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Resistência na avenida: bateria da Unidos de Bangu representa a luta dos povos originários do Rio contra a repressão do Estado

Com o enredo “Maraka’ Anandê – Resistência Ancestral”, o desfile da Unidos de Bangu na Série Ouro do Carnaval 2025 homenageou a Aldeia Marakanã, comunidade indígena no Rio de Janeiro, situada ao lado do Estádio do Maracanã. O local se tornou um símbolo de resistência indígena, por estar constantemente no centro de conflitos territoriais com o Estado. A bateria da escola representou o episódio de 2013, quando um grupo de indígenas foi removido do local durante as obras do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014. Desde então, os indígenas seguem reivindicando sua importância cultural e histórica na região.

“A mensagem é bem clara e o enredo é bem direto. A bateria, que é a maior ala da escola, vem vestida de policiais do choque, que inúmeras vezes tentaram expulsar os indígenas da sua Aldeia. O samba tem uma parte que fala sobre o militarismo, e a nossa ideia é fazer esse paralelo demonstrando a força que o índio tem para vencer essa guerra. Faremos uma coreografia que coloca o índio e o policial frente a frente, e no final do conflito, o índio sai vencedor e decreta a paz, como deveria ser na vida real”, explica Lion, mestre de bateria, que defende com firmeza a escolha de retratar a Aldeia Marakanã como representação da luta indígena no país.

“É um recorte que vale a pena ser falado, porque não estamos fazendo uma crítica, estamos fazendo uma denúncia. Ao falarmos do Rio, aproximamos essa realidade para muitas pessoas que vêm nos assistir hoje”, acrescenta o mestre.

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“Quando fiquei sabendo que a nossa fantasia seria de policial do BOPE, fiquei surpreso, mas depois entendi. Mostrar a repressão aos indígenas para um público tão grande é uma forma de conscientizar a população sobre um tema que não pode ser esquecido. Não é porque o episódio retratado aconteceu há algum tempo que outros iguais não continuem acontecendo até hoje. Temos que manter essa lembrança viva, e o Carnaval traz essa visibilidade”, ressalta o chocalheiro Cléberson Archanjo, de 22 anos, que descobriu mais sobre a história ao entrar para o time de ritmistas da escola.

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Esse desfile foi muito especial para a Vermelho e Branca, que foi uma das escolas afetadas pelo incêndio na fábrica Maximus Confecções, em Ramos, perdendo grande parte de suas fantasias. Tudo isso deu um toque ainda mais emotivo à apresentação, que já abordava um tema sensível para a sociedade.

“A emoção de fazer parte desse desfile já está vindo desde o dia do incêndio, que foi muito triste para a nossa agremiação. Agora, ainda mais, eu, os diretores e todos os ritmistas temos a responsabilidade de entregar o melhor junto com a nossa escola, para contar a nossa história também”, destaca Lion.

O ritmista Leandro Martins, de 49 anos, estreante na escola da Zona Oeste, fez um paralelo entre a tragédia e a resistência dos povos originários, tema do enredo.

“Um dos maiores ensinamentos dos nossos ancestrais é a superação, e neste ano, a Bangu demonstrou que absorveu essa lição ao dar a volta por cima e fazer um excelente desfile, mesmo sem competir. A nossa bateria veio para pedir à sociedade, por meio de todos os que assistiram ao Carnaval, que valorizem os nossos ancestrais e respeitem as causas indígenas. Para mim, é gratificante estar participando desse momento único”, complementa o componente.

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