Por Luiz Gustavo e Matheus Morais
A parceria dos compositores Gaia da Cuíca, Marcelo Vieira, Ricardo Ferreira, Sampaio Imóveis, Victor Gimenes e Yuri Branco foi a grande vencedora da final de samba-enredo do Arranco do Engenho de Dentro para o Carnaval 2026. O resultado saiu após às 5h deste sábado. A obra vai embalar o desfile da agremiação com o enredo “A Gargalhada é o Xamego da Vida!”, desenvolvido pela carnavalesca Annik Salmon. O Arranco será a terceira escola a desfilar no sábado de carnaval, dia 14 de fevereiro de 2026, pela Série Ouro da Liga-RJ. * OUÇA AQUI O SAMBA DE 2026
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“A ficha ainda não caiu. A gente está realmente muito feliz, já fomos finalistas, já perdemos, soubemos perder, e agora vencemos, e todo mundo realmente gostou muito, o feedback foi muito positivo. Agora é curtir essa conquista, fazer esse samba realmente crescer, primeiro dentro da escola e depois pra arrebentar na Sapucaí também”, disse o compositor Gaia da Cuíca.
Com lágrimas nos olhos, o compositor Ricardo Ferreira comemorou sua primeira vitória como compositor na Marquês de Sapucaí, que também marca sua despedida das disputas de samba. “É a primeira vez que eu ganhei um samba na Sapucaí. Estou me despedindo como compositor, é a última dança. Estar nesse samba, nesse enredo, com a presidente Tati e com a Annik, é uma honra enorme. Agradeço ao Arranco e à comunidade, prometo estar em todos os ensaios e eventos para levar o Arranco ao lugar que merece”, destacou.

O compositor revelou ainda qual é o trecho mais especial para ele: “Eu sempre dedico uma parte do samba para minha namorada Bárbara. Então, quando canto ‘o meu Arranco é Xamego na Avenida’, lembro dela, meu xamego da vida inteira”.
Para o compositor Victor Gimenes, a força do samba está em traduzir a garra e a resistência do povo brasileiro. “Não tenho dúvida de que meu trecho favorito é ‘não tem corda bamba que faça meu riso tombar’. O enredo não é sobre uma pessoa, mas sobre força e superação. Essa frase resume o espírito do nosso trabalho e a essência do brasileiro”, ressaltou.
O compositor Marcelo Vieira celebrou a conquista como um marco da parceria. “É uma sensação formidável. Gostamos que a escola queria o melhor para o carnaval. Fizemos o samba com muito amor e carinho, trocando muito com a Annik e com a Tati. Fomos abraçados pela agremiação e isso é maravilhoso”, disse.

O compositor destacou ainda um trecho que considera simbólico: “Com tanta liderança feminina no Arranco, não poderia faltar a parte que diz ‘história de garra, coragem e fé, de tantas Marias, de toda mulher’. É a cara do nosso samba”.
Annik Salmon: enredo nascido do circo e da vida
A carnavalesca Annik Salmon vive um momento especial na escola. Em 2025, levou o Arranco à sua melhor colocação dos últimos anos na Sapucaí, o sétimo lugar. Para 2026, aposta em um enredo que mistura emoção e alegria.
“Esse enredo estava guardado há quatro anos, desde que descobri a história do Palhaço Xamego e de sua esposa, Maria Elisa. Trabalhei em circo e sempre quis trazer esse universo. É uma mensagem de alegria e superação. Maria Elisa nasceu no mesmo dia do Arranco, o que me fez sentir que era destino”, contou.
Annik elogiou a qualidade dos sambas finalistas e destacou o que era essencial na obra escolhida: “Não podia faltar alegria e uma melodia gostosa. Como seremos a terceira escola a desfilar no sábado, precisávamos de um samba para cima”.
Tatiana Santos: ‘um carnaval inesquecível’
A presidente Tatiana Santos reforçou que o Arranco prepara um grande espetáculo para 2026. “Vamos para a Sapucaí em busca de um carnaval inesquecível, com gargalhada, alegria e força. Cada ano é um aprendizado, e 2026 será mais um passo importante para a nossa escola”, afirmou.
Tatiana destacou ainda a permanência de Annik Salmon: “É um orgulho ter a Annik conosco. Em 2025 ela fez um trabalho brilhante, e para 2026 já entregou um projeto luxuoso, emocionante e grandioso. Ela já escreveu o nome dela dentro do Arranco”.
Laisa: bateria com identidade e ousadia
À frente da “Bateria Sensação”, a mestra Laisa aposta no entrosamento e na identidade comunitária. “Em 2025 mantivemos a base da casa e fortalecemos nossa escolinha, que já tem 171 alunos. Hoje, 80% da bateria vem dessa formação. O enredo pede alegria, pede xaxado, pede circo. As bossas virão depois, em cima do samba escolhido, mas já temos algumas batidas que remetem ao universo circense”, adiantou.
Laisa também revelou um destaque para 2026: “O meu xodó sempre será o tamborim, mas também quero valorizar o agogô, que sempre me acompanhou em outros trabalhos”.
Diretores de carnaval: foco na leveza e no crescimento

Cosme Márcio avaliou o último desfile como positivo e projetou evolução: “O Arranco passou leve, alegre e brincante em 2025. Para 2026, queremos manter a alegria e ampliar a presença da comunidade, visando um desfile com até 2.200 componentes”.
Já Múcio Travassos celebrou a mudança para a Cidade do Samba 2: “Teremos mais estrutura para desenvolver o carnaval. O enredo é diferente, leve, e vai surpreender. Os componentes estão muito animados e isso faz toda a diferença”.

