Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins
O Vai-Vai fez na noite do último sábado o seu primeiro ensaio técnico, sendo a primeira escola do Grupo Especial a entrar na pista dentro desta temporada de treinos, que irá até a metade de fevereiro. Dá para elencar três destaques no treino do Bixiga, mas o principal deles fica com a comissão de frente, comandada por Sérgio Cardoso, que está fazendo o seu primeiro ano na agremiação. A ala mostrou um tripé gigante simbolizando o Teatro Oficina, com encenações teatrais que passam puramente a sensação de Zé Celso. Os outros dois destaques ficam com a ala musical liderada pelo Luiz Felipe e a harmonia da escola. O Vai-Vai irá fechar o sábado de carnaval com o enredo “O Xamã Devorado y A Deglutição Bacante de Quem Ousou Sonhar Desordem”, assinado pelo carnavalesco Sidnei França.
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‘’O primeiro ensaio foi positivo para nós. Conseguimos executar a estratégia que elaboramos antes, que era vir com a escola bem compactada. Esse era o ponto que a gente queria trabalhar hoje especificamente. Para mim a avaliação do primeiro ensaio foi muito positiva’’, analisou o diretor geral, Luiz Robles.
Comissão de frente
A ala liderada pelo estreante Sérgio Cardoso foi o grande destaque da escola. Os integrantes faziam encenações em um gigante tripé que representava o Teatro Oficina, principal palco das obras de Zé Celso. Eles desciam e subiam a todo instante, abrindo portas e mostrando algo realmente teatral. Personagens vinham com taças de vinho na mão e jogavam para cima. Havia um personagem que representava o próprio Zé Celso e outro a entidade Exú, pois o artista se denominava o ‘Exú das artes’. Muito teatro e muito Zé para uma abertura ousada de desfile. Todos com rostos pintados também deram um tom a mais para a ala.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Renatinho e Fabíola, realizou um ensaio seguro. A dupla optou por fazer os movimentos padrões do quesito, mas uma coreografia dentro do samba-enredo de 2025 mais acentuada não foi vista. Deu para perceber que eles estavam colaborando com a evolução da escola e, talvez, no próximo ensaio essa dança com o Zé Celso seja vista. Há de se falar de como eles se entendem e se completam. Ambos tem aquela raça do vaivaiense e fazem questão de demonstrar isso no semblante e na apresentação do pavilhão para os jurados.
Harmonia
A potência da comunidade se fez presente na pista neste ensaio. O samba forte e de fácil entendimento para o canto. É uma obra que sempre explode melodicamente para cima, principalmente nos últimos versos em que se canta: “Volta Zé… Ao som da minha batucada/Assina a direção dessa folia popular/Quilombo Saracura… Evoé! Saravá!” – e depois dessa parte já emenda com o refrão chiclete. Entretanto, dentro da harmonia, há um destaque negativo: por ser um ensaio sem caixas de som espalhadas pelo Anhembi, sempre há aquela ‘embolada’ entre as alas na hora das paradinhas da bateria.
Evolução
Neste treino se viu uma evolução mais tranquila da escola. Em alguns ensaios ou desfiles nos últimos anos, é um quesito que o Vai-Vai tem certa dificuldade pelo contingente que é colocado na pista, mas aparentemente a Saracura irá para o desfile oficial mais estratégica e com menos componentes de alas do que o habitual. Sendo assim, viu-se componentes soltos e alegres. Ainda dentro do quesito, há de se destacar uma bela ala coreografada que desfilaram no começo da escola, atrás da ala das baianas. Os componentes dançaram e cantaram forte o samba-enredo.
De acordo com Luiz Robles, ainda há aspectos a se melhorar na evolução da escola. ‘’Sempre tem algo para melhorar. Algumas coreografias de alas, uns espaçamentos que notamos que pode ser prejudicial no desfile e elevar sempre mais e buscar mais canto escola, que esses são os pontos que a gente vai buscar para o próximo ensaio”, disse.
Samba-enredo
Como dito acima, no tópico do quesito harmonia, o samba do Vai-Vai tem um refrão chiclete e versos e estrofes que são para cima o tempo todo. A comunidade abraçou e está cantando forte. A letra é incisiva, explica muito bem o que é o Zé Celso e tem dado certo principalmente para a comissão de frente.
É impressionante a ala musical do Vai-Vai, que conta com grandes apoios e músicos como Thiago de Xangô e Karina Salles. E claro, o grande destaque é a evolução do intérprete Luiz Felipe. O cantor está brincando com o samba, fazendo os cacos perfeitamente e a voz está cada vez mais potente na sustentação da obra. Grande atuação do músico neste treino.
Outros destaques
A bateria “Pegada de Macaco” tem mudado o seu estilo nos últimos anos e para 2025 não está sendo diferente. Sob regência dos mestres Tadeu e Beto, a batucada da escola entrou naquele andamento ‘insano’ de sempre, mas está realizando cada vez mais arranjos, principalmente, no refrão principal.
“Precisamos atingir o ótimo. A bateria do Vai-Vai é uma das baterias mais tradicional do Brasil e nós precisamos cumprir o critério, tem o critério de 16 compassos e precisamos fazer para alcançar o 10. Tivemos alguns problemas no naipe de surdo de primeira só e as caixas também teve alguma coisa, mas nada assim que me assuste, foi um ensaio bom, em breve devemos arrumar as coisas para atingir o ótimo’, disse mestre Tadeu.
Madu Fraga vem para o seu segundo ano como rainha de bateria da “Pegada de Macaco”. É uma mulher que tem encantado cada vez mais por seu samba no pé e pelo que representa dentro de sua escola e no carnaval.
Colaboraram Naomi Prado, Nabor Dalvagnini, Lucas Sampaio e Will Ferreira
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