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Império Serrano promove xirê na Sapucaí e encerra Série Ouro nos braços do povo

Apesar de bom desfile, falhas de acabamento em alegorias pode comprometer briga pelo título

Por Luan Costa e fotos de Nelson Malfacini

Coube ao Império Serrano a missão de encerrar os desfiles no segundo dia da Série Ouro. Após o rebaixamento considerado injusto por muitos no ano passado, o Reizinho de Madureira entrou na avenida disposto a mostrar que de fato é uma escola de Grupo Especial. A ancestralidade trazida no enredo contagiou o imperiano, que pisou no Sambódromo emocionado, aguerrido e com muito gás. Impulsionado pela “Sinfônica do Samba”, comandada por mestre Vitinho, o samba-enredo foi um dos protagonistas do desfile. Porém, apesar de realizar uma boa apresentação, o Império cometeu algumas falhas de acabamento em suas alegorias que pode comprometer a briga pelo título, mesmo assim, o público gritou ‘é campeão’ ao final do desfile.

Apresentando o enredo “Ilú-oba Òyó: a gira dos ancestrais”, desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza, a escola da Serrinha mostrou a importância dos orixás e contou a história dos deles não apenas como divindades, mas como fundadores e reis de várias cidades e reinos africanos que compunham um império de Oyó, da cultura yorubá, do povo nagô. A agremiação terminou sua apresentação com 53 minutos.

Comissão de Frente

A comissão de frente coreografada por Marlon Cruz foi intitulada “As Mães do Candomblé”, ela representou três princesas da corte do Alafin de Oyó: Iyá Akalá e Iyá Adetá e Iya Nassô, que fundaram o primeiro terreiro do candomblé na Bahia, o Ilê Axé Airá Intilê. Composta somente por mulheres, todas elas com os pés em contato direto com chão, a comissão entregou um belíssimo trabalho, aliando a modernidade da luz cênica, com a dança tradicional. O sincronismo foi impressionante, os movimentos eram rápidos e intensos, mesmo assim todas se entregaram de forma emocionante. O tripé utilizado como apoio serviu para revelar uma das princesas.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Anderson Abreu e Eliza Xavier fez sua estreia pelo reizinho de Madureira no desfile deste sábado. Ele representou o Orixá Exú, predominantemente em preto com arte plumária em tons de fogo, representando o itan, que conta a façanha que o fez Rei. Já a indumentária dela segue o mesmo desenho e cores do seu par, com uma predominância maior da representação do fogaréu em sua saia. A dança da dupla foi intensa e extremamente forte, Eliza demonstrou muita personalidade, e mesmo realizando sua estreia, não economizou nos movimentos arriscados, todos eles realizados com muita precisão, o que chamou mais atenção foi a bandeirada.

Enredo

O experiente carnavalesco Alex de Souza foi o responsável por desenvolver o enredo “Ilú-oba Òyó: a gira dos ancestrais”, a escola da Serrinha se lançou sobre os mistérios de Ilú-Oba Òyó, antigo império que ocupava os locais que hoje estão situados Nigéria, Togo e Benin, na África Ocidental, e promoveu um xirê em homenagem aos Orixás na Sapucaí.

* LEIA AQUI: Terceiro carro do Império Serrano consagra Oxalá

Alex optou por contar a história em quatro setores, a abertura foi intitulada “Origens, fundamentos e a iniciação do ritual com os Orixás senhores dos caminhos”, representou o xirê, onde os orixás foram apresentados e a história de cada um como fundador e como rei pertencente de alguma cidade, algum reino que compunha esse grande império yorubá, que é o Ilu-Obá Oyó. O segundo setor trouxe uma sequência de orixás e foi denominado “Dos Nagô /Yorubá aos Jeje de Daomé”. O terceiro, “Oyó, seu poderoso Rei e as poderosas Yabás”, para finalizar, “O encerramento da gira no Grande Ilê Imperial”, em que a espiritualidade da do Império ganhou destaque.

* LEIA AQUI: Integrantes do Império Serrano elogiam conjunto alegórico da escola

Alegorias e Adereços

O Império Serrano levou três alegorias, um tripé, além de um elemento cenográfico para sua comissão de frente. Durante o desfile foram observados algumas falhas aparentes de acabamento nas alegorias.

