A Mancha Verde avançou mais uma etapa rumo ao Carnaval 2025. No último sábado, em sua quadra, a escola apresentou as suas fantasias em uma grande festa. Com telões, show de luzes e narrações explicando o contexto das fantasias, integrantes vestiram as roupas e desfilaram em uma passarela que guiava até o palco localizado no centro da quadra. Assim, todos os presentes no local puderam ver com nitidez a apresentação. Os figurinos da agremiação para o próximo desfile foram executados pela equipe de ateliê e decoração, idealizadas pelo artista Lucas Abelha. O destaque principal foi para a ala das baianas, que chamou a atenção da comunidade e arrancou vários aplausos. A fantasia consiste em um dourado luxuoso e luzes de LED azul no saiote.

Novo estilo de fantasias da agremiação

O diretor de carnaval Paolo Bianchi revelou que a Mancha Verde está remodelando o seu estilo de carnaval, diferente do que a escola fez em carnavais anteriores. O novo estilo, desenhado pelo projetista Lucas Abelha, agrada o comandante, também pelo fato de ser leal ao tema. “Estou muito feliz que a gente mudou o estilo esse ano. O trabalho mudou, a forma de trabalhar com a comissão, teve uma colaboração muito grande do Lucas Abelha e fez desenhos que ficaram muito legais, a gente aprovou e a reprodução que a Bibinha, a Gall e o Igor Carneiro coordenaram lá na Fábrica e foi muito fiel ao desenho. Tanto no desenvolvimento do enredo, a forma como a gente construiu de amarrar essa história e a forma como as fantasias foram feitas, deixou a gente muito feliz. As fantasias estão limpas, objetivas, vivas, com bastante detalhe, cuidado e bem equilibradas. Não tem aquela fantasia que você fala que está mais ou menos. Todas elas têm um significado, tem uma leitura muito forte para o enredo e tem um formato. Uma concepção muito moderna ou muito diferente do que a gente já fez”, explicou.

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Diretor de carnaval Paolo Bianchi

A Mancha Verde tem por si só uma organização constante de sempre entregar aos componentes a mesma qualidade daquilo que é apresentado nos pilotos. O diretor contou que a agremiação se esforça para dar conforto ao componente e proporcionar o devido espetáculo na passarela. “A gente se esforça demais para ter essa lealdade em relação ao que a gente fez de piloto. Tem ano que não dá, mas há muito esforço. A gente mostra para o nosso componente que se empolga quando recebe fantasia dele. Ele quer uma fantasia igual à que ele se interessou e saiu pensando nela. Também tem o público. Acho que quem vai para o Anhembi está cansado de ver truques. Aquela pluminha que já passou na avenida 30 vezes. A gente usou muito aquela alternativa esse ano para não depender tanto de pena de pluma. Está muito caro por causa do dólar. Mas quando a gente coloca, tem que tomar com qualidade. O cara está na arquibancada, paga ingresso e o mínimo que a gente tem por ele é respeito. O carnaval é espetáculo, é show. É o Grupo Especial de São Paulo que passa pelo mundo inteiro e esse cuidado a gente tem que ter”, declarou.

Sobre a sua fantasia predileta, Paolo não escondeu a paixão pela ala das baianas. Realmente é uma vestimenta inovadora, pois a Mancha vai apostar em iluminação LED dentro dos saiotes das mães do samba. A reação positiva da quadra foi imediata. “Quando a baiana entrou eu vi gente dando pirueta na quadra. A concepção da baiana é muito legal e ela conversa com o carro. Com certeza é a fantasia ‘queridinha’ da Mancha. O LED na fantasia é real e infelizmente o Anhembi tem a iluminação muito clara, mas a gente vai tentar aumentar um pouquinho para dar um efeito maior”, disse.

