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Samba venceu! Espetáculo ‘O Som do Morro’ retrata a vida de Patrick Carvalho

Contando a vida do coreógrafo através das diferentes formas do ritmo, espetáculo que estreou na última quinta, no SESC Copacabana

Na última quinta-feira, estreou no SESC Copacabana o espetáculo “O Som do Morro”, idealizado e produzido por Patrick Carvalho. A peça conta a história do coreógrafo, através dos ritmos e danças, que são populares nos morros cariocas, tendo como grande destaque o samba em diversas das suas formas, sendo exaltado, e chegando a coroação do artista como um dos grandes nomes do carnaval carioca.

Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

“O Som do Morro” começa com o jovem Patrick escutando o mundo ao seu redor, literalmente os sons mais comuns que temos nas comunidades cariocas, como vendedores, pregadores, crianças, sirenes, e por fim os tiros, que assustam mas não param o jovem Patrick em buscar seus sonhos, que encontra na música e no ritmo as formas de esperançar pelo seu futuro. O primeiro segmento se conclui, então, com os bailarinos como o samba raiz, que vem da alma e do chão de terra batida.

Em seguida, a parte espiritual entra em cena, pedindo licença às almas, aos orixás e outras entidades, que acolhem o jovem Patrick, em meio a escuridão, numa parte em que a dança traz também um jogo de luzes vermelhas e depois brancas, num sinal em que elas indicam ao futuro coreógrafo o caminho a ser seguido.

Os malandros então entram em cena, representando um samba mais riscado com ritmos de gafieira, representando também os que levam uma vida mais marginalizada e até criminosa em várias comunidades, terminando o ato com o som da sirene da polícia e a fuga dos malandros. Em seguida, o funk e sua mistura com o samba tomam conta do palco, com cores neon e os bailes.

Depois o espetáculo volta ao samba como instrumento de sonho de uma vida melhor para várias pessoas, como a janela que levam elas a serem enxergadas pelo mundo e a enxergar novos horizontes. Em seguida, vem um seguimento exaltando o samba de partido-alto com um único bailarino e clássicos do gênero.

Já encaminhando para o final, Patrick aparece como coreógrafo, e tem início uma sequência em homenagem às escolas de samba, com Patrick ganhando seus prêmios pelo trabalho realizado nas comissões de frente, tendo como destaque a histórica comissão do Tuiuti em 2018. Por fim, há o encerramento com uma homenagem ao samba como um todo, e o reconhecimento do que Patrick conquistou através dele.

Ao fim, os agradecimentos foram liderados por Bruna dos Santos, primeira princesa do Carnaval carioca em 2024, e destaque no segmento final na parte em homenagem à Mangueira. Ela agradeceu a Patrick, que não pode estar presente por compromissos profissionais assumidos bem anteriormente, em Nova Iorque, agradecendo a perseverança e a força de Patrick, ressaltando a importância deste trabalho para todos os envolvidos, em especial os bailarinos, que também são oriundos de diversas comunidades. Também houve um agradecimento especial a Carlinhos de Jesus, presente na plateia.

Ao fim do show, houve uma roda de conversa, onde diversas das personalidades presentes puderam comentar um pouco sobre a montagem do espetáculo, o que mais gostaram, o que os emocionou no retrato da trajetória de Patrick Carvalho. Nomes como Fábio Batista, que falou um pouco sobre os enredos afro, ressaltando que o carnaval é afro na essência da festa, Lorena Raíssa, que reverenciou Patrick como seu mestre, e Carmem Luz, que comentou sobre a beleza do espetáculo. Aldione Senna, Carlinhos de Jesus e Luma de Oliveira deram breves depoimentos em referência ao trabalho realizado na montagem e na história contada.

Também presentes na plateia, os pais de Patrick deram um breve depoimento sobre a vida do filho, e especialmente o quanto se orgulham e admiram pelo trabalho realizado por ele na vida de tantas pessoas, e pelo carinho e a educação que ele levou de berço, além da resiliência e persistência que ele possui.

Tavinho Leandro, dançarino de 19 anos, que fez Patrick no espetáculo, falou com o CARNAVALESCO após a apresentação, e sublinhou o quanto se sentiu honrado em representar o coreógrafo, além de ressaltar as barreiras que são derrubadas ao se deixar levar pela dança:

“A emoção é muito grande porque eu tenho uma conexão com o Patrick, que eu me encontro muito na história dele: De ser oriundo de comunidade, ver um garoto sonhador, escutar o som do morro todos os dias, e estar sempre sonhando, sendo que com muitas barreiras, mas a gente mesmo assim batendo, derrubando. E eu sou de São Gonçalo. Então, só de sair de São Gonçalo e ir para o Cantagalo ensaiar para estar mostrando esse espetáculo para essa galera hoje já é uma barreira muito grande a se quebrar. Com os ensaios semanais de cinco dias, de cinco horas de ensaio, então é complicado. Mas é o que eu tinha dito, quando a gente faz por amor, esquece. Alcança lugares que nem a gente imagina”.

Tavinho continuou comentando sobre momentos marcantes que ele pode trazer ao palco na pele de Patrick:

“Pra mim foi muito marcante essa parte do funk, até o crescimento dele. Porque eu vim do funk, até antes mesmo de dançar samba, eu dançava funk, porém eu parei, foquei em outras coisas, depois voltei ao estudo, mas é o que eu tinha dito, eu me encontro muito na história dele de ser um garoto comunidade, então a comunidade é isso, samba, funk, então eu me encontrei muito nessa interpretação. E também o final, que é onde ele abre o livro dele com a comissão. O sucesso dele, e é onde eu sonho chegar também”.

Por fim, ele contou o que mais cativou ele em relação a todo o universo do samba nesta noite extremamente especial foram as presenças dos diversos nomes que prestigiaram a estreia do espetáculo:

“Gente de extrema importância me parabenizando, isso daí para mim foi surreal, porque às vezes você está fazendo uma parada que nem você acredita que chega, que vai alcançar essa proporção, sabe? E vem a Aldione, a Thay Rodrigues, o Fábio Batista, o Carlinhos de Jesus, e, eu sou muito fã do Carlinhos. Cresci acompanhando muito ele, na Portela, em várias outras escolas, ele na dança de salão. Então, há pessoas que eu, pequeno, vendo na telinha do meu celular como referência, e hoje estar aqui me parabenizando, tirando foto comigo, isso daí pra mim, é muito marcante”.

Por fim, Tavinho fez um convite a todos aqueles que desejam ainda ver o espetáculo, e para todos aqueles que ficaram sabendo recentemente: “Como diz o mestre Patrick, vem porque eu prometo te fazer feliz”.

“O Som do Morro” fica em cartaz no SESC Copacabana nesta sexta-feira, dia 03 de maio às 19h, e no domingo, dia 05 de maio em duas sessões, 18h e 20h.

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