O intérprete da Mocidade Independente, Zé Paulo Sierra, é o primeiro convidado do Resenha CARNAVALESCO. No programa de estreia da temporada, o cantor falou sobre a chegada na estrela-guia de Padre Miguel e relatou que a sua relação com a escola teve início muito antes disso.
“Já era um namoro antigo. Fui campeão lá da disputa de samba-enredo para o Carnaval de 2017. Aliás, logo após o ‘Alabê de Jerusalém’, eu quase fui para Mocidade. No entanto, na época, decidi continuar na Viradouro. O Gustavo Clarão, que era o presidente da escola, pediu para eu ficar, disse que eu seria o novo Dominguinhos do Estácio, que eu permaneceria por um tempão no comando do carro de som, e era o que queria realmente, mesmo com todas as dificuldades. Não me arrependo dessa minha decisão, pois as coisas acontecem quando de fato é para ser. Esse meu encontro agora com a Mocidade foi bom para todos os lados. A escola estava precisando respirar uma coisa nova e eu também”, declarou o cantor.
Após nove carnavais como voz oficial da Unidos do Viradouro, a saída de Zé Paulo foi anunciada no começo de março deste ano. O intérprete deixou a vermelha e branca de Niterói após o vice-campeonato de 2023 e por pouco não superou o recorde de Dominguinhos do Estácio, que por onze desfiles foi o responsável por defender o microfone principal da agremiação.
No bate-papo, Zé Paulo falou sobre o fim desse ciclo. Ele comentou os décimos descontados no quesito harmonia no último Carnaval, que foram atribuídos a supostas falhas do carro de som.
“Na quarta-feira de Cinzas eu fiquei muito triste, porque foi no meu quesito que a gente perdeu o Carnaval. Se tivéssemos a pontuação que a Beija-Flor teve em harmonia, a Viradouro era campeã. E quando veio a justificativa, para mim, não ficou conclusivo o que aconteceu. Falaram em desencontro, mas aonde foi? Falaram em falta de afinação, mas isso ocorreu em que momento? Como é possível ter dois jurados em uma cabine, um dar nota 10 e o outro 9,9?”, indagou Zé Paulo.
Ainda sobre o atual modelo de julgamento dos desfiles, o intérprete assegurou que é necessário uma reformulação. “Virou um julgamento musical o quesito harmonia e, sendo assim, não pode ter ‘eu acho’ na justificativa. Música não tem ‘eu acho’. É ou não é. Se querem seguir esse caminho, tem que ser técnico. Não pode dizer que desafinou, desencontrou, que está fora de tom baseado apenas em achismo”, pontuou.
“Se eu corro o risco de acabar perdendo o emprego por causa de mau julgamento, de uma avaliação ruim, os jurados também têm que ser cobrados caso errem. Isso precisa ser bem equilibrado”, completou o intérprete.
A temporada do Resenha CARNAVALESCO irá até o Carnaval de 2024, com episódios semanais no YouTube.