Última escola de samba a desfilar na noite de sexta-feira, a X-9 Paulistana apresentou problemas que podem ameaçar a permanência no Grupo Especial. No começo do desfile, a agremiação adotou um andar lento, e no momento final precisou correr pra fechar os portões com tempo confortável. A segunda alegoria estava com o eixo quebrado e prendeu a escola ainda mais na avenida. A falta de acabamento nos detalhes das alegorias e esculturas com pequenos defeitos podem prejudicar também. Mesmo com o susto, a X-9 Paulistana fechou os portões com 63 minutos.
A X-9 entrou na avenida ainda com a chuva que encerrou o desfile da escola anterior. Pelo atraso, ela entrou na avenida com muita claridade e sambódromo com poucas pessoas.
Comissão de frente
O primeiro quesito da agremiação xisnoveana apresentou uma história inspirada num itàn afro-diaspórico, nomeada como: “Quando os Ibejis enganaram Iku”. A escola utiliza uma narrativa pra contar a histórias dos gêmeos Táíò e Kéhìdé. A coreografia usou duas passagens do samba. A comissão trouxe pra avenida uma encenação com leitura imediata, que não exigiu um conhecimento profundo do enredo pra entender a narrativa. Por não conter muitas informações ao mesmo tempo, a coreografia foca em uma trama única, o que fideliza o espectador para a mensagem que deseja.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O primeiro casal, Marcos Eduardo e Beatriz Teixeira, dançou com passos simples, cortejo devido, pausas de cada passo e jogo de pernas do Marcos. O mestre-sala, no entanto, não economizou na simpatia, principalmente durante os movimentos, horário e anti-horário.
É importante lembrar que, a porta-bandeira oficial Lyssandra Gooters, quebrou o pé durante o primeiro ensaio técnico e não pôde desfilar. Ela veio na última alegoria, de cadeira de rodas, junto à velha-guarda.
Harmonia
O quesito não foi bem aproveitado pela escola. Alguns integrantes não cantavam, e os que tinham a maior intimidade, perdiam a intensidade com o passar do trajeto. A ala 15 (Catopês), por exemplo, trouxe o maior número de componentes que transmitiam empolgação. O trecho “Sou o contador e conto a dor de um peregrino” tem um tom baixo, que na avenida, acabou prejudicando o volume para percepção do samba vinda das alas.
Já o segundo refrão tem uma melodia que quebra a estrofe e é pausada, e nesse mesmo trecho em que a escola tinha picos de animação. Por ter um melisma, o trecho oferece um descanso natural.
Enredo
O tema apresentado foi desenvolvido como uma grande homenagem as diferentes batucadas do Brasil, tanto em manifestações culturais quanto religiosas. Porém, a agremiação conta a história através de uma narrativa autoral, onde os ibejis enganam a morte.
Após passar pelo começo da história citado acima, o desfile abordou o batuque miscigenado, ou seja, a mistura dos batuques do indígena, com o branco, negro e europeu. Segundo a escola, tal junção resultou no batuque brasileiro.
Setor seguinte abordou a festa do Divino de Pirenópolis e a tradicional “Batuques da alvorada”. Já no terceiro, o trecho homenageou o nordeste e o maracatu. No quarto, a X-9 já retratou as batucadas do sudeste, mais especificamente as cariocas. A escola encerra o enredo com as batucadas do estado de São Paulo.
Evolução
A evolução da escola foi um grande problema no desfile. O começo do carnaval foi bem lento, o que afetou o domínio do cronograma da agremiação. A proposta pode ter sido adotada pela alegoria com o eixo quebrado no segundo setor. Logo após cruzar a faixa final, a X9 acelerou demais o passo, e muitos buracos foram ocasionados. Exemplo da saída da bateria do recuo, que teve um grande buraco entre a ala da frente.
Samba-Enredo
O samba da X-9 Paulistana atendeu o item fidelidade ao enredo exigido no regulamento, principalmente por apresentar uma obra descritiva. A riqueza dos versos e palavras usadas também destacam a fuga do “padrão”. O time de cantores realizou um desfile……….. A cantora Nayah, que também realizou a introdução do samba, deu um efeito maior ao samba, principalmente nas aberturas de vozes.
Fantasias
As fantasias da X9 apresentaram grandiosidade, principalmente dos costeiros. As divisões de cores também contribuíram para um visual harmônico. Para o componente, alguns adereços afetaram um possível desempenho mais empolgado. Assim como a divisão dos setores, as fantasias também foram de fácil identificação para quem tinha conhecimento da proposta do tema.
Alegorias
O abre-alas da agremiação, nomeado como “Miscigenação”, utilizou duas cores na composição. O laranja na parte inferior, e o verde no superior. No letreiro, a letra “X” do nome foi feita pelos braços cruzados de uma escultura de índio. Tal elemento algumas falhas de acabamentos. Uma das três esculturas da cabeça da lateral apresentou um pequeno defeito no nariz. Na parte superior, viu-se uma movimentação em círculos.
A segunda alegoria “Festa do divino” foi a que mais causou dores de cabeças aos dirigentes. Isso porque a parte da frente da alegoria estava com o eixo quebrado, ou seja, ela caia pra esquerda e as pessoas concertavam com a força. A alegoria seguinte “Maracatu” utilizou a cor laranja como predominante na alegoria. No mesmo elemento foi observado um número grande de esculturas repetidas, que no caso era dos tambores do ritmo abordado. A quarta alegoria, “Batucadas Cariocas”, trouxe o clima boêmio do Rio de Janeiro e finalizou com “Coroação do Rei dos Reis”.