A Unidos de Santa Bárbara foi a nona escola a desfilar no Sambódromo do Anhembi na madrugada deste domingo, dia 12 de fevereiro, pelo Grupo de Acesso II. Com destaque para a comissão de frente bela e impactante, a escola teve muitos problemas de evolução que comprometeram o andamento do desfile, que finalizou o desfile com 48 minutos. A escola do Itaim Paulista trouxe como enredo “Kosi Ewe — Salve as Folhas. Sem Folhas, Não Tem Orixás”.
Comissão de Frente
Uma encenação impactante marcou o início do desfile da Santa Bárbara. A comissão de frente, comandada pelo coreógrafo Luiz Romero, representou a chegada dos escravos ao Brasil, que são conduzidos por Exu para que Ossanhe realize seu ritual de cura. Dançarinos transmitiram em gestos e verbalizações a dor dos escravizados, aos olhos de um outro que representou Exu. Outro grupo representou Ossanhe em fantasias coloridas de verde com folhas aderençando, muito bem-acabadas. Um ótimo início de desfile da escola.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Dyego Santos e Waleska Alves decaíram de desempenho enquanto passavam pela Avenida. No primeiro módulo, o casal conseguiu executar bem os elementos obrigatórios com graça, beleza e sintonia. Nos últimos módulos, porém, a dupla perdeu o ritmo e começaram a cometer erros, em especial da parte de Dyego, que por mais de um momento deu as costas para Waleska durante os giros, chegando a parar à frente da porta-bandeira em certa finalização. Sincronismo nos giros também falhou diante dos últimos jurados.
Harmonia
O canto da Santa Bárbara foi irregular. A ala que mais cantou foi a ala das baianas, que representou as águas da purificação, com senhoras de idade dando aula para jovens em outros segmentos da escola. A falta de disposição dos componentes no geral refletiu no público, que passou o desfile demonstrando poucas reações.
Enredo
O enredo da Santa Bárbara teve como objetivo exaltar as folhas, mas foi difícil identificar a linha de narrativa escolhida pela escola. O abre-alas e as primeiras alas faziam clara referência a orixás e elementos do candomblé, mas a partir do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, a temática virou bruscamente e se torna uma mistura generalizada de indígenas com figuras que faziam de alguma forma referência a folhas, como o trevo de quatro folhas, chás orientais, pizzaiolos e perfumes.
Evolução
A evolução da Santa Bárbara foi muito errática. Havia clara dificuldade de manter os componentes da linha de frente das alas alinhados. Não houve invasão de alas graças a grande presença de destaques entre elementos e a própria falta de compactação, com muitas alas demonstrando faltar componentes para dar mais volume. O ritmo de desfile também não foi bom, com a escola correndo e parando em diferentes momentos. A agremiação fechou os portões aos 48 minutos levando o quesito como mais um elemento a se preocupar na apuração.
Samba-Enredo
O samba segue a mesma linha do enredo, que tem dificuldades de contar a proposta e apela para muitas expressões clichês. O desempenho na pista, porém, foi um destaque positivo graças a grande atuação da intérprete Elci Souza, uma das grandes revelações do carnaval paulistano nos últimos anos. O andamento da obra foi corrigido em relação ao ensaio técnico, e funcionou melhor na Avenida dentro do quesito em si.
Fantasias
As fantasias conseguiram se encaixar dentro dos versos do samba com facilidade, e apesar do acabamento simples no geral, permitiu aos componentes evoluírem sem dificuldades. A grande presença de destaques na pista com belas fantasias deu a sensação de que suas roupas receberam mais atenção do que a dos demais componentes. A ala dos perfumes, por exemplo, continha elementos nos ombros posicionados de forma diferente em algumas peças se comparado a maior parte da ala, sendo que essa não parecia ser a proposta do segmento.
Alegorias
A Santa Bárbara apelou para o volume das alegorias para impactar na Avenida, mas o que se viu foram carros com acabamento muito simples. O abre-alas possuía arcos com folhas que invadiam o espaço de circulação dos corredores laterais. A parte frontal da alegoria apresentou falhas na iluminação, que se apagou durante a passagem da escola, mas voltou a acender ao se aproximar do quarto módulo. O segundo carro, também muito simples apesar do volume, foi de difícil leitura e teve pouca identificação com o próprio enredo em si.
Outros destaques
Os destaques de chão que a Santa Bárbara trouxe chamaram atenção, interagindo com o público e demonstrando simpatia. Cleyton Sorrilha, que é rei da bateria, um elemento raro de se ver nas escolas de samba, deu show de irreverência e embalou a apresentação da bateria “Ritmo Tempestade”.