Os ‘mangarás’ vermelhos e amarelos estão pulsando mais forte do que nunca. Na noite deste domingo, a Tom Maior realizou um dos maiores eventos de sua história. O que aconteceu é para ficar gravado eternamente nas memórias dos componentes e torcedores da agremiação do Sumaré. Foi inaugurada a tão sonhada quadra e, junto dela, o lançamento do samba-enredo para o Carnaval 2024. O formato das eliminatórias foi feito com audições internas e divulgado inteiramente pela internet, até que no dia 23 de agosto a agremiação anunciou o hino vencedor em suas redes.
Pode-se dizer que é uma obra já aclamada como uma das melhores entre as escolhidas até agora. Devido a isso, com a quadra lotada, a comunidade da ‘vermelho e amarelo’, já cantou forte a trilha-sonora que irá embalar a escolha rumo ao desfile de 2024. A parceria vencedora é composta por: Gui Cruz, Turko, Portuga, Rafa do Cavaco, Imperial, Fabio Souza, Anderson, Willian Tadeu e Vitor Gabriel. Vale destacar que o time é bicampeão na escola, visto que venceram a disputa de 2023.
Samba diferenciado
O presidente e mestre Carlão falou sobre o processo de eliminatórias. Para o mandatário, é um samba-enredo que vai ficar na história da agremiação. Carlão contou da ansiedade em revelar o resultado, além da expectativa da comunidade. “Esse samba é uma maravilha. Eu adoro. Pode ter certeza que vai ficar na história da Tom Maior. Sobre a nossa escolha, nós fizemos toda a audição e divulgamos o resultado pela internet. É normal a ansiedade. Quando se escolhe um samba, acontece que você vai estar com ele durante um tempo e vai representar a história da sua escola. É uma coisa muito emocionante”, declarou.
Como mestre de bateria, Carlão disse que os ensaios dentro da obra começam prontamente. “No primeiro ensaio já vamos fazer os arranjos. Se o samba é escolhido na segunda, o trabalho começa na terça. E assim acontece sempre”, completou.
Escolha unânime
De acordo com o diretor de carnaval e harmonia, Bruno Freitas, o samba vencedor foi escolhido por unanimidade. Segundo o próprio, o processo se deu por reuniões dentro do próprio barracão, onde as lideranças cantavam as obras concorrentes para fazer as análises. A vencedora teve o melhor desempenho. “Nós tínhamos pelo menos uns seis sambas que entregariam o que precisávamos para o desfile. Aí internamente fomos afunilando, chegamos nos três, estava tão parelho o negócio, que surgiu a ideia de levar as lideranças para a Fábrica e cantar. Na hora que cantar o que mais adequar, e aconteceu assim, foi uma catarse, sem ensaiar, sem nada, o samba ganhador dos meninos, que era o samba 9, ele foi de uma vez. E nós falamos que não tinha como não ser esse”, contou.
Gerson Silverstone é outro membro da direção de harmonia. O diretor já falou da parte técnica do samba dentro de um contexto de pista. “Dá para fazer um trabalho bacana em cima do samba, com certeza. O samba é muito forte e muito bom. As alas, as comunidades, os coordenadores e chefes de ala nos ajudaram a escolher esse samba. Com certeza teremos um canto muito forte na avenida, pode aguardar que chegaremos muito fortes”, afirmou.
Emoção de vencer
Imperial, compositor vencedor do samba 9, falou em nome da parceria sobre a emoção de vencer mais uma vez na Tom Maior. O escritor também deu alguns detalhes da criação da obra. “Alegria, pois não podia ser diferente, mas também emoção. O samba, desde a origem de sua composição, nos levou para um lugar especial para todo compositor que é onde a melodia e a letra exalam emoção sem muito esforço, como se já nascessem prontas e certeiras em suas intenções. O processo de criação foi muito rápido, o que não é comum na parceria. A melodia que nasceu foi despertando uma emoção espontânea na letra. Cada acorde fazia vibrar em cada verso uma emoção, uma energia amorosa”, declarou.
Como citado anteriormente, as eliminatórias da Tom Maior se deram internamente com divulgações pela internet. O compositor aprovou o sistema. “Acho que é uma fórmula que vai, em algum momento, ocupar o espaço das eliminatórias tradicionais. Para tudo há um bônus e um ônus, mas, especificamente no caso da Tom Maior, os resultados comprovam que dá mais do que certo”, completou.
