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Com visual deslumbrante, União de Maricá faz desfile grandioso e deixa sua marca na Série Ouro

Com apuro estético, enredo bem narrado e uma comissão de frente de impacto, a novata mostrou organização e capricho

A União de Maricá foi a sexta escola a desfilar no primeiro dia da Série Ouro. Como diz a letra do samba, “Maricá chegou pra vencer”, e, pelo que apresentou na avenida, as chances dessa profecia se concretizar são grandes. A novata correspondeu às expectativas com um desfile que ressaltou todo o apuro estético do carnavalesco Leandro Vieira, entregando um espetáculo visual imediato, tanto em alegorias quanto em fantasias. Além do impacto estético, a escola se destacou pela narrativa bem construída do enredo, que foi contada de forma clara e envolvente ao longo do desfile.

A agremiação levou para a avenida o enredo “O Cavalo de Santíssimo e a Coroa do Seu Sete”, que abordou a figura de Seu Sete, um Exu da umbanda carioca, em um desenvolvimento primoroso de Leandro Vieira. Outro ponto alto foi a comissão de frente, assinada por Patrick Carvalho, que impressionou com um conceito cênico impactante e uma execução de alto nível. A União de Maricá encerrou sua apresentação dentro do tempo regulamentar, com 54 minutos de desfile, consolidando-se como uma forte candidata ao título.

Comissão de Frente

O coreógrafo Patrick Carvalho foi o responsável pela comissão de frente. Em uma dupla jornada no Carnaval deste ano, também assinando o trabalho da Imperatriz Leopoldinense, ele entregou mais uma coreografia de excelência. A comissão, composta exclusivamente por homens, celebrou os dois personagens principais do enredo: Seu Sete da Lira e Mãe Cacilda. Para isso, utilizou um truque cênico semelhante a fantoches, em que os bailarinos representavam Seu Sete da Lira enquanto seguravam bonecas fielmente inspiradas na imagem de Mãe Cacilda. A coreografia foi intensa e marcada por constante interação com o público. No grandioso desfecho da apresentação, alguns componentes subiam no tripé que exibia uma grande escultura de Mãe Cacilda, enquanto velas vermelhas surgiam, reforçando o impacto visual do número.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Fabrício Pires e Giovanna Justo representaram Exu Sete Encruzilhadas e a Pombagira Audara Maria. Ele trajou capa e cartola com contorno carnavalesco, remetendo à indumentária característica da entidade que incorporou. Já a fantasia dela foi adornada com rosas vermelhas. Ambos vestiram vermelho e preto, e a beleza das roupas impressionou. A dança foi clássica e leve, mas, em alguns momentos, a coreografia se destacou, como no trecho do samba que dizia “o homem baixou pra te ver”, em que Fabrício simulava uma incorporação. Foram apresentações limpas, marcadas por sintonia e beleza.

Enredo

O carnavalesco Leandro Vieira mergulhou no universo da umbanda para celebrar duas personalidades que, pela relação construída, embora fossem dois, tornaram-se apenas um. Primeiro, Cacilda de Assis, a mais famosa mãe-de-santo brasileira entre os anos sessenta e oitenta. Junto dela, a figura de Seu Sete Lira.

Para contar essa história, o carnavalesco optou dividir o desfile em três setores, sendo eles: “Pode chegar no terreiro”, o desfile foi inaugurado com a proteção dos guardiões da porteira. Na sequência, o setor “Cavalo de muitos guias e cavalo de Seu Sete da Lira” apresentou os principais guias espirituais de Cacilda de Assis. Para finalizar, no setor “Na folia, recordar é viver” o desfile se encerrou de forma festiva abordando a íntima relação de Seu Sete, Rei da Lira, com a folia.

Leandro Vieira é craque em suas narrativas e não foi diferente dessa vez, o enredo, apesar de pouco conhecido do grande público, passou de forma clara pela avenida, com signos bem definidos e elementos que contribuíram para a fácil assimilação e leitura.