A primeira alegoria, denominada “Reino de Ketu, Ifé e Iré”, representou a história dos irmãos Ogum e Oxóssi, além de trazer seus reinos no Império Yorubá, as esculturas chamaram atenção pela dramaticidade. O segundo carro, “Dan, o reino de Daomé”, trouxe toda a riqueza e colorido de Oxumaré, porém, algumas serpentes que permeavam a alegoria estavam com ferro aparente. Outro problema observado foi no tripé “O alafin de Oyó”, a grande escultura de Xangô passou pela avenida com uma falha no acabamento do pescoço. O Império finalizou seu desfile com o carro “Ilé-Ifé, Igbó e Ifón. O Império de Oxalá”, predominante branco, a alegoria trouxe a grande coroa símbolo da escola.

Fantasias

O Império demonstrou muito cuidado com o seu seu conjunto de fantasias, o uso de materiais e cores contribuiu para que o nível se mantivesse alto em todas as alegorias, mesmo naquelas que se utilizou de materiais menos comuns. Característica do carnavalesco Alex de Souza, a grandiosidade das fantasias foi notada por quase todo o desfile, no geral, não foi um problema para os componentes, porém, na ala 14, “Nàná. De Daomé, ela é o começo, o meio e o fim”, alguns desfilantes passaram segurando o adereço de cabeça. Como destaque, é possível citar a ala de abertura, “Èsù guardião e mensageiro divino. Rei de kétu, èsù alákétu”. Como ponto negativo, ficou o fato de que a ala cinco, Obalúaiyé. Quando o senhor da cura está em terra. Rei dos tapas, rei de nupê”, passou pela avenida com alguns adereços se desfazendo.

Harmonia

O intérprete Tem Tem Jr fez sua estreia no comando do carro de som da verde e branco de Madureira, o entrosamento dele com a bateria comandada por mestre Vitinho foi notada desde o primeiro minuto, ambos contribuíram para que o padrão do conjunto harmônico da escola fosse altíssimo. O componente imperiano entrou na avenida de forma explosiva e se manteve assim até o final, eles estavam soltos e cantando de forma espontânea.As alas mais próximas a bateria, como a de passistas, e a oito, “Òsùmàré “salve o senhor dos ciclos”. Dan de Daomé”, esbanjaram samba no pé e canto na ponta da língua.

Samba-Enredo

A obra de Aluísio Machado, Carlos Senna, Rafael Gigante, Lequinho, Andinho Samara, Ronaldo Nunes, Jefferson Oliveira, Orlando Ambrósio, Carlitos Santos e Richard Valença foi responsável por conduzir o belíssimo desfile do Império.

Apesar de algumas palavras com dialeto africano, como no verso “Awá o soro Ilê, Awá o soro Ilê”, o samba se mostrou um grande acerto, por ser a última a desfilar, era necessário um samba que fosse capaz de levantar os componentes e o público, foi exatamente isso que aconteceu, o canto da comunidade foi explosivo e a comunicação com a arquibancada excelente.

Evolução

O componente do Império Serrano passou pela avenida de forma explosiva, no geral, a evolução fluida e organizada, vale destacar que as alas eram numerosas e mesmo assim se mantiveram compactas e alinhadas, porém, os desfilantes estavam soltos, se divertindo e aproveitando cada minuto do desfile. Porém, a sensação foi de que o desfile passou pela avenida rapidamente, aparentemente sem necessidade as últimas alas aceleram o passo, nada que tenha comprometido o conjunto, já que a apresentação da bateria se estendeu no final.

Outros Destaques

A presença de seu Aloísio Machado, um dos autores do samba, em cima do carro de som foi uma das imagens emocionantes que o desfile do Império proporcionou, foi possível observar inúmeros componentes emocionados com a passagem do reizinho pela Sapucaí. A bateria Sinfônica do Samba presenteou o público com uma apresentação de tirar o folêgo, um grupo performático encenou um xirê dos orixás, eles interagiram com a bateria e com a rainha Darlin Ferrattry.

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