Execução com carinho e mérito dos profissionais

O presidente Paulo Serdan exaltou Bibinha e Gall, que são responsáveis pelo ateliê e decoração das fantasias. “Eu gostei bastante. Acho que a gente tinha até comentado isso na final do samba. É uma leitura que o Abelha deu para gente de um carnaval diferenciado do que a gente estava acostumado a fazer, que era carregado nas plumas antes e com bastante roupa. O mérito mesmo de verdade é da Bibinha e da Gall, que tiveram a capacidade com a equipe delas de tirar do papel e transformar no que a gente mostrou hoje. Eu estou muito feliz e tranquilo em relação a tudo que tem acontecido com a gente nesse processo de comissão de carnaval”, destacou.

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Presidente Paulo Serdan

O gestor contou que a primeira parte do desfile já está sendo feita no ateliê e citou as baianas como exemplo, falou sobre investimentos, preços que são caros, mas que não pode mexer no trabalho que a sua comissão desenvolve, pois dá liberdade à sua equipe de carnaval. “Já estamos reproduzindo, na verdade. O primeiro setor já está nos ateliês. A ala das baianas a gente segurou para fazer na Fábrica. Quase 200 fitas de LED compramos hoje. ‘Ah, não dá muito efeito na avenida’, mas vai acontecer. No local que ela tem que dar, ela vai conseguir, que é no chão para refletir aquele brilho. E assim, por exemplo, quando eu vi o desenho, eu vi aquela cauda e falei: ‘cara, como é que vão fazer isso aí? Como é que vai tirar?’ Então, vieram várias ideias. A Gall falou para eu ficar tranquilo quanto a isso. Quando eu vi, fiquei impressionado. E aí depois começamos a fazer conta. Você fala: ‘Cara quanto vai custar esse negócio?’ Agora eu não tenho o direito de mexer, porque você libera, cria, e agora eu vou lá e mexo¿ Vai ser exatamente isso. Não vai mudar nada, até com o LED. É muita coisa, mas seria desleal eu mexer no trabalho que a equipe desenvolveu”, afirmou.

Serdan destacou algumas alas que ele particularmente gostou e lamenta que o jurado e público não conseguem ver de perto a entrega e o cuidado que os profissionais da agremiação têm para executar as vestimentas. “Por exemplo, você pega a fantasia do Mestre Besouro, que não tem plumas. Tem uns faisões só na cabeça. Mas você vê a criatividade que foi colocada na fantasia, o material usado, a ala do artesanal do pescador. Aquela ala para mim é espetacular, porque ela é toda artesanal mesmo. É uma pena que o jurado e o público não consigam ter a proximidade da fantasia para ver o cuidado que ela foi confeccionada. Então, você vai olhando e vai se encantando. A fantasia de Olodum, por exemplo, a trança do Rastafari, que fizeram lá, é legal aquilo. Tem na fantasia do Carlinhos Brown também. Você vai vendo a criatividade que foi colocada na fantasia e vê que é feito com muito amor e com muito carinho”, comentou.

Sobre o andamento do barracão, a Mancha Verde tem um gosto de realizar tudo com antecedência. O mandatário explicou que isso está sendo feito novamente, com o abre-alas já sendo adiantado e, as demais partes do desfile, conversadas para possíveis mudanças. “O abre-alas de ferro termina agora. Termina agora e é semana que vem. Até sexta-feira eu acho que a gente a parte de ferragem já foi. Segunda-feira eu fechei a parte de fibra de vidro com o profissional que vai reproduzir. Na segunda-feira eu estou passando para ele a reprodução das peças de fibra de vidro que vão ser reproduzidas no carro. O pessoal de Parintins chegou e a minha maquete está lá pronta. O carro tem uma leitura muito bacana. Tem quase 200 metros de LED. É uma visão bem legal mesmo. As esculturas, que são 10 tartarugas, uns peixes, já estão até empapelando. Acho que provavelmente até quinta ou sexta-feira já começamos a reprodução da fibra de vidro dessas peças e agora eles começam a esculpir. A gente tem 10, 11, 12 orixás, mas são 10 do mesmo tamanho e dois com sete metros de altura mais ou menos. Está andando legal. A gente tem o nosso segundo carro também com planta baixa. As demais alegorias nós estamos para limpar algumas informações ou acrescentar. Mas está tudo encaminhando certo, sem atropelo. Está tudo legal”, concluiu.