728x90
InícioGrupo EspecialUnidos da TijucaCom Oxum de ponta a ponta, Oyá também traz a força feminina...

Com Oxum de ponta a ponta, Oyá também traz a força feminina na história de Logun-Edé da Tijuca

Embora o enredo “Logun-Edé – Santo menino que velho respeita” homenageie um orixá masculino, a Unidos da Tijuca valorizou a essência feminina por meio das grandes mães do axé. A presença de Oxum, mãe de Logun Edé, permeia todo o desfile. Mas também há a presença de Oyá, a mãe guerreira, que ensinou a Logun-Edé, desde cedo, a ser imponente como ela durante uma guerra.

Na África, antes dos colonos pisarem, as sociedades eram matriarcais, ou seja, lideradas por mulheres que eram centrais na passagem de ensinamentos aos seus filhos. Nessas sociedades, as mulheres eram heroínas, chefiando as famílias, enquanto os homens saíam às caçadas e às guerras.

Oyá ou Iansã é uma dessas mulheres africanas que chefiava sua família, guerreava e ajudava outras mulheres nessas funções. Inclusive auxiliou Oxum na criação de Logun-Edé, tornando-o, assim como ela, um grande guerreiro valente e destemido. Representada na ala 9, majoritariamente composta por mulheres, Oyá é a personificação do matriarcado que enfrenta o machismo histórico em nossa sociedade.

Ao relacionar a figura forte de Oyá e a presença das mulheres no samba, o  CARNAVALESCO ouviu as mulheres que compõe a ala 9 sobre o tema.

“Minha fantasia vem falando de Oyá, para abraçar esse tema maravilhoso que é de Logun-Edé. É uma fantasia que está falando de uma mulher muito forte que era Oyá. Eu acredito que as escolas de samba têm que dar mais oportunidade para as mulheres. Aqui na Tijuca, na ala 9, tem bastante mulher no comando, inclusive a assistente coreografa e toda a equipe dela é feminina, mas ainda é pouco. Eu espero que as escolas tenham mais sensibilidade de olhar e dê oportunidade para as mulheres, porque a gente está aí, sempre dispostas a brigar pelo carnaval com todo o nosso carinho. Eu gostaria de ver mais mulheres puxando sambas, tendo oportunidade de estar como intérprete de samba-enredo, à frente de direções de carnaval, ali mesmo ajudando lá nas cabeças, no alto escalão da escola, acho isso fundamental. Uma mulher do samba que eu admiro muito e tem muita importância para a área é a Leci Brandão”, disse a contadora Márcia Campos, de 48, torcedora da Tijuca, mas estreante na avenida.

image0 2

A patologista Cristiane Freitas, que é mangueirense, mas está estreando na Sapucaí pela escola do Borel, acredita que a presença feminina no mundo do samba está crescendo, mas ainda é muito pouco.

“Nós mulheres precisamos aparecer mais, precisamos estar mais à frente, não só no lado direito, nem no lado esquerdo, nós temos que estar à frente. Temos que estar direcionando, temos que estar como presidente, diretora, enfim. A mulher tem que ser a cabeça, porque nós temos o poder também. Assim como Oyá, que estamos representando, tinha. Acho que temos mulheres divinas como exemplo no samba, Alcione, lembro muito da Beth Carvalho. Mas acredito que há muita falta de oportunidade para nós mulheres. Às vezes o homem não dá a oportunidade de uma Maria presidir uma escola de samba, acaba sempre ficando entre eles”, declarou Cristiane.

image3 3

Essa herança de liderança feminina ainda ecoa no samba, onde mulheres batalham por mais reconhecimento e espaço dentro das escolas de samba

A advogada Ana Cláudia se emocionou ao falar da representação de Oyá como a força da mulher, ela que é iniciada para Oxum, mãe de Logún-Edé, desfila há 5 anos pela Amarelo e Azul da Tijuca.

“Tenho uma mãe que sempre amou samba e carnaval, sou filha de uma mulher preta guerreira que me colocou desde criança em contato com o carnaval e desde sempre acredito que precisamos ocupar mais espaços, temos que ocupar mais espaços. Estão faltando mais carnavalescas mulheres. Eu, inclusive, acho que vou fazer até Belas Artes, para começar a desenhar carnaval. Eu gostaria muito de mais mulheres ocupando os espaços das presidências das escolas, das diretorias, nos carros de som, ou seja, todos os espaços possíveis, onde ela puder celebrar e exaltar o seu empoderamento, a sua força, entregando sua criatividade, onde ela puder ser livre e expressar o melhor de si. Assim como Oyá, eu, como uma mulher iniciada para Oxum, para mim é uma grande responsabilidade. A gente fala de brincadeira, carnaval e tudo mais, mas eu levo muito a sério essa questão quando o enredo é afro, quando o enredo está falando de uma religiosidade. Eu tento o máximo, faço meus pedidos, meus agradecimentos antes de entrar no palco sagrado, que é o palco da Sapucaí, que a nossa avenida é maior”, declarou Ana Cláudia, de 50 anos.

image2 2

A força feminina segue ecoando no carnaval, rompendo barreiras e reafirmando seu espaço. Assim como Oyá e Oxum moldaram Logun-Edé, as mulheres do samba continuam a transformar a festa em resistência e representatividade.

- ads-

TV Globo registra maior audiência do Oscar em 20 anos e os Desfiles na Sapucaí registram crescimento de 50% de audiência

Ontem, foi dia de festas pelo Brasil e a TV Globo levou as imagens para todo país. Teve Oscar em todas as praças, com...

Promessa de Retorno: Sereno está pronta para voltar à Série Ouro

Por Júlia Fernandes Após o rebaixamento da Série Ouro para a Série Prata no Carnaval de 2024, o Sereno de Campo Grande retornou à Intendente...

Feitiço Carioca encanta arquibancada com tributo emocionante a ancestralidade africana na Série Prata

O domingo de Carnaval foi marcado por um espetáculo grandioso na Intendente Magalhães, onde a Feitiço Carioca desfilou com um enredo potente e emocionante:...