O sonho de todo o sambista paulistano aconteceu: Ter a experiência de ver o Vai-Vai com toda a sua torcida pela manhã. No momento em que o locutor anunciou o nome da escola, as bandeiras se agitaram desenfreadamente, dando um belo contraste no amanhecer do Anhembi. No ensaio, os componentes demonstraram a força da comunidade e a garra do canto. A bateria “Pegada de Macaco” e o carro de som comandado pelo cantor Luiz Felipe também foram destaques no ensaio do Bixiga. Entretanto, houve falhas na evolução, pois o cálculo do tempo somado ao andamento não foi correto e a escola acabou acelerando os passos, somente ao final da passarela chegou a correr, causando a variação de velocidade. Um desfile ousado e criativo, mas os erros em evolução podem tirar décimos importantes na apuração.
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Comissão de frente
A ala, coreografada pelo estreante Sérgio Cardoso, apostou nas maiores ousadias de encenações. Zé Celso era um artista que não via problemas em nada. Sendo assim, a comissão de frente fez de tudo para homenagear da melhor forma possível. Houve mulheres com seios de fora e o próprio ator fazia uma encenação que mostrava a parte traseira.
O tripé, que representava o Teatro Oficina, merece um destaque especial. Além de muito parecido com a meca do teatro, também tinha um visual bastante agradável.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Renatinho e Fabíola, com a fantasia de “Exu-Baco: Uma força de caos e desordem”, em análise no segundo módulo, foi observado um desfile satisfatório da dulpa. Eles inovaram e fizeram a coreografia dentro do samba em frente à cabine, não sendo nada burocráticos.
Enredo
A ideia do Vai-Vai foi de homenagear um dos maiores dramaturgos que já pisou em solo brasileiro. José Celso Martínez é devorado na primeira alegoria, onde Exus são convidados a fazerem isso com ele, pedindo licença para o ‘Exu das artes’. Conseguiu realizar de forma satisfatória a projeção feita na pista.
Alegorias
O primeiro carro da escola representou “No Banquete de Baco, a Saracura Devora Zé Celso, O Louco, Criador das Artes nas Macumbas Paulistanas” O Vai-Vai sempre desfila com uma coroa em seu abre-alas. Afinal, é o símbolo do pavilhão da escola. Ela sempre vem preta, dourada ou iluminada. Porém, desta vez ela foi toda enfeitada com flores e investimento de luzes.
A segunda alegoria simbolizou “O Mundo Louco de um Eterno Sonhador… Liberdade de Ser e Pensa” – Uma ideia lúdica, mas que nesse houve a falha na pintura, deixando rastros de sujeira dentro da própria alegoria.
O terceiro carro foi à pista como “Flores para Cacilda: Beleza e Potência do Amor no Teatro e na Vida”, explanar sobre Cacilda Becker, o grande amor de sua vida, apesar de ter se autodenominado um homem bissexual.
A alegoria que fechou os desfiles, mostrou “o raiar de um novo dia, apoteose no Bixiga” – Realmente era uma festa colorida no Vai-Vai, com uma escultura de Zé Celso no centro.
O Vai-Vai colocou em prática alegorias de fácil leitura, mas pequenas falhas de acabamento pode prejudicar o quesito.
Fantasias
O Vai-Vai entregou uma estética diferenciada no desfile. Não foi nada de luxo, mas estava tudo bem acabado. Por ser um tema teatral, a escola apostou em uma característica diferente do habitual: Fantasias simples e investimentos em maquiagens, dando um ar de peça ou de filme na pista. Assim, dá para perceber que há um toque de Sidnei França por todo o contexto plástico.
Seres bacanais com uma ala apenas de pessoas saindo com os seios de fora. Uma identidade visual bem diferente do que vimos costumeiramente.
Samba-enredo
O intérprete Luiz Felipe com maestria. Ele também embala a comunidade a todo o momento com palavras de incentivo, além de cantar muito. Desde 2023 até aqui, Luiz coleciona boas atuações e caminha para ficar muito tempo dentro do Vai-Vai.
A ala musical com outros nomes e o entrosamento com várias bossas da “Pegada de Macaco”, dialogando com os mestres Tadeu e Beto.
Evolução
Foi um quesito problemático para a escola. Em dado momento, quando as lideranças notaram que não daria tempo de passar no tempo de 65 minutos, começou a acelerar os componentes na dança e, após, a corrida.
Outros destaques
A bateria “Pegada de Macaco”, de mestre Tadeu e Beto, está cada vez melhor e voltando a figurar entre as principais de São Paulo. As variedades bossas foram destaques, principalmente no refrão principal.
A rainha de bateria Madu Fraga desfilou com uma fantasia inteiramente de laranja com detalhes em vermelho no costeiro. A dona da batucada também segurava um tridente, sambando muito no pé a avenida toda. Luciana Gimenez, madrinha de bateria, cruzou a passarela com um costeiro todo preto.