Depois da forte chuva que caiu no Rio de Janeiro no começo da noite de sábado, a Vila Isabel abriu o dia de ensaios técnicos com uma garoa e assim conseguiu fazer o desfile sem muitas dificuldades. A comissão de frente diferenciada e a inovação criativa do casal Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas foram destaques pela curiosidade que causaram no público e pela beleza dos movimentos. A Vila vai ser a terceira escola a desfilar na segunda-feira de carnaval. O enredo para 2023 é “Nessa festa, eu levo fé!” desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros e tem como temática as festas ligadas às religiões pelo Brasil e pelo mundo. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
“Um balanço super positivo, apesar da chuva, que na hora do desfile, graças a Deus, deu uma trégua. A comunidade compareceu e a Vila Isabel fez o dever de casa – uma prévia do que iremos apresentar no desfile oficial. Parabéns para a comunidade, que vem evoluindo muito. Estamos fazendo ótimos ensaios de rua e a prova foi o que fizemos hoje na Sapucaí – comissão de frente, casal, Macaco Branco, carro de som, Tinga, Douglas, Dona Sheila da velha guarda – só tenho a agradecer a toda comunidade. Claro que ainda temos algo para melhorar. A gente tem uma semana e iremos conversar e pontuar o que nós erramos para que na segunda de carnaval a gente chegue 100%. Venho com 2700 componentes”, explicou Moisés Carvalho, diretor de carnaval.
Comissão de frente
Os integrantes coreografados por Alex Neoral e Márcio Jahú vieram em uma proposta diferente. Em cena, vampiros, múmias, noivas cadáveres, quatro “Wandinhas Addams” e uma bruxa performaram a sua própria festa com direito a balinhas arremessadas para o público. Os dançarinos tinham movimentos bem sincronizados e divertidos. Essa comissão provocou a curiosidade sobre o que será visto no dia do desfile oficial.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas fizeram uma apresentação com uma inovação: os guardiões interagiram mais do que o habitual com o casal. O começo era marcado por um bailado que lembrava valsa e evoluía para os passos mais clássicos do cortejo de mestre-sala e porta-bandeira. Ao longo da performance, o casal fazia passos que eram associados às festas mencionadas na letra, como passos de festa junina e saudações a orixás.
Harmonia
A comunidade da Vila Isabel deixou claro que eles estão com o samba-enredo na ponta da língua. A escola cantou forte não só nos momentos que a letra pedia, mas por toda sua extensão. A empolgação veio também pelo carro de som comandado por Tinga. O cantor abrilhantou o ensaio técnico incentivando e elogiando a força da agremiação sem deixar de cantar o samba em sua completude.
Evolução
A azul e branco desfilou sem defeitos nesse quesito. As alas estavam coesas e a escola não precisou correr nem desacelerar ao passar ocupar por 63 minutos a Marquês de Sapucaí. A comunidade estava muito confortável para brincar carnaval, dançando muito, cantando alto e sambando. Um exemplo disso é a velha-guarda, que passou mais para o final do desfile. Os veteranos estavam muito alegres mesmo embaixo da chuva que insistia em cair. Um ponto interessante é o fato de a ala de passistas estar em volta de um tripé representando uma festa junina. O elemento cenográfico não dificultou a evolução do samba no pé dos integrantes.
Samba-Enredo
A composição de Dinny da Vila, Kleber Cassino, Mano 10, Doc Santana e Marcos cantada na Avenida comprovou que a Vila Isabel está em ótimas mãos. Além dos pontos altos como “Evoé” e o segurando refrão, o trecho “Pulei fogueira/Anarriê no arraiá brinquei” ganhou o coração do público. A letra do samba não apresenta nenhum empecilho para o aprendizado, o que facilitou os componentes a aprenderem e cantarem com tamanha excelência.
“Vocês puderam ver um samba alegre, um samba leve, a comunidade inteira cantando com muita alegria. Chovendo e assim mesmo a comunidade representou da melhor forma possível. Fiquei muito feliz. Com certeza vai ser um sucesso. A Vila Isabel vai chegar com força e com garra para buscar o nosso objetivo que é ser campeã do carnaval. Dá para melhorar sempre. Até o dia do desfile, nós procuramos fazer o nosso melhor e vamos continuar trabalhando para chegar no dia podermos cantar e levar alegria e a nossa voz para a comunidade. Eu e o mestre Macaco Branco conversamos demais. A sintonia é muito grande. Nós estamos sempre juntos conversando, buscando sempre o melhor da nossa escola. Eu adoro a parte da festa junina. É muito maneiro, a escola canta com diversão, a gente lembra da nossa época de criança”, lembrou o intérprete Tinga.
Outros destaques
A bateria “Swingueira de Noel” liderada pelo mestre Macaco Branco provocou surpresa com uma bossa baseada no contexto das festas juninas na parte final do samba-enredo. Todos os componentes criaram seus próprios passos para fazer nesse momento que a Vila Isabel vira uma quadrilha. Um show de carisma também foi dado pela rainha de bateria Sabrina Sato que distribuiu rosas no Setor 1.
“O ensaio foi maravilhoso, graças a Deus conseguimos fazer um ensaio perfeito a escola cantou para caramba. A Swingueira de Noel perfeita nas execuções, andamento perfeito. É só não chover no dia, mas a chuva só vem quando tem que molhar. Por isso, foi perfeito, mesmo com a chuva nos fizemos um grande ensaio. Vamos fazer no desfile duas paradinhas e uma subida de três, vamos pra cima”, garantiu mestre Macaco Branco, que desfilará com 276 ritmistas.
Colaboraram Augusto Werneck, Cristiano Martins, Nelson Malfacini e Raphael Lacerda