Alegorias e Adereços

O carnavalesco Leandro Vieira imprimiu sua identidade nas alegorias da Maricá, evidenciando sua assinatura em cada um dos três carros apresentados. O uso marcante das cores, o acabamento primoroso e a leitura imediata foram destaques. Em vez de apostar em alegorias gigantescas, o artista priorizou um cuidado minucioso nos detalhes.

O abre-alas, A Tronqueira, predominantemente vermelho, impressionou pelo esmero nas esculturas representando os povos de rua, além de uma iluminação bem trabalhada. Na mesma linha, o segundo carro, No Palco do Chacrinha, também se destacou pelo uso criativo da luz, trazendo uma concepção distinta do primeiro. Já a última alegoria, A Coroa do Rei, apostou em soluções simples, mas de extremo bom gosto, encerrando o desfile com chave de ouro.

Fantasias

Assim como nas alegorias, Leandro Vieira também derramou todo o seu talento no conjunto de fantasias da União de Maricá, proporcionando um espetáculo de cores, volumes e materiais de extremo bom gosto. A assinatura visual do carnavalesco esteve evidente em cada figurino, com composições sofisticadas e uma paleta cromática vibrante, reforçando a identidade do enredo.

O cuidado milimétrico nos acabamentos chamou atenção, com fantasias ricas em texturas e elementos cenográficos bem trabalhados. Muitas alas desfilaram com adereços de mão que complementavam a narrativa, ampliando o impacto estético. Entre elas, a ala 6, “Dor sem Remédio”, a ala 13, “Chacrinha”, e a ala 14, “Rei e Folião da Canjira”, que também se destacou pela maquiagem impecável, contribuindo para o requinte visual do desfile.

O primor no desenvolvimento das fantasias garantiu uma identidade coesa ao conjunto, equilibrando imponência e leveza na medida certa.

Harmonia

O trio de intérpretes Nino do Milênio, Matheus Gaúcho e Bico Doce foi responsável por conduzir o samba da Maricá e desempenhou bem a função. O ritmo começou acelerado, mas se ajustou ao longo do desfile. A comunidade, mesmo sendo de uma escola novata, mostrou um canto satisfatório, embora inconstante em alguns momentos, com alas que faziam pausas longas antes de retomar o samba. No entanto, de maneira geral, a harmonia musical transcorreu sem grandes problemas e contribuiu para impulsionar o grande desfile da agremiação.

Samba-Enredo

A obra de Wanderley Monteiro, Rafael Gigante, João Vidal, Vinicius Ferreira, Jefferson Oliveira, Miguel Dibo, Hélio Porto e André do Posto 7 teve uma passagem positiva pela avenida. Embora não tenha causado uma grande explosão na arquibancada, o samba foi bem executado e contribuiu para a fluidez do desfile. Alguns versos se destacaram ao longo da apresentação, como “No palco do Chacrinha tem fumaça”, que dialogou bem com o visual do carro alegórico correspondente, reforçando a conexão entre o enredo e o samba. O refrão principal também teve momentos de impacto, especialmente em sua parte mais envolvente, onde o canto da comunidade ganhou força.

Evolução

Apesar de manter a coesão durante boa parte do desfile, a evolução foi o quesito mais inconstante da escola. Tendo seu início extremamente acelerado. Na primeira cabine de jurados, após a apresentação da comissão de frente e do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, a escola arrancou com força, mas a ala que vinha atrás não conseguiu acompanhar, gerando um grande espaçamento. O problema, no entanto, foi corrigido nas cabines seguintes. Ao longo do desfile, a evolução transcorreu de maneira correta, com leveza, fluidez e sem atropelos, culminando em um encerramento tranquilo.

Outros Destaques

O desfile também foi marcado por momentos especiais, dentre eles a grande queima de fogos realizada pela escola no início. O prefeito de Maricá Washington Quaquá marcou presença e desfilou à frente da escola. A comunicação com o público também foi uma constante da apresentação e ao final, alguns gritos de “é campeã” foram entoados.

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