InícioGrupo EspecialVozes da Avenida: Bloco dos Puxadores celebra carnaval e luta por reconhecimento

Vozes da Avenida: Bloco dos Puxadores celebra carnaval e luta por reconhecimento

Iniciativa inédita reúne intérpretes em prol de direitos e valorização profissional, resgatando tradição e apoio a veteranos do samba

No último domingo, puxadores das escolas de samba promoveram um vibrante grito de carnaval em frente ao Bar Vizinhando Mané, situado na Rua Boulevard 28 de Setembro, no Rio de Janeiro. O encontro marcou o lançamento do Bloco dos Puxadores, iniciativa que surgiu de uma associação criada para apoiar cantores de Carnaval próximos ao fim de suas carreiras.

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Fotos: Juliana Henrik/CARNAVALESCO

Serginho do Porto explicou a origem do projeto: “O bloco nasceu da união dos intérpretes. Decidimos criar essa oportunidade para todos os cantores, pois a iniciativa é fundamental. Mesmo parando de cantar, queremos manter viva essa paixão enquanto Deus permitir”.

Wantuir, um dos idealizadores, destacou a luta por direitos: “Trabalhamos duro para isso. É essencial termos um bloco próprio, assim como artistas consagrados têm. Eles celebram sucessos que nós gravamos. Queremos reconhecimento! O bloco terá dez ritmistas de cada escola do Grupo Especial e a presença de quase todos os cantores. Agradeço à Liga das Escolas e ao presidente da Liga RJ pelo apoio”.

Tinga emocionou-se ao falar do propósito social: “Criar isso com amigos é uma alegria, mas também um alerta. Muitos colegas partiram sem recursos até para o funeral. Queremos mudar essa realidade, não só no Rio, mas em todo o Brasil. A associação existe para transformar vidas”.

Marquinho Art Samba reforçou a urgência da causa: “O projeto demorou três anos para sair. Já vimos intérpretes morrerem sem apoio, mesmo após contribuírem tanto para nossa cultura. Lutamos para que ninguém mais passe por isso”.

O bloco oficial desfilará em 9 de março, a partir das 9h, com abadás a R$ 40 para custear a associação. O evento contou com a presença ilustre de Neguinho da Beija-Flor, que celebra 50 anos de carreira e se aposentará da Avenida no Carnaval de 2025. Ao perguntarmos sobre esse momento de despedida, ele respondeu: “Não poderia deixar de estar aqui. É a primeira vez que o bloco dos puxadores sai. Espero que a nossa iniciativa prosperar. A galera está toda presente. Em relação à minha despedida, meu coração agora está tranquilo. Já amadureci a ideia. No começo foi desafiador, mas já cheguei a conclusão de que essa é a minha decisão e estou mais calmo”.

Com a aproximação da despedida dos desfiles, Marquinho Art Samba expressou sua tristeza pela saída do amigo Neguinho: “É muito triste ver meu amigo se despedindo. Especialmente, porque sou de Mesquita, cidade vizinha de Nilópolis. Sempre o vi cantando no antigo Santa Rita e sonhei em ser como ele. Hoje, ao saber que ele vai parar, é uma grande tristeza. Contudo, acredito que ele ainda vai cantar um pouco mais, quem sabe depois do carnaval”.

Wantuir também comentou sobre sua admiração por Neguinho e sua aposentadoria, que considera precoce: “É evidente que ele ainda tem muito a oferecer. Mas respeitamos sua decisão. Será uma grande falta para nós, pois ele é nosso maior ídolo e um exemplo a ser seguido. No entanto, Neguinho nunca para. Ele estará na avenida, assistindo às escolas de samba, pois agora está morando na Europa”.

O público presente entendeu a importância do evento: a valorização dos profissionais do samba. Tânia, uma moradora de Jacarepaguá, disse: “A importância do bloco dos puxadores reside na valorização desses profissionais, cujos esforços frequentemente passam despercebidos. É um momento de reconhecer seu trabalho e resgatar sambas antigos. Estou achando maravilhoso”.

Nathalia, outra participante, comentou que o bloco não apenas ajuda a divulgar o trabalho dos puxadores, mas também proporciona a esperança de futuro reconhecimento. “Eles merecem reconhecimento, e o bloco pode não apenas promover seus trabalhos, mas também oferecer uma renda que lhes proporcione mais tranquilidade financeira. Além disso, resgatam sambas que amamos, e percebo que as famílias dos puxadores estão juntas, o que ajuda a preservar essa tradição”.

Max, morador do Riachuelo, acredita que o bloco vai além de uma simples festa. “O bloco dos puxadores é importante para dar visibilidade aos cantores, em um cenário onde muitos profissionais ainda enfrentam desvalorização e vulnerabilidades em termos de direitos sociais. Precisamos desses momentos de visibilidade para que eles possam conquistar mais autonomia”, finalizou Max Junior, de 24 anos.

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