Dupla de intérpretes: vozes que se completam
A estreia de Rodrigo Tinoco ao lado de Pâmela Falcão no carro de som promete ser um dos pontos altos do desfile. “Recebi o convite da presidente em um momento de transição da escola e fiquei muito feliz. Formamos uma dupla com muita garra e amor”, disse Tinoco.
Pâmela destacou a complementaridade das vozes: “Eu tenho um estilo mais reto, enquanto o Tinoco é mais melodioso. São diferenças que se casam perfeitamente. Além disso, o trabalho com a Laisa e a bateria está sendo muito integrado”.
Diego Falcão e Denadir: reencontro de força e tradição
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego Falcão e Denadir, retoma uma parceria iniciada em 2011. “Já dançamos juntos na Porto da Pedra, temos muito entrosamento. A Denadir tem uma força que combina com a minha dança. Isso é meio caminho andado”, afirmou Diego.
Denadir comemorou o convite: “Foi uma surpresa maravilhosa voltar a dançar com o Diego. Somos muito amigos e temos um estilo de dança forte, tradicional e entrosado. Minha fantasia para 2026 está linda e combina comigo. Agora, com o samba definido, vamos intensificar os ensaios”.
Como foram as parcerias na final
Parceria de Gaia da Cuíca: A parceria de Gaia da Cuíca, Marcelo Vieira, Ricardo Ferreira, Sampaio Imóveis, Victor Gimenes e Yuri Branco abriu a final com Clara Vidal e Digão comandando o samba. O refrão de cabeça “Dou gargalhada feliz da vida, o meu Arranco é xamego na avenida, história de garra, coragem e fé, de tantas Marias, uma mulher” teve excelente rendimento e esquentou a passagem da obra. O samba se mostrou leve ao tratar de um tema que também possui densidade, como nos versos “e assim, quando a dor torturar, a camélia secar, sorri, ainda que a lona desbote, a estrela não morre, sorri”. Essa leveza contribuiu para uma apresentação muito boa, que se manteve firme durante todas as passadas com os intérpretes. Nas passadas apenas com o apoio da torcida, alguns trechos apresentaram queda no canto, principalmente na primeira parte. O rendimento crescia na segunda parte, alcançando maior explosão no refrão. Quando o samba retornava para o carro de som com o acompanhamento da bateria, a performance voltava a ser mais consistente.
Parceria de Thales Nunes: Emerson Dias defendeu o samba de Thales Nunes, Daniel Guimarães, Pedro Henrique Leite, Carlinhos Professor, Rafael Zimmermann e Hugo Oliveira com sua animação habitual, puxando o samba para cima durante a apresentação. A obra foi calcada em seu refrão de cabeça: “Ouça o toque do tambor no quilombo de Espinguela, abre a roda, sobe a lona, tem xamego nessa festa, traz o sorriso mais verdadeiro, esse terreiro vai virar um picadeiro”, ponto de maior empolgação na quadra. A primeira parte, com melodia mais reta, apresentou desempenho mediano. Já a segunda parte teve rendimento superior, com destaque para os versos “e na sagrada encruzilhada ser mãe não é delírio, é felicidade”. No entanto, o samba não conseguiu sustentar o mesmo nível ao longo da apresentação e foi perdendo força. Nas passadas apenas com o canto da torcida, o rendimento foi irregular: o início teve boa resposta, mas logo caiu, mesmo com Emerson chamando os torcedores insistentemente para cantar mais forte, sem grande sucesso. No geral, foi uma apresentação de altos e baixos.
Parceria de Junior Fionda: O samba da parceria de Junior Fionda, Gabriel Sorriso, Gabriel Machado, Paulo Marrocos, Gilsinho da Vila e Alessandro Falcão teve João Vitor como intérprete principal. A torcida investiu em efeitos visuais, com sinalizadores e fogos. A apresentação contou com um refrão principal de fácil assimilação, que funcionou bastante: “Xamego, xamego ê, quero o teu sorriso franco, que remédio cura a alma? Arranco, da folia, o terreiro, alegria dos confins, a razão de todo amor que habita em mim”. O verso “xamego, xamego ê” pegou na quadra e foi o ponto mais marcante. A primeira parte apresentou rendimento firme, em trechos como “Nossa Senhora do Rosário quem nos guia, qual alforria exalando a sua força, o ventre livre que forjou minha família”. Já a segunda parte foi o ponto de irregularidade, com canto travado em alguns momentos e desempenho inferior ao restante do samba. Nas passadas sem bateria, a torcida não conseguiu sustentar o canto até o refrão de cabeça, resultando em queda acentuada. O fôlego foi recuperado apenas no retorno das passadas com os intérpretes e a bateria.