A Imperatriz Leopoldinense realizou seu último ensaio de quadra na sexta-feira, dia 16 de dezembro. Antes mesmo do evento, mestre Lolo recebeu alunos da oficina de percussão, na tentativa de formar mais ritmistas quem sabe até o próximo desfile, fato que dignifica o potencial de celeiro musical de uma agremiação. Inclusive, em papo com o mestre após o ensaio, foi informado que um total de oito ritmistas serão aproveitados no ritmo da Imperatriz, após bom desempenho na escolinha de percussão. O público, que compareceu em bom número, entoou sambas antigos da agremiação, antes do samba-enredo oficial para o Carnaval 2023 começar a ser cantado a plenos pulmões pela comunidade da escola de Ramos.
No último desfile, a “Swing da Leopoldina” garantiu praticamente uma façanha, tirar todas as notas máximas (cinco notas 10) no quesito bateria abrindo os desfiles do Grupo Especial do carnaval carioca. Mestre Lolo diz que o resultado é fruto de muito trabalho e insistência, de estar sempre na busca por passar na frente do júri de forma perfeita. Ele ainda afirma que foi profundamente gratificante receber elogio de dois julgadores, constatando o exímio trabalho de criatividade e concepção, envolvendo os arranjos musicais do último carnaval. Criar convenções costuma ser um desafio que faz Lolo e sua diretoria de bateria quebrar a cabeça, no intuito de produzir uma musicalidade fluída, sem ferir a melodia do samba. Portanto, o tom elogioso vindo de um julgamento técnico além de felicidade, carrega consigo a sensação de dever cumprido.
A bateria da Imperatriz Leopoldinense pretende levar um total de quatro paradinhas para a avenida. Por mais que a concepção musical das convenções seja complexa e densa, a sonoridade produzida é marcada pela fluência. Para garantir a plena integração cultural e musical com o enredo proposto, mestre Lolo fará bossas que envolvem tanto o ritmo do Xaxado, quanto o do Xote, além de planejar utilizar quatro zabumbas e quatro triângulos no desfile oficial. Uma autêntica marca de mestre Lolo é o requinte musical na elaboração das paradinhas, sem contar a rufada de caixas após o samba cair para a segunda. Foi possível perceber que outros traços musicais nordestinos estão inseridos de forma sutil dentro do ritmo leopoldinense. Como é o caso do belo desenho dos surdos de terceira nos versos iniciais do refrão do meio.
Uma característica da bateria da Imperatriz Leopoldinense são as marcações pesadas, com afinações relativamente mais graves dos surdos. Sem contar uma batida de caixas de guerra consistente, aliada a uma ala de tamborins que se destaca por desenhos rítmicos chapados, que costumam pontuar a melodia do samba se aproveitando das nuances. Mestre Lolo afirma que, antes mesmo do início dos ensaios, existe uma separação da bateria da Imperatriz por naipes, fazendo com que os toques evoluam individualmente e coletivamente. Isso acaba impactando no desenvolvimento rítmico no que tange a educação musical, além de coesão e sincronia.
Mestre Lolo garante que a musicalidade da Imperatriz Leopoldinense ganhará ainda mais destaque com o talentoso e promissor intérprete oficial, Pitty de Menezes. Segundo Lolo, com a integração rápida de alguém que já casou sua voz com a bateria da Imperatriz, é possível dizer que o cantor estreante é uma das caras e identidades que personificam uma gestão que tem investido pesado em profissionais altamente gabaritados. Cabe ressaltar que a mesma diretoria também tem se mostrado preocupada em fortalecer os vínculos comunitários com toda a região do entorno. A prova disso é a rainha de bateria, Maria Mariá, que esteve presente no primeiro ensaio de quadra após sua coroação.
Depois de brilhar na frente dos ritmistas da “Swing da Leopoldina”, permaneceu cantando e dançando na roda de samba após a bateria da Imperatriz Leopoldinense encerrar seus trabalhos da noite. Fortalecer os segmentos que brigam por notas é importante num carnaval cada vez mais competitivo. Mas manter a chama de uma comunidade acesa, com ela próxima e de maneira atuante dentro da escola é, indubitavelmente, o bem mais precioso que uma agremiação pode usar a seu favor.