Quando a ciência se encontra com a ancestralidade de religiões de matriz africana, a cura do mundo acontece pela diversidade de saberes. A Inocentes de Belford Roxo apresentou, em seu terceiro carro alegórico, uma celebração vibrante e poética da convergência entre os saberes ancestrais e a ciência moderna. A alegoria destacou a importância da natureza como fonte de vida e cura, reunindo esculturas de Gaia, a mãe natureza da mitologia grega, e Ossain, o senhor das folhas da mitologia iorubá.
A alegoria também destacou a união entre o conhecimento tradicional e a ciência moderna. Grandes tubos de ensaio, preenchidos com folhas, raízes e flores, emergiram na lateral do carro alegórico como pilares da pesquisa científica, representando a colaboração entre cientistas, médicos, bioquímicos e curandeiros na busca de medicamentos à base de plantas. A mensagem foi clara: o conhecimento ancestral e a ciência contemporânea não apenas coexistem, mas se complementam.
O CARNAVALESCO conversou com os componentes da escola da Baixada Fluminense, que falaram sobre a relação entre o conhecimento tradicional e a ciência moderna. Paulo Cesar Sousa, 45 anos, destaque da escola, compartilhou sua experiência com a cura por meio das ervas, herança de sua família baiana.
“Minha avó sempre me ensinou a tomar banho de ervas e se curar com elas. Se estava com uma dor, era uma erva. A gente não tinha comprimido naquele tempo”, relatou.
Ele destacou ainda que os benefícios das ervas estão presentes em medicamentos modernos, como comprimidos e xaropes, e reforçou a sabedoria da velha-guarda, que desfilou na terceira alegoria. “Os antigos sabiam que as ervas e a força da natureza eram uma força suprema”, concluiu.
Para o analista de marketing, Tiago Soares, de 41 anos, ancestralidade e saúde se conectam. “A nossa ancestralidade está ligada diretamente à nossa saúde. Se você não respeita a floresta, não respeita a mata, você não consegue salvar o mundo”, afirmou. Ele também ressaltou a importância da ciência como ferramenta para acessar outros conhecimentos e cuidados. “A ciência também é importante para a gente acessar outros saberes. Estamos saudando a ancestralidade para que a Inocentes arrebente nesse carnaval”, completou.
Marcos Vinícius, de 31 anos, atendente de call center, explicou que sua fantasia representava um rei africano da floresta, simbolizando a conexão entre a realeza e as ervas curativas. “As pessoas iam até o rei para ofertar ervas. Estamos falando de Ossain, que é o senhor da cura”, disse. Ele reforçou a mensagem de que as ervas possuem um poder de cura ancestral e lembrou que, antigamente, eram a principal forma de tratamento. “Antigamente, o remédio que as pessoas usavam eram as próprias ervas”, destacou.
Uma Celebração da Vida e da Cura
A paleta de cores do carro alegórico foi vibrante e orgânica, com tons de verde, terrosos e toques de dourado, refletindo a riqueza da biodiversidade. Através de suas esculturas e simbolismos, a Inocentes de Belford Roxo contou uma história de reverência à natureza, união entre tradições e inovações, e a busca incessante pela saúde e bem-estar.
A mensagem foi clara: o conhecimento das gerações passadas deve ser preservado e passado adiante, em prol de um futuro mais saudável e equilibrado.