Sinergia com o enredo
O carnavalesco da Tom Maior, Flávio Campello, segue na linha do diretor de carnaval. Além de elogiar a safra, diz que a escolha foi unanimidade e um casamento perfeito com o tema. “Esse samba-enredo foi um presente, mais uma vez desta parceria. O Turko e cia, arrebentaram mais uma vez. Acho que não é à toa que estão no segundo ano consecutivo com o samba escolhido, e acho que eles conseguem captar a mensagem que a gente pretende. E gosto muito da maneira deles escreverem o samba. Assim, foi um casamento perfeito, e graças a Deus tivemos uma safra muito boa. Recebemos sambas maravilhosos, talvez tenha sido até o ano mais difícil para poder escolher o samba. Tivemos que fazer uma audição interna para poder compreender o que a escola gostaria de levar para 2024 e foi a partir daí que nossas opiniões se dirigiram para um único objetivo da escolha desse samba, quando foi unanimidade”, declarou.
Influência na comissão de frente
O coreógrafo da comissão de frente, André Almeida, rasgou elogios à obra, também concordou sobre a unanimidade e falou das etapas que a comissão de frente deve seguir a partir dessas definições. De acordo com o dançarino, o trabalho será difícil de colocar em prática, mas que está fluindo devido ao samba escolhido.
“O processo de escolha do samba, teve inicialmente a seleção dos sambas para a final, onde ficaram três sambas e a comissão de frente também participou de alguns ensaios com setores da escola, direção, harmonia, para escutarmos sem ter a letra na mão e ver qual seria o samba que mais ia fixar na cabeça do componente. E esse samba sem dúvida foi eleito por toda a escola. É uma excelente obra, retrata muito o enredo, aquilo que o Flávio Campello está trazendo para o carnaval da Tom Maior. E acredito que estamos sendo felizes na escolha do samba, estamos vindo de uma safra de sambas bons na Tom Maior, e esse samba achei excelente escolha para escola, componentes. Todo ano é de adaptação, é muito difícil, falo como coreógrafo, é difícil você iniciar o trabalho, pegar uma obra, sentar, pesquisar, começar o projeto, coreografia, tudo. Pois você vai moldando, vendo o que vai dar certo, experimentando coisas, mas é muito difícil para mim começar, depois que começamos, vai desenvolvendo e o trabalho fluindo. E esse trabalho está fluindo muito legal desde o começo, então para mim está sendo uma boa expectativa esse samba”, declarou.
Samba romântico para dançar
O mestre-sala Ruhanan Pontes exaltou a grandiosidade do samba. Segundo o dançarino, a mistura do enredo indígena com o amor foi a chave do sucesso para a vitória. “Desde quando ele surgiu nas eliminatórias, já foi o que conquistou meu coração. Eu já imaginava que fosse ser bom porque sou um apaixonado por enredos indígenas, são os meus preferidos. Eu tenho um amor, porque eu gosto de penas, acho bonito quando vem um cocar e outros elementos. Eu já imaginaria que viria um samba bom pela história que o Flávio quer contar. E modéstia à parte, eu acho que o nosso samba já é o top 3 do carnaval de São Paulo. Mais uma vez, porque o do ano passado foi uma pancada, e o desse ano também. Acho que o desse ano é um pouco mais melódico, que conta uma história de muita emoção. De luta e de garra também, mas é uma história de amor. Não se fala de amor querendo jogar muito lá em cima. Eu gosto de samba assim porque para o mestre-sala e a porta-bandeira é muito melhor de dançar. Gostamos desse samba desde o começo”, declarou.
A porta-bandeira Ana Paula concordou com seu parceiro e colocou até a sua astrologia no meio para exaltar o romantismo que a obra tem. “Ele já disse praticamente tudo. O amor dele pelo samba indígena não é nem tanto quanto o meu porque eu acho que eu não combino nada com os indígenas, mas eu gosto muito da história e da lenda. Como uma canceriana nata, eu adoro um romance e esse samba tem tudo isso. Um samba melódico para dançar para mim foi perfeito, já me encantou logo nas primeiras eliminatórias. Na final de samba que nós tivemos ficou nítido quando as pessoas cantavam o samba. A gente cantava o samba com paixão, foi muito legal. Acho que tem tudo para dar certo”, completou.
Elogios do intérprete
O intérprete Gilsinho elogiou o samba. O cantor, que também tinha uma obra na disputa e chegou até a final, disse que se deve trabalhar para melhorar e ficar cada vez mais no ritmo da escola. “É um bom samba. Agora vamos trabalhar ele para o nosso jeito, ritmo e fazer com que ele cresça cada vez mais até chegar o carnaval e passar na avenida cantando bem. Se está sendo aclamado como um dos melhores, fico feliz”, disse.
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