Arranco ESP 01002 1De volta à Marquês de Sapucaí, o Arranco do Engenho de Dentro abriu os desfiles da Série Ouro do Carnaval do Rio de Janeiro com o enredo “Zé Espinguela – Chão do Meu Terreiro”. A escola se propôs a levar para a avenida as raízes, a semente, o tronco e os frutos do samba e do carnaval carioca como a gente conhece hoje, afinal foi Zé Espinguela o articulador das primeiras competições entre escolas de samba.

A história registra que foi realizado um grande concurso entre sambistas, em 20 de janeiro de 1929, dia de Oxóssi e de São Sebastião, o santo padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. A disputa ocorreu na casa de seu Zé Espinguela, localizada Rua Adolpho Bermani, onde hoje é a própria quadra de ensaios da Arranco. Participaram do concurso alguns grupos de sambistas como o Conjunto Oswaldo Cruz, a Deixa Falar e a Estação Primeira de Mangueira.

As alas 4, 5 e 6 fizeram uma homenagem aos baluartes do samba que participaram das apresentações no terreiro de Zé Espinguela. “Pulsa a marcação: nasce a Mangueira de Espinguela, Arturzinho e Cartola” era o nome da ala 4, que veio toda nas cores verde e rosa, trazendo um tambor como adereço da fantasia.

Arranco ESP 01006Aline Cristina, de 46 anos, desfila há 2 pelo Arranco e contou ao site CARNAVALESCO sobre a emoção de desfilar falando sobre o legado dos sambistas. “Esse legado é importante para o Rio de Janeiro, para os nossos filhos, nossos netos terem uma lembrança no futuro.”

Arisdalva Silva, de 58 anos, desfilou no Arranco pela primeira vez. “É uma honra estar homenageando um personagem que foi tão importante para a história do carnaval”. Ela declarou ainda sobre a importância da preservação das raízes ancestrais do samba: “São os percursores do samba. O samba existe e ainda sobrevive graças à eles e ao legado deixado por eles.”

A ala 5 foi chamada de “Salve Madureira de Paulo, Heitor e Antônio Caetano”, em referência aos bambas do Conjunto Oswaldo Cruz, que deu origem a tradicional Portela. O figurino da ala era predominantemente azul e branco, e seus componentes carregavam um estandarte escrito “Oswaldo Cruz”, bairro em que surgiu a Portela.

Arranco ESP 01003 1Bernard Nascimento, de 30 anos, também fez sua estreia pelo Arranco, mas já nasceu dentro do meio do samba. Ele é bisneto de seu Natal da Portela, neto da lendária porta-bandeira Vilma Nascimento, e confessou: “Hoje a gente está com a família toda aqui homenageando a Portela”. Bernardo comentou ainda que “Todo carnaval é único, mas esse ano está sendo muito emocionante porque eu sinto a presença do meu avô Natal quando eu coloco essa fantasia”. Ele conclui dizendo que “É prazeroso ver o legado que foi iniciado 100 anos atrás e até hoje tem frutos”.

João Miguel, de 20 anos, desfilando pela primeira vez no Arranco, declarou: “Oswaldo Cruz e Madureira tem uma história com o samba muito forte, já há muito tempo. A Portela é uma escola muito antiga. E o Arranco fazer essa homenagem é muito importante para trazer de volta essa ancestralidade”.

Já a ala 6 foi batizada de “Ismael, Benedito e o velho Estácio”, recordando os grandes sambistas do bairro do Estácio que fundaram a escola Deixa Falar. A fantasia dos integrantes era nas cores vermelho e branco, e trazia um costeiro em formato de pandeiro, com as platinelas douradas.

Alan Silva, de 51 anos, desfila há 4 anos na escola, mas é folião desde os 12 anos de idade. Ele contou sobre a satisfação de desfilar falando sobre história do samba: “É bom porque a gente faz uma recordação do carnaval antigo, que você tinha um samba mais melódico”. Janete Oliveira, de 67 anos, desfila há muitos na escola com a sua irmã. Empolgada com o enredo do Arranco, ela afirmou: “É um prazer porque a gente entra de coração pra fazer a representação que a escola precisa. É emociante, arrepia e tudo!”