No último dia 28 de outubro, a Mangueira esteve no Century Estúdio em Jacarepaguá para encerrar as gravações do álbum de sambas-enredo de 2025. Última escola a escolher o hino para para o próximo carnaval, a Verde e Rosa vai levar para a avenida o enredo “À flor da terra – No Rio da negritude entre dores e paixões”, do carnavalesco Sidnei França. Os integrantes da escola conversaram com o CARNAVALESCO sobre o que esperam da gravação da faixa. Os mestres Taranta Neto e Rodrigo Explosão comandaram a bateria na gravação, e falaram sobre o andamento colocado de 140 BPM (batidas por minuto), as bossas pensadas para a faixa e a sensação de estar a frente da bateria “Tem que respeitar meu tamborim” em mais um álbum.
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“A gente escolheu o andamento do 140 BPM, que a gente quer mesmo apresentar o samba, os desenhos melódicos que a gente fez. Colocamos duas bossas, que a gente também pretende, a princípio, levar pra avenida. Devem ter umas três ou quatro guardadas que é para gente trabalhar em casa primeiro. É um frio na barriga porque a Mangueira é uma escola gigante. Nosso samba não é essa coisa ruim que estão pensando. Temos tem que fazer o trabalho e vai fazer muito sucesso na Sapucaí em 2025”, comentou o mestre Taranta Neto.
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“Estamos com um samba banto. A primeira apresentação no álbum da Liesa é para o público ouvir o samba. Evitamos colocar algumas bossas excessivas”, explicou o mestre Rodrigo Explosão.
Vitor Art, um dos diretores musicais da escola, comentou sobre como foi pensado o arranjo para a obra da Verde e Rosa. “O arranjo passa pela travessia da África até chegar no Brasil. Vamos explorar todas as referências rítmicas que o povo banto deixou de herança, como o funk que a gente ouve hoje. Tem um instrumento que a gente deu vida a ele no carnaval de 2023, que é o timbaque. É meu terceiro ano na direção, e fica aquela expectativa de superar o que foi feito no carnaval passado.”.
Digão do Cavaco, o outro diretor musical da Mangueira, também comentou sobre o arranjo da escola, a composição dos instrumentos utilizados, e de estar presente na gravação da faixa da agremiação para o álbum de 2025. “A gente pensou na temática do enredo, mas também na probabilidade do nosso carro de som, de sempre preservar bem o canto, as cordas, a harmonia legal entre o carro de som e a bateria. Diferente é só o violão de seis cordas, mas que já é uma tradição nossa”.
A presidente Guanayra Firmino também acompanhou a gravação oficial do samba da Estação Primeira, ressaltando a importância de estar conferindo de perto o processo. “O samba mexe comigo na parte que fala, ‘lamento informar um sobrevivente’, porque eu também sou uma. Para mim é muito importante acompanhar a gravação, e nesses três anos da minha gestão, em todas eu estive presente. Faz parte do trabalho do presidente também”.
O diretor de carnaval da Verde e Rosa, Dudu Azevedo, ressaltou que espera conquistar os sambistas com a faixa da Mangueira, destacando como o samba conversa bem com o projeto imaginado pela escola. “A gente espera conquistar todos que são amantes de samba, mostrar a beleza da obra, esse encantamento. Ele tem uma essência de Mangueira muito forte na melodia. Gosto muito da segunda do samba, acho muito rica. Acho que faz o componente bater no peito, e se ver numa história bonita de vida e do que foi a contribuição do povo banto para a cidade do Rio”.
Marquinho Art’Samba e Dowglas Diniz são as vozes da Mangueira por mais um ano e contaram como se preparam para botar a voz no samba da escola para o álbum, o equilíbrio entre técnica e emoção para este momento e qual parte do samba de 2025 da Verde e Rosa mexe com eles.
“É uma preparação que vem de alguns dias, no final de semana procurar sempre estar descansando antes das gravações. A gente conta com o acompanhamento da fonoaudióloga, que é importante. No samba, a parte que eu me identifico como mangueirense, como cria da Mangueira também, é aquela parte da segunda, que eu acho que vai dar um grande impacto na Sapucaí, a parte do funk. É a batida juntamente com a bateria e vamos fazer um trabalho incrível nessa parte, uma paradinha juntamente com a bateria, o funk perfeito”, contou Dowglas.
“A nossa preparação é descansar bastante. Dormir bastante, bastante água, alimentação saudável. O samba tem várias partes que tocam a gente, tem uma parte que eu que eu me amarro muito, ‘Ê malungo, que bate tambor de jongo’, eu acho muito linda”, concluiu Marquinho.
Júnior Fionda, um dos autores do samba da Mangueira, esteve na gravação, e em entrevista ao CARNAVALESCO, comentou sobre a importância da composição e qual trecho mexe mais com ele.
“É o meu 12º samba na Mangueira. Cada um tem um significado para a gente, uma luta diferente, uma frase que representa mais, uma melodia que representa para a vida, e cada um vai ficando para a história. Nesse ano, especificamente, mexe a parte da segunda do samba, sobre o ‘forjado no arrepio’, da época do Cartola que a polícia chegava, arrepiava mesmo e prendia todos por vadiagem. É uma época que meu pai viveu, ele sabe como foi a luta, como foi difícil, ser ‘um sobrevivente’”.