elementos da comissão foram muito bem pensados. Para pensar essa nova Angola, essa reconstrução, esse lugar de uma criança que morre na guerra e que se encontra em outro lugar para ver a sua nação reconstruída. A comissão de frente que passou em 2009, foi o start para essa comissão de hoje, porque era uma comissão muito doída. Quando tinha aquele momento em que eles abriam um pano e tinha uma criança que a gente pressupunha que ela tinha morrido. Eu sempre fiquei pensando numa criança dentro da guerra com tanta morte, com estupros, sem possibilidade de pensar no futuro”, afirmou Yascara e seguiu.
“E a história nasce daí, exatamente, dessa criança que morre, que chega numa outra dimensão, um ‘ganga’, um ancestral, que começa a apresentar para essa criança uma angola antes da chegada do homem branco, antes dos problemas que vieram junto com o colonizador. Apresenta os elementos e traz a cura para essa criança, que se desloca no tempo e vê Angola hoje, aquela escultura que tem no Monumento da Paz em Angola, e vê que Angola também está sendo celebrada no Brasil, na Tom Maior. A Tom Maior é uma escola que te dá muita possibilidade de fazer um excelente trabalho. Ela cumpre o que ela quer. Eu sou coreógrafa, mas eu também sou acadêmica, sou pesquisadora de estética africana há mais de 30 anos. Então é uma alegria que pela primeira vez na minha vida eu tive a oportunidade de juntar a minha vida acadêmica com o meu conhecimento como coreógrafa. Então eu saio muito feliz e realizada.”
Mestre Carlão, também presidente
“No ano passado nós tivemos um resultado que não esperávamos. A escola entrou cotada para ficar entre as primeiras e tivemos problemas sérios de evolução. Esse ano foi um trabalho árduo em um grupo diferente e fizemos o máximo possível. Podem ver a nossa plástica: um carnaval grande para o grupo. Acredito que nós tenhamos feito o que o público estava aqui esperando, que é um grande espetáculo, um samba bom, e uma escola muito emocionante. Me sinto honrado. Honrado por Deus, honrado pelos Orixás, honrado por tudo. Nós conseguimos fazer um carnaval de acordo e estou feliz. É bom demais (novamente comandar a bateria com o samba sobre Angola) porque o samba é bom, a bateria trabalhou bastante e fizemos um grande conjunto de samba e bateria.”
Érica Ferreira, diretora de carnaval e de harmonia
“Não foi só por nós estarmos reeditando o enredo de 2009, mas foi realmente um processo de reconstrução, de renascimento da escola, de autoestima, de união, de realmente trabalharmos juntos. É que tem clichê, mas aquela coisa de ninguém largar a mão de ninguém. Durante o processo nós viemos tranquilos. Quando foi para sair e tirar o Abre-alas, deu uma empacada aqui na dispersão e não conseguíamos desacoplar o carro.”
Gilsinho, intérprete
“Achei sensacional. A arquibancada veio junto com a gente, cantou junto. Achei que a escola se comportou muito bem, cantando bem, evoluindo bem. Mas é esperar o resultado pra ver como é que foi. O samba é todo muito bom. Samba muito bem construído, samba alegre, pra cima. Eu gosto do samba inteiro. Pra gente funcionou tudo muito bem. A sensação é de que a gente vai subir, se Deus quiser.”
Mestre-sala
“A gente caiu (ano passado), que eu acredito que seja de forma injustamente. Esse desfile é pra mostrar do que a gente é capaz, que a gente é grande, que a gente pode voltar. E a nossa dança foi como nossa escola: grandona. Tudo muito bem executado, muito bem ensaiado. Graças à diretora Érica, que botou a escola ensaiado desde muito tempo atrás, ninguém entendia o porquê, mas todo mundo viu aí o resultado. É isso. A sensação é de dever cumprido. Eu acho que a Tom Maior fez a lição de casa bem feitinha. A gente ensaiou muito, muito, muito. Enquanto tinha escola em setembro começando a ensaiar, a gente já estava fazendo ensaio de rua.”
Porta-bandeira
“A gente trabalhou bastante desde abril e tudo que a gente ensaiou e propôs a gente executou. Foi maravilhoso, maravilhoso. Eu gosto muito do nosso desenho coreográfico. Tirando a nossa emoção, que a gente se emociona bastante, deu tudo certo. Olha, a sensação de, independente da nota, que eu acredito que vai vir, é de dever cumprido mesmo. Tudo que a gente propôs, a gente fez. Então, assim, foi um trabalho bem executado.”