A União do Parque Acari foi a segunda escola a desfilar no sábado de carnaval da série Ouro, apresentando o enredo “Cordas de prata, o retrato musical do povo”, falando do violão no imaginário popular e no dia a dia do brasileiro. A escola surpreendeu esteticamente com alegorias e fantasias de bom nível plástico, algumas soluções excelentes, como o ótimo segundo carro, porém desde o início evoluiu de forma lenta na pista e isso resultou numa parte final extremamente corrida com as alas abrindo espaços entre si. Apesar do esforço, a Acari estourou o tempo em um minuto, fechando o desfile em 56 minutos e comprometeu um desfile com uma realização plástica e criação muito felizes.
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Comissão de frente
A comissão liderada por Valci Pelé apresenta as diversas sensações e o imaginário popular que o instrumento desperta no povo brasileiro. Uma coreografia com elementos de dança de salão e gafieira, bem realizada em todas as cabines, trazendo como ato final a representação de Rita Lee no chão e Cartola no alto do tripé erguendo uma bandeira com nomes de importantes artistas brasileiros que ao longo da carreira tiveram o violão como companheiro. A finalização acabou não apresentando impacto e o tripé evoluiu com lentidão, tanto que no primeiro módulo o tripé ficou longe dos componentes do chão, não exibindo a bandeira próximo dos jurados.
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Mestre-sala e Porta-bandeira
Renan Oliveira e Laís Lucia vieram com uma fantasia representando as divindades da mitologia hindu Shiva e Parvati. A apresentação foi de muito bom nível em todos os módulos, casal sincronizado, mais solto e com muita precisão nas finalizações, uma dança bem azeitada. O sorrisão do casal ao final de cada apresentação demonstrava a satisfação com o desempenho obtido.
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Enredo
O enredo sobre o violão foi dividido em quatro setores. O primeiro foi o “Cordas do Tempo”, mostra a formação do violão que ganhou este nome com o passar do tempo, partindo da mitologia hindu. O segundo setor “Nobres Cordas em um Novo Mundo” explicita a chegada do violão ao Brasil através de viagens marítimas e catequizadoras. O terceiro setor denominado “O Propagar das Cordas de um Brasil Popular” parte para o processo de popularização do violão como um instrumento massificado no país. E o setor final, “Cordas de Prata: Um País em Movimentos” apresenta o definitivo reconhecimento do violão na música e cultura do país, e a importância do samba para a unificação do violão do morro ao
violão da elite brasileira. Todos os setores foram desenvolvidos com correção pelo carnavalesco Guilherme Estevão, com boa leitura e ordem cronológica de períodos, fechando com o violão como elemento importante do samba. Um enredo que passeou pelo imaginário e pelas mais diferentes relações do violão com o brasileiro.
Alegorias
O abre-alas representava “A poesia das trovas medievais”, trabalhado em vermelho, prata e amarelo, foi a alegoria de concepção mais frágil do desfile da Acari, mas passou inteirinha sem problemas de acabamento. A segunda alegoria era “Violão, o som do sertão brasileiro”, representando o crescimento do instrumento nas classes mais populares, essa muito bonita e bem concebida, se destacando dentre as alegorias da escola. A terceira e última alegoria sintetizava o enredo com “Cordas de Prata”, uma alegoria de boa realização e mensagem direta. Um conjunto com todas as alegorias com ótimo acabamento.
Fantasias
A Parque Acari trouxe um conjunto de fantasias que se destacou pelo uso de variadas cores sem alterações bruscas de tonalidade, alternando bem entre os setores. Se não foi um quesito exuberante, a agremiação exibiu fantasias bem realizadas e com material no lugar. O segundo setor foi o mais bonito da escola da zona Norte.
Evolução
O quesito mais problemático do desfile, já apresentando dificuldades desde a arrancada da escola por conta da lenta evolução do tripé da comissão de frente e do abre-alas. Após a saída dos elementos da pista, a escola apressou o passo e principalmente no último módulo abriu alguns claros dentro das alas para evitar o estouro do cronômetro, só que por alguns segundos a Parque Acari completou o desfile em 56 minutos, perdendo um décimo para a apuração que acontecerá na próxima quinta-feira. Uma evolução com falhas durante toda a apresentação da Acari.
Harmonia
Outro quesito falho da escola, a harmonia foi irregular alternando momentos de canto mais forte e alas desfilando praticamente mudas. O samba mais dolente não impulsionou um canto mais explosivo dos componentes e a escola seguiu pecando no quesito até o fim do desfile. O carro de som apresentou um desempenho regular, com maior sustentação no refrão principal.
Samba
O samba de Moacyr Luz e Fred Camacho é muito poético, falando do violão em primeira pessoa como se o instrumento contasse sua criação e suas histórias. A letra narrou bem o que foi apresentado pela escola ao longo de suas alas e alegorias, mas teve um desempenho que foi caindo durante o desfile, passando de forma morna, inclusive no seu refrão principal.
Outros Destaques
A última alegoria trouxe Moacyr Luz, um dos compositores do samba da Parque Acari, abrilhantando o final do desfile sobre o violão. A bateria “Fora de Série” comandada pelos mestres Erik Castro e Daniel Silva apresentou várias bossas e levantou a interação do samba com o público quando passava pelos setores.