A dupla de carnavalescos formada por Gabriel Haddad e Leonardo Bora fez sua estreia na Acadêmicos do Grande Rio no Carnaval de 2020. Logo no primeiro ano, os artistas conquistaram um vice-campeonato com o enredo “Tata Londirá – O Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias”, sobre o pai de santo baiano Joãozinho da Gomeia. O trabalho seguinte foi ainda mais além e alcançou o tão sonhado título para a escola de Duque de Caxias com “Fala Majeté! Sete Chaves de Exu”, que desmostificava a figura do orixá. Agora, após um sexto lugar em 2023 homenageando o cantor e compositor Zeca Pagodinho, os dois querem novamente levantar o caneco com “Nosso Destino É Ser Onça” sobre a simbologia do animal no cenário artístico-cultural brasileiro.
“A Rosa Magalhães uma vez deu uma entrevista falando que todo Carnaval é novo. O ferro é novo, o isopor é novo, o tecido é novo. Claro que é uma brincadeira, mas diz muito sobre esse espírito do que é uma criação carnavalesca. Esse próximo trabalho nosso na Grande Rio é um desafio imenso. É um enredo que a gente vem pesquisando há muito tempo, que foi sendo maturado e desenvolvido ao longo dos anos. Com certeza, os torcedores da tricolor de Caxias, os amantes, os espectadores do Carnaval em geral, podem esperar uma escola com uma roupagem muito nova, ainda mais experimentação, mais inovação, algo muito diferente do que está todo mundo acostumado”, antecipou Leonardo Bora em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO.
Conforme destacado por Leonardo Bora, o tema que a tricolor caxiense levará para o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no ano que vem é fruto de uma pesquisa iniciada ainda em 2016. A ideia surgiu a partir da leitura do livro “Meu Destino É Ser Onça”, do escritor Alberto Mussa, que narra como a onça possui papel central na cosmovisão dos Tupinambá. Desde então, o enredo foi sendo trabalhado pela dupla de carnavalescos até que, após uma conversa com o autor da obra, decidiram tirar o projeto do papel e contar essa história na Avenida. Ao comentar sobre isso, Gabriel Haddad ressaltou que mesmo a proposta sendo complexa, ela não deixa de ser popular também.
“A gente não classifica os enredos em gavetas, são histórias amplas e a cada divulgação que a gente faz, a cada história que a gente conta, são trabalhados de maneiras diferentes. Por isso, não posso tentar enquadrar a comunidade da Grande Rio de maneira aleatória. Não posso olhar para um enredo e dizer ‘ah, isso aqui eles não vão entender’. Se fosse só escolher o que é fácil todo ano seria as quatro estações, os dias do ano, algo bobo. Não posso entender a comunidade da Grande Rio, enquanto uma comunidade que não vai entender o enredo. É uma comunidade inteligente, que frequenta os ensaios, que entende o samba, entende a sinopse. Então, preciso confiar neles. Tenho certeza que vão entender o nosso enredo para 2024, assim como entendeu o Exú, o Tata Londirá, o Zeca, que não foram propostas fáceis. Este ano, a única diferença de construção de enredo é que inspirado em um livro do Alberto Mussa. De fato, é um enredo complexo, que envolve muita pesquisa, mas eu duvido você achar alguém na Cidade do Samba que vai escrever o livro Abre-alas sem ter um estudo extremamente aprofundado do tema. O quesito enredo tem sido muito bem avaliado, então esse embasamento é fundamental”, defendeu Haddad.